A Música

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Eu acho impressionante as melodias dos meus sonhos,

Sons que querem nascer e vir ao mundo,

Mas serão esquecidos no momento do despertar.

Os acordes que Deus não permitiu a existência

Em sequências que não podem se tornar realidade.


E pensar que a orquestra de maior esplendor

Só pode ser escutada uma única vez

No mundo idílico dos sonhos,

Que surgem das sinapses da mente.


Talvez a orquestra,

Consciente de sua irrealidade,

E das sinapses aleatórias do cérebro,

Resolveu tocar a melhor música

De todos os tempos,

Que nunca existiu,

Que nunca foi verdadeiramente tocada.


E foi tão grandioso tal esplendor,

Que o sonhador,

Arquiteto disso tudo,

Chorou ao saber que essa seria ouvida

Uma primeira...

E última vez...


E acordou ciente que o seu despertar

Significaria o fim daquele mundo

Então, correu para escrever esse poema

Que, de certa forma,

É a lembrança de algo esquecido,

Que contém as saudades de algo que nunca aconteceu.


Talvez a orquestra,

Deduzindo a inexistência de seu mundo,

Em seu Memento Mori,

Resolver romper o niilismo

E criar algo que ultrapasse as barreiras dos sonhos.

Algo que não seria perene,

Mas tocaria os ouvidos do criador,

Que chorou

Por ser o início

E o fim de tudo.


E, quando acordou,

Resolveu escrever isso aqui,

Para honrar a orquestra

Que escreveu a mais bela composição,

Que jamais existiu

E jamais foi tocada.

Assovio mágicoOnde histórias criam vida. Descubra agora