Capítulo Único

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Bright era literalmente o que podemos chamar de podre de rico. Rico de dinheiro mesmo, de moedas e de todas aquelas notas em papel. Rico de uma mansão de primeiro andar com piscina de borda infinita, roupas caras, carros importados na garagem e todas aquelas coisas capazes de fazer inveja a qualquer um. Quer dizer, o homem tinha herdado todo o patrimônio da família ainda muito jovem quando o seu avô morreu. Seus pais moravam no exterior cuidando dos próprios negócios, então deixaram tudo nas mãos dele. O ponto era que Bright sempre foi egocêntrico desde que se entendeu por gente. Na escola foi um aluno estudioso, sem sombra de dúvidas. Conseguiu entrar em uma das melhores universidades e lá estava ele, formado, dono de uma famosa agência de Publicidade e Propaganda e com uma grande herança garantindo que, mesmo que tudo desse errado, o padrão de vida não se abalaria.

Ele sempre pensou apenas em si mesmo. Na aparência, que melhorava a cada dia que passava, em como se sentia melhor sozinho do que com qualquer companhia, e nos seus divertimentos em festas sociais à noite. Definitivamente, Bright tinha um senso inflado sobre a sua própria importância, beirando ao narcisismo, e estava tudo bem para ele. Estava tudo bem acordar de mau humor e descontar no seu assistente, Mike. Estava tudo bem pedir um café em uma cafeteria chique, não gostar e reclamar em tom alto no local, envergonhando a atendente. Estava tudo bem revirar os olhos quando alguém não concordasse consigo. Estava tudo bem ser um completo babaca em forma de gente, porque sendo assim Bright se sentia superior, o maioral. Ele fazia uso de todo o poder que o dinheiro podia oferecer a ele, da pior forma possível.

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Ainda tinham poucos funcionários na agência quando Bright chegou cedinho. Não era porque ele era o chefe que tinha o direito de chegar atrasado. Queria dar o exemplo. Inacreditavelmente, Bright levava o seu trabalho a sério, sempre comandando muito bem a agência, principalmente quando fazia questão de participar dos processos seletivos e contratar as pessoas que julgava serem as mais eficientes para trabalhar no lugar. Naquela quarta-feira, Bright precisava entrevistar alguns candidatos para a vaga de redator. O último acabou se demitindo depois que Bright descartou o seu trabalho de uma semana inteira dizendo que tudo o que ele havia escrito não passava de lixo. Utilizando exatamente essa palavra.

— Bom dia, Bright.

Mike estava o tempo inteiro ao lado de Bright, mas quase ninguém sabia realmente o seu nome. Ele era mais conhecido como "o assistente do dono" ou "a sombra do chefe". Era um rapaz ainda jovem, fofo e atrapalhado demais, mas que ainda assim, conseguiu um emprego na agência como assistente do presidente. Não que o plano de Mike fosse aquele. Ele queria ficar na área de audiovisual, mas como não havia vaga para o setor, Bright o ofereceu o cargo para ser o seu braço direito. E lá estava Mike, satisfeito por ter um emprego, insatisfeito por não ser o dos seus sonhos.

— Olá, Mike. Quais são os meus compromissos de hoje?

O rapaz olhou a agenda enorme e grossa, cheia de anotações, avisos e observações. Tudo muito organizado.

— Você tem que entrevistar os candidatos pra...

— Os candidatos da vaga de redator. Você poderia fazer isso por mim?

— Eu? Não, Bright. Não tenho essa capacidade. — Bright riu como se a situação fosse engraçada. O babaca se aproveitava da timidez e do desastre do assistente. Era engraçado ver Mike assustado, vermelho e com os olhos arregalados. Aos olhos de Mike, a sala do seu chefe poderia ser considerada uma sala de tortura, como se ele estivesse dentro de um filme de terror. Até tinha sonhado uma vez com a sala toda escura e um Bright de olhos vermelhos e uma risada maléfica enquanto pedia os piores favores. O problema era que, de fato, a sala tinha um ar sombrio. Sempre estava escura. Bright não era fã da claridade e por isso nunca abria por completo as cortinas ou as janelas e sempre ficava de porta fechada, sentado na sua cadeira grande e confortável fazendo sabe-se lá o quê. Talvez vagando na internet pelo computador ou vendo o que tinha de novidade na sua conta bancária. Ou então ele realmente dava uma de chefe e resolvia trabalhar, olhando os indicadores de desempenho da agência, observando os pedidos dos clientes e supervisionando o trabalho dos funcionários. — Daqui a pouco os candidatos devem chegar. — Olhou o relógio no pulso. — Quer que eu pegue um café pra você?

O que o dinheiro não é capaz de comprarOnde histórias criam vida. Descubra agora