Ao levantar seu corpo cansado que acabara de nadar até a costa, Dante caminhou ainda espantado pelo local que se encontrava. O barulho da cachoeira, a brisa gélida em seu rosto pálido...
Não sabia onde estavam, mas a sensação de familiaridade preencheu o seu peito como nunca.
Bateu no bolso de trás da calça e arregalou os olhos ao sentir a presença do celular, arrancou-o de lá, mas o mesmo estava encharcado e não funcionaria nem se fosse o cara mais sortudo do mundo.
- Merda! – Resmungou atirando o aparelho na água de onde acabara de sair e então tornou a caminhar.
A praia terminou aos pés de uma colina onde teve que se esforçar um pouco para não cair em tropeços pelo caminho, até as flores dali eram diferentes do habitual. Parecia estar anoitecendo, a temperatura estava diminuindo, tudo que via eram: árvores, grama e uma enorme cachoeira não tão longe
Continuou caminhando pela grama que começou a aumentar um pouco roçando em sua canela até chegar à borda de toda aquela água que caía.
- Isso é um sonho e eu vou acordar! – Disse para si mesmo sentando numa pedra ao lado do riacho. – Claro que é um sonho, eu estava em São Francisco e agora estou na porra do jardim do Éden! – Colocou a mão na cabeça apoiando os cotovelos nas pernas para encarar o chão.
Poderia jurar ouvir barulhos, mas colocou a culpa no barulho da água caindo e na sua confusão mental, porém então um rosnar fez sua espinha arrepiar.
Levantou rapidamente sua cabeça e viu um lobo de pelo menos quatro metros de altura, com a pelagem preta e branca, olhos cinzentos quase brancos direcionados a si e uma enorme boca com os dentes a mostra rosnando nada receptivo.
Dante quase paralisou, mas em um estalo de consciência conseguiu jogar seu corpo para trás antes do enorme rabo do animal poder lhe atingir. Seu coração acelerou, a adrenalina tomou seu corpo sem dó e sabia que aquelas sensações eram reais demais para serem frutos de um sonho.
Então, o animal ergueu um par de asas de suas costas e as abanou com raiva.
- E eu achando que não podia piorar. – Murmurou para si correndo entre as árvores, apenas conseguia ouvir o som das mesmas sendo destruídas cada vez mais perto. Porém, a pata enorme do lobo jogou seu corpo para o lado fazendo-o rolar até a beira do riacho novamente.
Com dor, apenas consegui arrastar seu corpo para trás enquanto via a criatura caminhando devagar até si. Então, sua mão tocou a água avisando que já tinha se arrastado demais, num lapso de desespero sem ter mais o que fazer pela própria vida, Dante fez uma concha com a mão e diferiu a água na face do animal.
"Isso é estúpido! Eu o irritei mais" Pensou se repreendendo
Mas para a sua surpresa, o lobo parou. Seus olhos se tornaram verdes esmeralda e aquela boca cheia de dentes se fechou. Parecia outro animal, balançando sua cabeça tentando tomar a consciência que parecia ter sido roubada se si.
Então, mirou seus olhos verdes para Dante novamente que engoliu seco. O animal desta vez andou amigável e sentou ao lado do loiro que respirava rápido cheio de medo.
O lobo ganiu abaixando-se perto do homem que estava com receio das intenções do animal, mas mesmo com medo, Dante levantou sua mão e a pousou em cima do focinho que era quase do tamanho do seu antebraço.
- Isso é loucura. – Riu nasal esfregando a mão num carinho, mas sentiu uma pontada forte em seu torso, a patada que tivera levado abriu um rasgo na lateral do seu corpo. – Droga! - Apertou contra o machucado e tentou se levantar, mas sentiu o focinho do animal lhe derrubar na água. – Ei! O que está fazendo?! – Perguntou como se o animal pudesse lhe responder, tentou se levantar, mas foi derrubado novamente. O loiro estava com água até o peito e o lobo rosnou fazendo com que Dante ficasse ali, a dor foi desaparecendo do seu corpo e num passe de mágica seu machucado estava cicatrizado.
Levantou-se, olhou para si depois para o animal. – Foi você que fez isso? – Perguntou e viu a cabeça do lobo subir e descer afirmando lentamente. – Uau, obrigado! Espera aí.. você entende o que eu digo?! – Espantado perguntou, e o animal revirou os olhos suspirando, de repente virou sua cabeça levantando as orelhas ouvindo alguma coisa entre a mata.
Dante o encarou sem entender o motivo do lobo ficar tão alerta já que ele mesmo não ouviu nada.
Então rapidamente, o animal abaixou-se ao lado do homem novamente, mas inclinou a asa fazendo um tipo de ponte para poder ajudar na subida.
- O que?! Eu subir aí? Nem pensar, pulguento! – Dante enfatizou e ouviu o lobo rosnar para si, o que seria de tão perigoso que até um animal daquele tamanho tinha medo? – Mas que merda! – Xingou correndo para cima da asa e segurando nos pelos das costas do lobo que levantou voou quase fazendo Dante cair. – Espera, espera! – O loiro pediu, mas foi ignorado já que o animal voava cada vez mais para o alto.
O homem, com muito custo, conseguiu se sentar e olhou para baixo vendo um ser magricelo quadrúpede onde estavam, possuía olhos iluminados iguais a duas lanternas. Sua aparência era horrenda e Dante não queria nem imaginar do que ele seria capaz para que o lobo tenha os tirado dali daquela forma.
Suspirou olhando para frente e então a vista encheu seus olhos, o céu tinha agora uma cor roxa com laranja ao sol se pôr e as estrelas o preenchiam quase todo.
As montanhas verdes e campos abertos com animais que nunca viu lhe fez sentir em um déjà vu enorme fazendo a familiaridade encher seu peito novamente, tanto que jurou que não estava totalmente perdido ali, não mesmo.
Jurou que estava encontrando uma parte sua que nem imaginava existir.
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O Roubo das Pedra de Ultroria
FantasyApós um acidente de moto que fez o corpo de Dante afundar na baía de São Francisco, o mesmo se viu perdido em um novo mundo, chamado Ultroria, após voltar para a superfície com uma ajuda marinha desconhecida. Lá possuíam cinco cidades e cada uma era...