Capítulo Um

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Cecília
"Carta aberta ao roteirista da minha vida: Você está demitido!"

Três anos atrás

Nossa história de terror começa no primeiro dia de aula. Finalmente, após anos de dedicação total, oficialmente seria uma estudante de direito. Uma futura advogada. O amanhã não poderia ser mais reluzente para mim.

Chego à sala com vinte minutos de antecedência. O demônio do primeiro período, definitivamente, havia me possuído. E eu não era a única com a ansiedade à flor da pele.

Sentado na primeira fileira e balançando incessantemente a caneta contra a cadeira, estava um homem de cabeça curvada. Não consegui julgar muito de sua aparência, em razão da posição em que ele se encontrava. Ainda assim, o pouco que vi, bastou para arrancar o meu fôlego.

Longos cachos negros bloqueavam seu rosto misterioso. Mesmo abaixado, sua estatura era imponente e me intimidava — apesar de eu estar levantada. 

Sem falar das suas mãos. Enormes e com veias salientes, provavelmente devido às horas dedicadas à academia para manter aquele físico, creio eu.

E que físico...

A mão que eu admirava, com tanta devoção, em um momento parou de sacudir a caneta. Curiosamente, ergo os olhos, para então perceber que havia sido pega.

O rosto combinava com o restante do corpo. Seria um exagero compará-lo com um Deus nórdico? Uma versão morena do Thor, talvez?

Sardas sutis salpicavam a área ao redor do seu nariz, contrastando com sua pele bronzeada. Aquele homem era a combinação mais maravilhosa de todos os doces do mundo. Com o seu maxilar marcado a régua, nariz reto e intensos olhos verdes, tom de floresta. O tom de verde mais bonito.

Entretanto, quando nossos olhares se conectaram, percebo a sua carranca de nojo, ao me avaliar desconfortavelmente, dos pés a cabeça. Atitude nem um pouco lisonjeira.

Após tal grosseria, seu olhar soltou o meu, voltando a fixar-se na madeira da cadeira. A diferença é: agora ele parece estar mil vezes mais incomodado.

Que moleque idiota! Tudo bem, eu estava quase babando. Mas não o ofendi.

Grosso desse jeito, aposto que é leonino. Nasceu com um rei na barriga e nem nega. Sei que não sou a mais bela de todas, mas qual a necessidade de me encarar com tanto desprezo?

Sigo o meu caminho em direção a outra ponta da fileira, querendo estabelecer a máxima distância possível — afinal, ainda sou uma aluna da primeira fila.

E ele nem é tão bonito assim.

Okay, o homem é um Gato, com "G" maiúsculo. Mas a sua arrogância e soberba, o deixavam mais feio que o Lorde Farquaad, de Shrek

No entanto, Matteo Serrano não se tornou meu arqui-inimigo apenas por ferir meu ego.

O professor de meia-idade, chamado Ian Connelly, entra na sala e inicia sua aula às oito horas, em ponto. Começa com um longo discurso, a respeito do motivo dele próprio, ter escolhido direito como profissão. Logo após, explicou como funcionaria o curso, a forma como aplicaria suas provas, etc. Para enfim, senhor Connelly lançar o seguinte questionamento à turma: " Por que o Direito é necessário?"

Entre todos os outros alunos, apenas eu e aquele que viria a se tornar o meu maior inimigo, levantamos a mão.

— Pois não, senhorita...? — Pergunta Connelly.

Minha Tese Sobre VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora