- Aí sim, Mia! Deu um pé na bunda do Tyler? - Robert pergunta. Ele era um menino qualquer da escola, amigo do Tyler.
- Se liga garoto, esse é meu pai! - Dou um tapa atrás de sua cabeça.
- Que carrão! - Ele diz admirando o carro. - Não sabia que tinha um pai rico, e eu achando que você era bolsista.
- E por que vocês deveria saber? - Cruzo os braços.
- Tyler? - Meu pai olha por cima dos óculos escuros e levanta uma sobrancelha. -
- Vamos embora. - Digo o puxando pra dentro do carro.
- Espero conhecer esse tal de Tyler... - Diz ligando o carro.
- Não é nada demais.
- Você gosta dele? - Ele dá partida no carro.
- Não? - Franzo a testa. - E não quero falar sobre isso.
- E que papo de bolsista é esse? fala sério, você é tão humilde assim? - Ele ri.
- Eu nunca falei nada, eles tiraram suas próprias conclusões. Aliás, quer mesmo que eu fale que meu pai paga minha mensalidade roubando dinheiro?
- Seria uma boa, se quisesse sair de mentirosa contando a verdade.
- E qual seria o problema de ser bolsista? - Meu pai era extremamente apaixonado pelo dinheiro, tudo em sua volta era resumido em luxo.
- Eu não dou duro roubando os outros para que você ser bolsista. - Ele diz rindo e tirando seus óculos escuros.
- Hilário! - Forço a risada ironicamente. - Você sumiu do mapa esses últimos dias, o que aconteceu?
- Problemas de sempre, estava na Europa os resolvendo. Sou um homem de negócios, você sabe. - Ele me olha e pisca seu olho direito.
- Esquece o que eu disse... - Reviro os olhos.
- Aliás, tenho novidades!
- Você sempre tem novidades quando volta. Qual é o novo capítulo de agora?
- Preparada pra conhecer sua nova madrasta. Literalmente nova.
- Madrasta? Fala sério Henry. Você vai dispensar ela daqui duas semana!
- Como pode achar uma coisa dessas? - Ele diz rindo. Ironia era normalidade no seu vocabulário.
- Como pode você conseguir fazer isso
com as mulheres?! E se fosse ao contrário? Se alguém tivesse fazendo isso comigo, iria gostar?- Ah meu amor, acontece que você sabe o pai que tem. Se isso acontecesse eu iria cortar a cabeça desse charmoso rapaz e colocar de decoração na minha sala, acho que ficaria exótico mas refinado. Sabe que eu sou um admirador da arte, não é? - Ele diz ajeitando seu casaco.
- Fala serio...
- E dessa vez eu não estou sendo irônico. - Ele fala olhando para o retrovisor, penteando o cabelo com as mãos. Ele era um cara vaidoso.
- Ela sabe que você é meu pai?
- Não, e nunca vai saber. Já sabe o combinado, não é?
Todos da minha família poderiam saber que Henry era meu pai, o grande problema era seus amigos, companheiros ou namoradas saberem quem eu era. Nunca se sabe quem vai te trair, ou armar contra você, pois era o que meu pai mais temia, descobrirem que ele tem uma filha e usarem isso para o atingir. Até meu tio Jimmy irmão dele, fingiam ser amigos. Não demonstravam qualquer tipo de afinidade perante os outros.
- Poderia arrumar uma desculpa melhor, todas seus namoradas sentem ciúmes de você comigo.
- Acho isso hilário, como podem ser tão inseguras? - Ele ri.
- Devem saber do seu longo histórico amoroso! Um santo eu diria...
- Sua mãe já esta em casa?
- Deve estar na cafeteria até agora, entrou mais tarde no trabalho hoje.
- Quem sabe podemos passar lá para dar um alô? - Ele estaciona o carro em frente a cafeteria.
Normalmente ela não era tão movimentada, ainda mais nesse horário. Entramos e não havia ninguém, muito menos minha mãe no balcão como de costume.
- Oiie?? - Falo em um tom mais alto na tentativa de chamar atenção de alguém responsável no estabelecimento. - Que estranho.
- Fazia tempo que não visitava o subúrbio de Miami. - Ele diz passando a mão na janela empoeirada analisando seus dedos sujos.
- Mãe?? - A grito na tentativa de ouvir um retorno.
- Desculpa a demora. - Minha mãe aparece rapidamente arrumando seu cabelo, totalmente atordoada. Reparo em seu batom borrado, olho para Henry reparando que ele também havia percebido. Involuntariamente levantamos a sobrancelha juntos, confusos com a cena que estamos presenciando.
- Prazer em vê-la novamente Emma. - Henry fala.
- Não posso dizer o mesmo. Oque está fazendo aqui? - Ela levanta guarda.
- Uau, ainda bem que a Mia puxou a minha educação. - Ele responde desconfortável após ver Matt saindo pela porta atrás do balcão. E o cumprimenta com um aceno.
- Oi Mia. - Matt fala e cumprimenta Henry da mesma forma.
- Queria passar aqui para falar que estou levando nossa filha para jantar. Já que me bloqueou de todo meio de comunicação depois do último incidente... - Ele relembra da última briga recente deles. - Não sei que horas ela volta. Então não se preocupe.
- Jantar? - Digo surpresa.
- Não estaria bloqueado se parasse de causar um caos na minha vida.
- Vocês pararam na adolescência! - Digo Bufando.
- Esta avisada, depois não ligue surtando como sempre faz. - Ele diz saindo da cafeteria.
- Tchau mãe, não se preocupe tudo vai correr bem. - Dou um abraço nela.
- Cuidado! Não vá na onda do seu pai. Ele é um louco, totalmente desequilibrado! - Ela retribui o abraço.
- Qualquer dia vocês vão acabar de matando.
- Se ele não me matar de odio antes. - Ela responde irritada.
- Tchau Matt. - Aceno saindo da cafeteria.
Entro no carro, onde Henry estava me esperando. Ele estava em uma ligação falando outra língua na qual não sabia identificar, ficamos alguns minutos parados esperando sua breve ligação terminar.
- Você reparou naquilo? - Ele pergunta.
- Esta falando do batom?
- Fora ela sair totalmente descabelada? - Ele finalmente coloca o carro em movimento. - Quem é esse cara?
- Parece que estão se conhecendo melhor... Ela nunca me fala nada, tenho que descobrir tudo sozinha. Mas essa cena foi o fim! - Dou risada quando relembro do acontecimento á poucos minutos atrás.
- Não gostei desse cara. - Ele diz serio.
- O que foi? Esta com ciúmes? - Pergunto sem acreditar.
- Por favor Mia, ciúmes? - Ele debocha.
- Meu Deus Henry Coleman. Esta com ciúmes da minha mãe? - Digo sem acreditar.
- Como consegue criar esse cenário paralelo na sua cabeça? Apenas estou preocupado com o tipo de cara que ela pode colocar na casa dela, até porque você vive lá. Ou seja, me preocupo com você!
- Coleman, eu te conheço muito bem! Pensei que seu relacionamento sério estava dando certo. Agora percebo que esta abalado com o possível romance da minha mãe com o chefe dela...
-
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Herdeira do Crime
RandomEssa história conta sobre a vida conturbada de Mia Duncan Coleman, uma adolescente de 18 anos. Sua vida vira de ponta cabeça quando descobre que sua mãe Emma Duncan havia desenvolvido Câncer Pulmonar. Fruto de um amor de verão, onde seu pai era um d...