Porsche

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Me desperto aos berros de uma criança de 7 anos. Era minha prima Catarina, confesso que não sou boa com crianças ainda mais com essa peste mimada. Aterroriza a minha vida, mas eu a amo.

- Grita de novo e eu calo sua boca com meu travesseiro! - Retorno o grito dela.

- Você é tão chata, sabia? - Ela responde cruzando os braços e parando em frente a minha cama.

- Sim eu sabia! Agora quem deixou você entrar na porcaria do meu quarto? Você já sabe que está proibida de pisar aqui.

- Acha que manda na casa agora? - Ela dá as costas indo em direção à porta.

- Mas no meu quarto sim! - Jogo o travesseiro nela, fazendo-a correr e bater a porta. - E não bate a porta! - Digo bufando.

Peste, como poderia uma criança de 7 anos conseguir me irritar tanto assim? Essas crianças estão mal educadas, meu tio Joe mima tanto essa menina. Deve ser pela ausência, trabalha como escravo para manter o caprichos da esposa Emily e da filha.

Aqui em casa parece uma pensão, moramos ao todo 6 pessoas. Eu, minha mãe Emma, minha avó Poliana, minha tia Emily, meu tio Joe e a Catarina.
Como disse, meu tio não fica muito em casa, ele trabalha muito para manter todos. Minha mãe é balconista de uma cafeteria, tentando ajudar com as contas. Eu tenho um pai herdeiro, então isso já diz tudo. Brincadeiras a parte, eles nem imaginam que meu pai é um ladrão. Isso é um segredo entre eu, minha mãe e ele.
Ele tenta ser o mais presente possível na minha vida, largou tudo na França para morar aqui nos Estados Unidos. Embora ele sempre esteja viajando, meu pai tenta sempre me ver. Ele não é um péssimo pai, admito! Mas é o meu sonho ter um pai normal, como as outras pessoas. Porque eu nunca sei quando ele pode estar morto ou preso, apesar de nunca o terem pego.

Olho para meu celular que estava carregando na escrivaninha ao lado da minha cama. Era hora de levantar, hoje tinha prova na minha escola, o que era péssimo pois não havia estudado.

- Achei que iria ficar na cama pra sempre. - Minha mãe diz sentada no sofá lendo seu jornal como faz diariamente.

- Bom dia! E você acordou com as galinhas, porque são 7:00 da manhã.

- Ha Ha muito engraçado. Seu humor fica cada vez melhor - Ela diz ironicamente.

- Esta de folga hoje? - Digo colocando o café na minha xícara.

- Vou entrar mais tarde, o Matt deve um imprevisto e estou sem as chaves. - Matt era o chefe dela, dono da cafeteira e um possível padrasto.

- Matt... Pensei que nessa altura você já tivesse às chaves.

- O que você quer dizer com isso? - Ela para de ler o jornal e olha diretamente pra mim.

- Quem você quer enganar, mãe? Você acha que eu não sei que você saiu com ele depois do trabalho sexta-feira à noite? - Levanto uma sobrancelha.

- Acho melhor você parar de bancar a espiã. - Ela volta a ler o jornal dela.

- Qual é mãe, você só tem 36 anos. Pode arrumar um namorado, eu deixo! - Sorrio a provocando.

- Tenho traumas! - Ela arregala os olhos. Reviro os olhos quando entendo que ela esta se referindo ao meu pai.

- Fala isso pro Matt, ele te cura do trauma rapidinho. - Digo pegando minha mochila. - Beijos, bom trabalho! - Dou um beijo na testa dela.

- Boa aula! - Ela grita enquanto estou saindo pela porta.

A escola ficava perto de casa, quase sempre ia andando. Ela era uma escola particular, onde havia muita gente mesquinha por causa do dinheiro, todos achavam que eu era bolsista por não levar o mesmo nível de vida que eles vivem, quem pagava a mensalidade era meu pai.
Tinha gente legal, e algumas delas eram minhas amigas. Sarah e Amanda, se conhecemos desde o primeiro colegial. Sempre esperamos uma a outra chegar até um certo horário em frente ao colégio, prevendo que ja estava atrasada.

- Veio de mula? - Diz Sara me abraçando.

- Vim andando, você sabe que eu não iria correr. - Retribuo o abraço.

- Ainda bem que eu já fiz minhas colas. - Amanda diz me abraçando.

- Caramba, esqueci completamente disso. Mas que merda, tenho certeza que vou tirar um zero. - Bato na testa.

- E você estudou? - Amanda pergunta.

- Claro que não! - Digo angustiada.

- Relaxa, depois da aula vou na sua casa pra gente estudar. - Tyler aparece atrás de mim, me enrolando ao arredor de seus braços, virando meu rosto para me dar um selinho.

- Virou professor particular? - Retribuo o selinho.

- Não, mas no seu caso eu viro. - Ele sorri.

Tyler era um menino que eu estava conhecendo melhor, a gente começou a se falar faz algumas semanas. Sinceramente, não sei o que achar muito dele. Parece um cara como os outros, mas esse seria o problema. Todo mundo parece ter mesma personalidade nessa escola.

Depois da tão temida prova na qual havia chutado tudo, sai aliviada da escola pois não aguentava mais esperar. Tinha sido uma das primeiras a terminar.

Olho para meu celular na qual tinha uma mensagem de Henry.

"Estou esperando em frente ao colégio, acho mais fácil dar o ponto de referência como a minha nova Porsche, hahahaha" - Henry Pai.

- Carro maneiro. - Digo sem muito entusiasmado ao ver o carro. Não gostava de encher o ego elevado que ela tinha.

- Maneiro? Fala sério, olha pra essa belezura! - Ele diz rindo e admirando o carro com um cigarro na boca.

- É isso que faz com sua herança? - Digo rindo.

- Digamos que tenho muita herança. - Ele diz ainda com os olhos vidrados no carro.

A Herdeira do Crime Onde histórias criam vida. Descubra agora