II

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II - Precisam de uma patrulha… De novo.

Passei em frente ao majestoso prédio da prefeitura, estacionei minha moto na garagem subterrânea de um estabelecimento ao lado, desci da mesma e prendi meu capacete em uma trava que comprei recentemente. Foi um bom investimento. Abri o bolsinho interno onde Tikki está.

— Tudo bem aí, Tikki? — Perguntei. A avermelhada me deu um sorrisinho amarelo confirmando com a cabeça.

— Só um pouco tonta… — Revelou me fazendo rir. Neguei com a cabeça e andei até a saída do estacionamento. 

Fui até um beco próximo, suspirei pegando Tikki em minha mão. Ela sorriu doce, me tranquilizando. 

— Beleza, garota! Paris precisa da gente. — Murmurei para mim mesma, Tikki voou ficando frente a frente.

— Você sabe. É só dizer "Tikki, transformar!". — Disse sorrindo. 

Ao descobrir que estava prenha, eu simplesmente abandonei uma parte de mim, a Ladybug. Porque sempre que me tornava ela, eu sempre perdia alguma coisa, fosse um passeio com os amigos, uma aula, tempo com a minha família, e até mesmo partes de mim que eu nem sabia que existiam. Ela tomava o meu tempo, e o meu ser. Então parei de ser ela, para não perder mais nada, tanto do meu casamento quanto da infância dos meus filhos. 

Eu havia prometido a mim mesma que a deixaria de lado para não ter que deixar os outros de lado. 

Suspirei derrotada, e disse as duas palavras que falei por tanto tempo.

— Tikki, transformar. 

A transformação começou, e a luz ofuscante surgiu novamente, apertei meus olhos. Senti o formigamento da cabeça aos pés, em meu rosto. Era o traje se formando em torno de mim. Quando a transformação se encerrou me olhei, meus braços, barriga, pernas. Meu traje estava diferente, não era mais só aquelas bolinhas pretas num fundo vermelho. Claro, ainda tem o padrão joaninha, mas notei as laterais, quadril e dedos pretos. Gostei mais assim. 

Peguei o ioiô que estava em minha cintura com estranheza. Faz tanto tempo… O lancei para cima, o mesmo agarrou em alguma coisa, arregalei os olhos e paralisei. Um movimento brusco e serei jogada para sei lá onde. Merda, não calculei direito.

— Tá tudo bem! — Disse para mim mesma. Porém, quem eu queria enganar?! Meu plano era entrar e sair sem ser vista, mas se eu acabar sendo lançada no meio da praça, todos vão ver e criar tempestade em copo d'água. — Respira fundo, Ladybug. 

Respirei e coloquei uma das minhas pernas na parede estreita à frente. Quando me senti segura o suficiente, puxei o fio com força. Nada. Praguejei frustrada, puxando mais forte. Senti-me sendo puxada de volta, me inclinei para trás. Sem sucesso começo a ser puxada, coloco a outra perna na parede e vou andando pela parede, cheguei ao telhado e vi meu ioiô preso na chaminé dessa mesma casa. Fui até ele, o desenrolando. 

— Ufa. — Suspirei aliviada, olhei para baixo e estavam todos me olhando. Droga. Praguejei mentalmente. Sorri amarelo e acenei. 

Um pouco desesperada lancei o ioiô num poste, dei um impulso e me lancei para dentro de uma das janelas da prefeitura. Cai elegantemente num corredor vazio, me levantei derrotada. Tá tudo dando errado!

— Oh! Ladybug?! — Uma mocinha saiu do elevador que estava ao meu lado. Fechei meus olhos e suspirei. — Que bom que a senhora chegou! A reunião já vai começar. — Ela revelou. Olhei para a baixinha e ela me indicou o elevador. 

Entramos juntas no mesmo, descemos até o andar X, onde a reunião aconteceria. Após chegarmos no andar desejado andamos silenciosamente até uma porta dupla enorme, de madeira escura. Suspirei e forcei um sorriso confiante. Ela abriu a porta para mim, sorri agradecida e entrei. Todos dirigiram o olhar para mim. Tem gente para caramba.

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