Traduzido de glodessa no Tumblr
Muitas noites se passaram. Muitas noites em que Paulo acordou uma e outra vez, pesadelos o deixando abalado até o âmago. Desde sua missão, ele não era mais o mesmo.
"Como você dormiu, querida?" Sua voz suave encheu a grande sala de jantar. Ele não acordou ontem à noite, mas isso não significa que ele teve uma boa noite de descanso.
Você podia ver que algo o incomodava imensamente, você podia vê-lo da maneira que seus ombros estavam tensos, da maneira que ele estava olhando para um ponto em branco do outro lado da sala há mais de dez minutos.
Nenhuma resposta. Era como se ele nem estivesse presente nesta sala.
"Paul?" Sua mão esfregou suavemente o antebraço dele, lembrando-o de estar lá.
"Eles estão vindo", gritou ele. "Eu posso sentir isso. Eu sonhei com isso." Seus olhos ainda estavam fixos no mesmo local, e seus músculos estavam ainda mais tensos do que há apenas alguns momentos.
Não foi a primeira vez que ele entrou em um de seus ataques. Você silenciosamente deu aos criados um sinal para sair da sala, e eles sabiam que seria melhor ouvir, pois seus colapsos poderiam ser intensos.
Mas, por enquanto, ele não se mexeria, não importa o que você dissesse ou fizesse.
"Paul, olhe para mim", você implorou, colocando o rosto dele para transformá-lo em sua direção, mas ele ainda olharia para a distância. "Conte-me sobre o sonho." Você já esteve lá tantas vezes. Sempre foi a mesma situação. Ele nunca tinha te contado sobre os sonhos dele.
Até agora.
"Foi... É exatamente como minhas visões. Eu sinto que... Eu sei que é o futuro. Eu posso ver o futuro." Sua voz era fraca, e ele ainda não olhava para você, mas você podia ver como, sob o seu toque, ele visivelmente relaxava com cada palavra caindo de seus lábios.
"Então o que você vê, querida?"
"Eu te vejo." Um sorriso fraco agraciou seus lábios assim que desapareceu novamente. "Você é tão linda. Você está grávida." Agora os olhos dele finalmente se encontraram com os seus. Eles pareciam tão cheios de vida, mas tinham tanta tristeza.
"Eu-," você gaguejou. Você nem sabia ao certo. Como ele sabia? "Eu nem tinha certeza ainda."
"Eu sei, querida. Você vai ser tão linda. Eu nem achei que você poderia ficar mais bonita. Sou tão abençoado por ter você, querida", disse ele com admiração, mas sua voz ficou triste quando sussurrou as últimas palavras.
Quase pareceu um adeus. Isso te assustou. "O que mais você viu no seu sonho, Paul?"
Ele engoliu. "Foi antes do nascer do sol. Eu vi um exército de soldados. Eles estavam vindo atrás de você. Para o nosso bebê. Sonhei com isso tantas vezes e toda vez que queria correr em sua direção, tentando proteger você e nosso bebê, mas não consegui. Eu falhei. Eu os vi cortar sua garganta e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso."
Lágrimas estavam escorrendo pelo rosto dele agora enquanto ele olhava para baixo, quase envergonhado do que acabara de te dizer. "Eu tentei de tudo, mas tudo falhou. Minha Voz fez, minha força fez, eu fiz."
"Só porque você sonhou com isso não significa que vai se tornar realidade", você tentou acalmá-lo, mas isso só resultou no oposto completo. Paul atirou, a cadeira pesada caindo enquanto jogava o copo contra a parede.
"VOCÊ NÃO ENTENDE! Tudo o que sonhei, cada uma das minhas visões acabou sendo verdade. Arrakis, a morte de Duncan, tudo! Não há nada que eu possa fazer para evitar que isso aconteça, para fazê-lo parar. Não posso viver sabendo que vou te perder."
