Circus - Jjk/ Pjm

♣ Prólogo ♣

Equilíbrio

O suor escorria pela sua testa, demonstrando o tanto de concentração e força que ele tinha de manter para continuar na posição. Intacto. Aos olhos dos outros, parecia uma estátua de tão parado, firme, sério; porém, gracioso, delicado, suave. Seu corpo estava na horizontal, uma perna dobrada prendendo o tecido acrobático roxo atrás do joelho, conquanto, com a mão direita, equivalente à perna, segurava outra parte do pano que prendia sua cintura estreita de tantos anos de acrobacia, presa com um nó firme.

Park Jimin estava com os olhos como lascas de um animal, vidrados no seu reflexo do espelho do anfiteatro. Os músculos estavam evidentes, pareciam cortantes ao toque. Os jurados estavam boquiabertos e encantados com o rapaz. Era lindo. Os cabelos platinados, quase brancos, os lábios rosados e o rosto harmonioso, com apenas um nariz de botão, deixando-o mais adorável. O corpo era moldado pelo collant de lycra, preto, com detalhes em azul safira. Sua mãe, Senhora Park, bordou-os durante a madrugada, na tenda do lado de Taehyung, filho dos contorcionistas do circo.

Jimin arriscava uma chance como acrobata no espetáculo que seria apresentado na cidade. Tinha talento! Era esforçado, inteligente, e, acima de tudo, precisava da grana. Não que estivesse sendo ingrato com o circo em que tinha crescido, muito pelo contrário. Amava a todos que o criaram em conjunto com seus pais, havia feito amigos de verdade ali. E era justamente por eles que se encontrava tentando uma vaga na equipe do teatro principal.

O circo estava indo à falência! Ninguém comprava tantos ingressos quanto antes, a modernidade estava chegando; alguns jovens viam tudo pela internet sem precisarem sair de casa, e os donos do Le Cirque Del Lune não tinham dinheiro para comprar os equipamentos necessários para estas transmissões, ou para, quem sabe, contratar uma boa equipe que cuidasse desses trâmites. Eram apenas eles, a família Del Lune, aqueles que nasceram ali, cresceram ali, entraram para a família por entre as viagens que o espetáculo fazia, as crianças esquecidas por pais bêbados e aquelas que fugiam destes pais.

— Pode descer, Sr. Park! É o suficiente para nós. — Um dos engravatados disse à Jimin, depois de minutos pendurado por um pedaço de tecido.

O rapaz desprendeu o pano de seu joelho e, com a mão que segurava-o, desenrolou o nó do tecido, fazendo seu corpo descer rolando em horizontal, ficando pendurado a apenas centímetros do chão e colocando o pé esquerdo como apoio para ficar de pé. Esta foi a primeira acrobacia que sua mãe lhe ensinou a fazer: permanecer sobre os pés, mesmo depois de uma queda.

— Obrigada por sua inscrição, entraremos em contato. — Lady Duncan, a dona do espetáculo, disse com um sorriso genérico no rosto. Seu olhar não durou segundos nos olhos de Jimin.

Ali ele soube. Não iriam chamá-lo. Os lumes castanhos viajaram pelas poltronas vermelho rubro. O veludo que cobria os estofados parecia brilhar naquele salão. O palco estava vazio, mas na coxia ouvia-se os sussurros dos próximos candidatos. O coração do rapaz apertou, mas ele ofereceu de volta o mesmo sorriso vazio e disse:

— Obrigado pela oportunidade. Tenham um bom dia!

Jimin não possuía diploma da Royal Ballet School; Tudo o que sabia, aprendeu com sua mãe e os outros integrantes do circo. Sua arte era básica, simples, comparada à outros candidatos repletos de certificados. Mas Jimin tinha paixão, honestidade e leveza. Seus movimentos no tecido eram muito limpos, claros. Parecia dançar por entre os panos, como se fosse parte do seu corpo.

Mas o Central Theater não queria paixão. Queria fama, sucesso e reconhecimento. Coisas que apenas filhos de pessoas com influência trariam. O que Park Jimin, filho de circenses, que não possui escolaridade — já que não reconhecem a escola do circo como uma escola capaz de aplicar a educação básica dos estudos, mesmo que Hoseok seja um ótimo matemático que construiu toda a estrutura do circo e Yoongi seja o maior diretor de arte que tivera o prazer de conhecer — tem para oferecer?