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Coração de skatista

Hanako nunca foi uma garota quieta. O médico nem precisou dar tapinha no bumbum dela para que ela se esgoelasse ao sair do útero, chorando para o hospital inteiro ouvir. Seu nascimento foi memorável porque ninguém conseguia esquecer de seus gritos naquele hospital, eles não pararam tão cedo.

Quando pequena, se mexia tanto que acabava se batendo e se machucando, então vivia toda enrolada em cobertas como um enroladinho de salsicha, só que com bochechinhas cheias e avermelhadas, olhos vermelhos e um tufo castanho no topo da cabeça. E ela – olha que surpresa! – não gostava de ser enrolada, então lá ia a pequena Hanako chorar mais e ficar com o rosto vermelho como um tomate, berrando até dormir ou lhe darem de mamar. 

Aprendeu a andar e foi um desastre, ela conseguia derrubar tudo e qualquer coisa no chão e tinha um talento nato para quebrar coisas com suas mãozinhas minúsculas e sem muita firmeza. Potes de biscoito, pirulitos e outros doces eram seus alvos preferidos. Sua mãe tinha se distraído um dia e quando viu, a pequena tinha enfiado a boca no pirulito que tinha em mãos; desde então ela sempre caçava doces pela casa.

Quando ela tinha quatro anos assistiu uma apresentação de patins no gelo no gelo e sua família a inscreveu na aula quando a garota pediu, então ela começou a patinar. Foi difícil no começo, mas quanto mais ela tentava, errava e aprendia, mais divertido e fácil ficava. Com sete anos ela já conseguia fazer formas no gelo, deslizando de um lado para o outro com maestria, dando-lhe a fama de gênio.

Com 8 anos, viu um grupo de garotos andando num tipo de prancha compacta com rodinhas e se interessou, foi até lá e com toda sua marra perguntou o que faziam. Eles explicaram o que era um skate e ela ficou encantada, indo para casa e vendo milhares de vídeos de skatistas profissionais. Então ela pediu para a mãe seu próprio skate e sua vida como skatista começou. Era tão legal quanto patinar, ainda mais porque permitia manobras e deixava livre sua natureza caótica, mostrando-lhe um mundo em que podia fazer diversos movimentos e acrobacias, tudo ilimitadamente. Era bem mais fácil para ela, que já era um prodígio no gelo, andar de skate, e logo o apelido de Princesa das Pistas foi dado à ela, sem contar o que usava até os dias atuais, preferindo-o por representá-la melhor, ainda mais nas corridas do S.

Disaster.

Com sua entrada no mundo de skate, Disaster nasceu, e Hanako não pretendia deixá-la morrer, não enquanto ainda tivesse um coração de skatista.


DISASTER ⋆ Miya ChinenOnde histórias criam vida. Descubra agora