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Ali em cima a vista era clara, por meio do horizonte encontrou uma paz silenciosa e tímida que alastrou pelo seu corpo, dos pés até a ponta dos dedos que se mantinham firmes no pelo acinzentado do lobo que voava entre as nuvens.

Depois de muito tempo sentiu uma sensação: Liberdade.

Minutos depois, a brisa em seu rosto cessou após o animal descer a altura que voava. Dante viu um casarão na beira da praia, estava cada vez mais confuso. Desceu no lobo assim que ele pousou na areia, seus olhos foram rápidos até a casa que era de madeira clara e tinha uma aparência velha, mas bem cuidada.

- Tem alguma ideia de onde estamos? – Perguntou o loiro que virou sua cabeça para trás, seus olhos sentiram falta do grande peludo que lhe acompanhou até aqui pelo céu. Rapidamente olhou para cima e não avistou nada, virou a cabeça para baixo e viu o mesmo lobo em tamanho normal sentado na sua frente. Antes de poder fazer qualquer questionamento sobre a surreal metamorfose que o animal tinha, a porta principal do casarão abriu e dela surgiu um rapaz de cabeleira azul, com o antebraço enfaixado, regata branca e uma calça jeans bem desgastada. Em seu rosto ele portava dois olhos castanhos escuros que se arregalaram mais a cada segundo que encarava Dante.

- É ele! – O rapaz correu até o loiro que mal pode ter qualquer reação, já teve seus braços tomados por um abraço forte onde precisou apoiar sua perna esquerda para não cair ao chão.

- Eu não tenho muita certeza se conheço você. – Dante comentou tentando se livrar educadamente do abraço.

- Claro que você não me conhece. Nunca nos vimos! – Com essas palavras, o rapaz ainda tinha um enorme sorriso no rosto e respiração rápida por entusiasmo. Abaixou-se um pouco e acariciou a cabeça do lobo cinzento. – Você o achou, Konir! Isso é o máximo.

Tudo que o loiro pensava é o quão aquele cara era louco.

Viu mais uma figura descer os degraus da varanda de forma mais calma, com calça grossa justa ao corpo, uma faixa perceptível enrolada em seu torço por baixo de uma camisa regata cinza e um pano sujo pendurado na barra da calça.

A mulher de em média quarenta anos se aproximou com incerteza, seus olhos cor de esmeralda encaravam Dante, até estar próxima o suficiente.

- Vejo que está perdido. – Comentou cruzando seus braços magros. – Imagino que esteja longe de casa. – A ruiva tinha um sorriso escondido no canto do seu lábio.

- Eu não sei como eu vim parar aqui, não faço ideia de onde estou.

- Você está em Ultroria, Dante. – Ela respondeu e o loiro não soube se estava mais impressionado com o fato dela saber seu nome ou com a familiaridade daquele nome.

- Como sabe o meu nome? – Perguntou receoso e deu um passo raso para trás.

- Venha, entre e te explicarei. – Convidou a mulher e se virou de volta para a casa, o lobo a seguiu e o azulado também, mas Dante continuou parado onde estava.

- Eu não vou entrar nessa casa, nem sei quem você é! – Respondeu um pouco mais alto. A ruiva lhe encarou de relance e sorriu.

- Ok, estou indo terminar a janta! Vê se não demora, de noite aparecem uns bichos estranhos aqui na frente. – Deu as costas ao loiro novamente. Sua reação não foi a que o rapaz esperava, mas mesmo assim ele continuou ali em pé vendo a mulher entrar na casa com o de cabelos azuis e o lobo.

Num suspiro pesado, Dante se virou também e andou até a beira da água. Estava exausto, com fome, com dor nos músculos e desorientado. Essa foi a primeira ajuda que recebeu depois que chegou, o lobo lhe protegeu até aqui então também protegeria se tivesse algo de ruim naquele lugar, certo?

A noite veio, o céu iluminava o mar tornando-se um espelho d'água, refletindo todas aquelas constelações e planetas tão próximos. O loiro estava abraçado com os joelhos e seus olhos avistaram uma estrela cadente cruzando o céu.

- Eu quero ir pra casa. – Disse baixinho seu desejo para a estrela, então uma mão tocou seu ombro. O susto lhe fez levantar rapidamente, era o garoto de cabelo azul novamente.

- Venha, vamos entrar. Sei que está com medo, mas não vamos lhe fazer mal. – Com a mão estendida, ele sorriu para Dante. – Vamos comer alguma coisa. 

O Roubo das Pedra de UltroriaOnde histórias criam vida. Descubra agora