III

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III - Precisam dela... De novo. Porém, não de mim.

↳ P.O.V. Adrien Agreste.

Finalmente um pouco de paz, talvez eu esteja ficando velho, não brinquei nem mais de duas horas com as crianças e já estou totalmente acabado! Apesar de não fazer muito tempo desde que saí dessa casa, me desacostumei com o ritmo enérgico de Louis. Os quarenta tá quase aí, provavelmente é isso. Tô velho.

Levantei-me preguiçosamente do sofá, já que estou meio que ficando aqui hoje de favor tenho que pelo menos arrumar a bagunça que fiz na cozinha. Por sorte Hugo já me ajudou a limpar a sala, diferente dos outros dois sem noção que ao ficarem com sono simplesmente foram para seus respectivos quartos, não movendo nem uma palha para ajudar.

Ao passar do balcão de mármore me deparo com uma pilha enorme de louça. Umas que eu nem tinha sujado. Hmm, se eu lavasse só a minha sujeira… ela ficaria muito puta? É, com certeza. Suspirei derrotado encarando as vasilhas. Uma onda de preguiça me dominou, porém, tenho que limpar, é questão de vida ou morte! Tá, parei. Modo drama queen: off.

Pego o avental preto, e uso o elástico que está em meu pulso para prender meu cabelo. Por sorte sou especialista em lavar louça, por vários anos eu era encarregado dessa tarefa. Modéstia à parte, me orgulho de ser útil em pelo menos alguma coisa!

Em menos de vinte minutos termino de limpar a louça e a pia, e lavar o paninho, para não me encherem o saco depois. Olho orgulhoso para a minha arrumação, se fosse possível sairiam brilhinhos dessa pia! Dou um passo para trás e me apoio na bancada atrás de mim, verifico meu celular, algumas mensagens do meu pai, ignoro. Outras da Nathalie, ignoro educadamente. Várias do grupo dos ex alunos do Françoise Dupont, ignoro porque não tô com saco. Da Marinette, mas também ignoro por ora. E do grupo da escola das crianças… tá, isso não posso ignorar.

As mensagens formais informaram sobre o dia da família. Um evento que acontece todo ano na escola, tinha me esquecido disso! O evento irá acontecer no sábado, dia 15… estranho, geralmente avisam com bastante antecedência. Nesse dia as crianças visitam a escola com seus pais e irmãos — se tiverem — para todos terem um almoço agradável com brincadeiras e coisas do gênero, também tem que contribuir com fotos do tema escolhido para uma exposição. Resumindo, é uma chatice! Porém, conta presença, participação e um ponto na média, só por esse pequeno detalhe levamos muito a sério esse evento. Mas, esse ano a situação é outra.

— Ah… Não fode. — Murmurei desacreditado, apertando o celular em mãos, diante ao tema.

Juventude e romance. Em todos os anos que participamos deste festival, os temas sempre foram coisas fúteis e bem bobas, não que esse tema não seja, mas… atualmente, é um tema um pouco delicado. Para mim. Podia, sei lá, ser um tema similar ao do ano passado, meio ambiente seria muito mais educativo que essa merda!

Deixando a tristeza de lado, abro a conversa com Marinette, o que será que ela quer?

"Talvez eu volte só de madrugada.", "Pode dormir aí se quiser." Li e reli, achei estranho para caramba. Há uma semana ela não deixava eu pôr os pés nesta casa e agora ela está permitindo que eu durma aqui?!?!?!?!?!? Ela deve estar de muito bom humor, ou precisando muito de mim aqui. Notei uma terceira mensagem, curta e grossa "no sofá, embuste". É, talvez ela não esteja com tanto bom humor assim. Ri de seu jeito desnecessariamente grosso. 

Já que vou dormir aqui é melhor eu arrumar a minha caminha, certo? Deixo o avental pendurado em seu devido lugar e subo para o segundo andar. Tento ser o mais silencioso possível, passo pelo quarto de Louis, o vejo dormir com a porta escancarada. Nem preciso ver para saber que Emma está jogando, posso ouvir os palavrões daqui, e o brilho do computador por debaixo da porta, ao passar pelo quarto de Hugo ouço sua voz baixa dizendo, "desliga você" depois de um tempo de novo "é sério, desliga você". Aí, tenho risco de ficar diabético.

Melhor parar de bisbilhotar e pegar um travesseiro logo. Ando mais rápido até o quarto principal, ao abrir a porta fico estático… O quarto está impregnado com o cheiro dela, do perfume, o shampoo… o maldito hidratante que eu adoro! Puta que pariu. Balanço a cabeça afastando meus pensamentos, ou melhor, lembranças. Me sentei na ponta da cama, suspirei frustrado. Fechei minhas pálpebras com força, apertando meu cabelo próximo à raiz.

— Que merda. — Murmurei abrindo meus olhos novamente. Ao olhar para frente me deparei com a portinha secreta mal fechada.

Confuso, me aproximei lentamente. Foi aberto recentemente. Concluí ao observar melhor.

"Não sei que horas vou voltar, tudo bem se você ficar com eles? É algo realmente urgente."

As palavras de Marinette ecoam em minha mente.

"Há muita movimentação suspeita recentemente. Porém, não fazemos ideia do que seja. Será que a prefeitura está encobrindo alguma coisa?"

A fala da apresentadora do jornal da manhã voltou à tona.

"Talvez eu volte só de madrugada"

A mensagem agora está fazendo sentido.

Peguei meu celular no bolso e digitei rapidamente no aplicativo de pesquisa "Ladybug". Logo dezenas de sites aparecem, felizmente achei o que eu queria...

"Ladybug foi avistada depois de 16 anos na xx."


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