02 | New Life

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Amy Smith

06 de maio de 2021...

Chicago, Illinois, EUA.
Nove e quinze da manhã.

Se passaram uma semana. Uma semana desde que aconteceu a audiência. Minha vida vai mudar completamente a partir de hoje, e eu não estou nenhum um pouco preparada para isso. Não mesmo.

Meu pai nos comunicou que a partir de agora iríamos morar no Brooklyn, em Nova York. O que significa que Peter e eu iremos ficar a mais ou menos 12 horas de distância da mamãe agora. 12 horas só de carro, porque de ônibus é muito mais tempo. É uma distância muito longa.

Claro que eu me toquei que meu pai quer ficar o mais longe possível da minha mãe para dificultar de nós vermos ela, ele está confrontando a minha mãe atingindo o seu maior ponto fraco. No caso eu e Peter.

— Vamos logo, Amy. A viagem vai ser longa demais. — disse meu pai, me fazendo suspirar e levantar do sofá na qual eu estava deitada no colo de minha mãe. Eu não quero ir, embora seja a melhor escolha a se fazer no momento por Peter. Eu só vou aguentar tudo isso por ele.

— Está bem, estou indo. — respondo ficando frente a frente com minha mãe, que me dá um último abraço com os olhos marejados e inchados de tanto chorar. Ela passou a última semana inteira assim.

— Cuide do seu irmão e se cuide também viu, agora você não vai ter a mamãe 'pra te mimar e te acolher sempre que preciso, você terá que ser forte e lidar com tudo sozinha agora. — disse me arrancando um assentir com a cabeça, me soltando do seu abraço logo em seguida para me olhar. — Independente do quão longe vocês estejam de mim, eu estarei com você e seu irmão bem aqui no meu coração. Não se esqueça disso por favor! — disse por fim, me dando um beijo na testa e me levando até a porta de casa, onde meu pai estava já dentro do carro junto de Peter enquanto os nossos vizinhos nos olhavam com pena e dó. Nem eles estão lidando bem com isso.

Ao olhar para minha mãe pude vê-la chorando em silêncio, enquanto eu suspirava com lágrimas nos olhos e entrava no carro com o coração apertado, enquanto meu pai ligava o carro. Peter olhou para mamãe pela a última vez e sorriu, mandando um beijo no ar 'pra ela, que acenou sorrindo em meio às lágrimas para nós dois. O pequeno não faz ideia da gravidade do que está acontecendo nas nossas vidas atualmente. Ele felizmente é só uma criança pura e inocente.

Daqui em diante, eu terei uma nova vida. Uma vida difícil.

( ... )

Saio do carro de meu pai com Peter no colo, sentindo o vento gelado e frio entrar em contato com a minha pele. A noite era para estar estrelada e azul, mas ao invés disso estava nublada e bastante fria. O clima mudou completamente depois das quatro da tarde e isso me deixou bastante triste, já que o sol e o calor era a única coisa que poderia me deixar mais disposta e feliz em um dia tão ruim e triste.

Olho a hora em meu relógio de pulso e posso ver claramente o aparelho marcando "00:37" no visor, me arrancando então um suspiro pesado de dor e tristeza. Foram quase 15 horas de viagem dentro de um carro sendo distanciada de toda uma vida, de toda uma história da minha vida. De toda a minha existência.

Caminho atrás de meu pai em silêncio com Peter em meu colo, que já está a quase três horas em sono profundo e tranquilo, enquanto eu estou uma pilha de nervos. Vejo meu pai abrir a porta da minha nova casa daqui em diante e adentrar na mesma com um sorriso de alívio, enquanto eu entrava na casa com vontade de chorar e sair correndo dali de volta para os braços da minha mãe.

Mas agora é tarde demais para desistir. Eu tenho que seguir com a escolha que fiz, ela doendo ou não.

— Ah, enfim em casa! — exclamou feliz e sorridente, enquanto eu fechava a porta de casa com cuidado para não acordar Peter.

— Onde eu coloco ele? — pergunto baixo olhando para ele, vendo ele apontar para a escada que dava para um segundo andar da casa.

— Lá cima. Tem um quarto com uma porta escrito "Peter" nela, esse é o quarto dele. — disse então me fazendo caminhar em direção a escada para subir e o colocar para dormir. — O seu fica de frente para o dele. — completou de repente, me arrancando um assentir sem virar para o olhar, onde voltei a andar para o segundo andar novamente. 

Caminhei até o quarto que ele me informou e quando entrei pude ver que o quarto de Peter estava com toda a mobília completa, até mesmo com brinquedos para a idade dele. Acabei por sorrir por perceber que ao menos ao Peter ele não vai fazer nada de ruim, e nem tentar o machucar de alguma forma. Ele se importa com Peter. Ele... ama Peter, até mais do que já amou minha mãe algum dia.

Suspirei tentando afastar esses pensamentos, caminhando até a pequena cama que havia no quarto e colocando meu irmão mais novo, na qual nem pareceu perceber que estava deitado em uma cama e não no banco de um carro. O cobri com um cobertor que achei no armário de roupas, e saí de lá, ficando então frente a frente do meu mais novo quarto.

Respirei fundo e caminhei até ele com o coração pesado e triste, já esperando que ele estivesse de qualquer forma e totalmente diferente do de Peter. Afinal, meu pai nunca fez questão de nada 'pra mim, nem amor, nem atenção... nada.

Abro a porta do quarto já esperando mais uma decepção chegar, e quando abro dou de cara com o meu quarto completamente mobiliado e até mesmo com coisas que eu gosto, como livros, uma penteadeira e até mesmo uma televisão.

— Como qu-

— O quê? Achou mesmo que iria deixar de mobiliar o seu quarto só porquê sou um péssimo pai 'pra você? — disse meu pai atrás de mim, me dando um susto.

— Não é que... — suspiro pesado. — Nada não, pai. Obrigada. — agradeço de cabeça baixa, ouvindo ele caminhar para longe dali.

— De nada. Sua malas estão aqui. Vê se vai dormir porque amanhã você tem aula na escola nova as 8 horas. — respondeu andando até o 'pé da escada e parando para voltar a me olhar. — Não se atrase, a escola é bem rígida com horários. — completou então, descendo as escadas e me deixando ali sozinha.

— Está bem... — respondo baixo para mim mesma.

Escola nova amanhã. Amanhã. E quando eu acho que não dá para piorar a vida vai lá e me surpreende. Que ótimo, não é mesmo?

Eu tenho um problema sério pra socializar com pessoas novas e me acostumar com lugares diferentes, essa é a minha maior dificuldade de todas. E ir dormir sabendo que amanhã eu já irei ter que ir para uma escola nova e ver pessoas que eu nunca vi na vida, me dá um certo pavor. E dos grandes.

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