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Eu pensei que seria mais fácil.
Sim, tolice minha.
Mas ser Revisor de uma editora renomada não é tão simples assim. E ao receber obras de autores até conhecidos, obras grandes, me fez valorizar ainda mais o trabalho de todos que atuam nesse ramo. Felizmente, eu me garantia em quesito de gramática, já havia feito um curso de letras e pedagogia quando saí da escola. A questão é: não me pergunte o porquê. Eu só fiz. Por falta de opção. E então meus pais me jogaram na Matemática como se isso fosse ser meu futuro. E não. Provavelmente eles irão querer arrancar meu pescoço quando descobrirem que desisti da faculdade, mas... É o meu futuro, é o meu sonho.
Eu sou um cara simples. Eu gosto da simplicidade das coisas. Meus pais vivem falando de dinheiro e do quão importante é a profissão deles, mas... eu não ligo tanto assim para o dinheiro. Quer dizer... eu sou rico, ou ao menos meus pais são. Mas eu não quero um trabalho complicado ou viver apenas para ganhar muita grana. Meu sonho é simples. Construir um lugar onde as pessoas venham para fugirem do mundo, um refúgio para jovens leitores, onde eles podem comprar livros, pegarem emprestado, ler, estudar, tomar um café... Um lugar bom o suficiente onde não exista problemas.
E eu estarei lá, detrás do balcão de recepção, lendo meu livro favorito, com um bom café para iniciar o dia e atendendo com gosto a cada pessoa que entrar.
— Bom dia. — Saio dos meus devaneios quando a voz grossa de Carlos invade meus ouvidos, me trazendo de volta para a realidade. Olho para frente, engolindo em seco ao ver aquele homem dentro de uma calça xadrez cinza com preto, um sueter carvão de gola alta e um sobretudo marrom escuro por cima. Ele estava simplesmente divino e eu tive que tirar o controle do fundo do poço para não me jogar em cima dele ali mesmo, na frente de todo mundo.
— Como está indo? — Questionou, apontando para o computador ao meu lado. A tela era imensa e eu precisava usar meus óculos de leitura para minha visão não ser tão agredida pela tela. Muita leitura também não ajuda. Eu não me achava bonito com óculos de grau, mas era uma necessidade e não um acessório de beleza, então...
— Bem. O melhor de tudo é ler a obra antes de todo mundo. — Brinco, vendo ele sorri.
— Vai se sair bem. — Ele piscou, seguindo seu caminho até seu escritório.
Força, Thomaz... Força...
Respiro fundo, tentando ignorar o aroma forte que seu perfume delicioso deixou ao meu redor e me concentrar no trabalho. Eu precisava dar o meu melhor. Precisava trabalhar para conseguir atingir meus objetivos. Não queria depender dos meus pais.
Eles vivem jogando na minha cara que pagaram uma faculdade cara para mim, que eu devia agradecer a eles por eu ter meus luxos de comprar uma carrada de livros sem me preocupar com a fatura. Mas em relação ao meu objetivo, ao meu sonho de construir uma biblioteca pública, queria ser dono do meu próprio esforço, sem receber essas malditas frases de ninguém.
Quando iniciei no mundo da leitura, bem mais novo, meu sonho era encontrar um lugar aberto 24 horas, onde eu poderia passar o dia inteiro no meu mundo de fantasias – na época, era meu gênero favorito. Hoje sou mais chegado em Romance Policial ou Ficção Científica. Além dos livros que uso para estudo e conhecimentos gerais.
No final do dia, eu já havia conseguido revisar ao menos duas obras que me passaram. Considerando que era meu primeiro dia de trabalho, eu até que tinha me saído bem. Acabo recebendo uma mensagem de Arthur, o que ainda era sempre uma surpresa para mim, especialmente aquela mensagem:
"Oi. Quer sair para beber?"
Respondo quase que de imediato com o simples "óbvio!", e então arrumo minhas coisas, avistando Carlos sair do elevador. Pensei em falar com ele, qualquer coisa para puxar assunto, mas uma mulher o abordou. Ela era mais velha do que eu, elegante e sorria para Carlos enquanto lhe falava algo que eu não conseguia ouvir. Aquele sorriso eu bem conhecia. Um sorriso carregado de segundas intenções. Definitivamente, fiz bem em aceitar o convite de Arthur. Só a bebida para tirar aquela cena da minha cabeça.
Então saio dali rapidamente, antes que Carlos me alcançasse. Eu não saberia o que dizer naquele momento além de: "ela é sua namorada?", e isso definitivamente seria constrangedor, porque afinal não sou nada dele para cobrar alguma coisa.
Então apenas pedi um táxi, seguindo para o local que combinei de me encontrar com Arthur.