Bolo de carne

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Cento e setenta e três minutos torturantes mais tarde, Jin guiava Jeon para a lanchonete. - Que cê acha? - ele perguntou.
- Você estava certo, - Jeon disse entorpecidamente, ainda se recuperando do quanto suas três primeiras horas de aula tinham sido sombrias. - Por que alguém lecionaria uma matéria tão deprimente? -
- Ah, o Cole já amolece. Ele coloca sua cara de nada-de-besteira toda vez
que tem aluno novo. De qualquer jeito, - Jin disse, cutucando Jeon, - podia ter ficado com a senhorita Troz. -
Jeon olhou seu horário. - Eu estou com ela em biologia na parte da tarde. - ele disse com uma sensação de afundamento em seu estômago.
Enquanto Jin cuspia uma gargalhada, Jeon sentiu um encontrão em seu ombro. Era Jimin, passando por eles no corredor a caminho do almoço.
Jeon teria caído estatelado se não fosse pela mão dele esticando-se para firmá-lo.
- Calma aí. - Ele lançou-lhe um rápido sorriso, e Jeon se perguntou se ele tinha trombado neleintencionalmente. Mas ele não parecia tão juvenil assim. Jeon olhou para Jin para ver se ele tinha notado algo. Jin levantou suas sobrancelhas, quase convidando Jeon a falar, mas nenhum deles disse coisa alguma.
Quando eles cruzaram as janelas interiores poeirentas separando o gélido corredor da lanchonete ainda mais gélida, Jin tomou o cotovelo de Jeon.
- Evite o bife de frango frito a qualquer custo, - ele instruiu enquanto seguiam a multidão para o turvo refeitório. - A pizza é boa, o chili é bom,e o borsch
na verdade não é ruim. Você gosta de bolo de carne?
- Sou vegetariano, - Jeon disse. Ele estava olhando pelas carteiras, procurando por duas pessoas em particular. Taehyung e Jimin. Ele simplesmente se sentiria mais a vontade se ele soubesse onde eles estavam, para que pudesse continuar seu almoço fingindo que não tinha visto nenhum dos dois. Mas até agora, nada...
- Vegetariano, hein? - Jin franziu seus lábios. - Pais hippies ou sua própria tentativa miserável de rebelião? -
- Hãn, nenhum dos dois, eu simplesmente não...
- Gosta de carne? - Jin girou os ombros de Jeon noventa graus, para que ele olhasse diretamente para Taehyung, sentado em uma carteira do
outro lado do cômodo. Jeon soltou uma longa exalação. Ali estava ele.
- Agora, isso vale para qualquer carne? - Jin cantarolou altamente. -
Tipo, você não afundaria seus dentes nele?
Jeon bateu com força em Jin e arrastou-o na direção da fila do almoço. Jin estava se matando de rir, mas Jeon sabia que ele estava corando violentamente, o que seria dolorosamente óbvio nessa
iluminação fluorescente.
- Cala a boca, ele total te ouviu, - Jeon sussurrou.
Parte de Jungkook se sentia feliz por estar brincando sobre garotos com um amigo. Supondo que Jin fosse seu amigo. Ele ainda se sentia desapegado pelo que tinha acontecido essa manhã quando ele viu Taehyung. Aquela atração na direção dele - ele ainda não entendia de onde veio, e ainda assim, aqui estava ele de novo. Ele se
forçou a afastar seus olhos do cabelo loiro dele, da linha suave de sua mandíbula. Ele se recusava a ser pego encarando. Ele não queria dar-lhe qualquer razão para lhe mostrar o dedo do meio pela segunda vez. Talvez ele nem fosse Gay.
Jeon olhou para o outro lado da carteira, para o amigo de Taehyung, Nanjoom. Ele estava olhando diretamente para Jungkook. Quando ele capturou seu olhar, ele agitou suas sobrancelhas de um jeito que Jeon não conseguia entender, mas que ainda o assustava um pouquinho. Por ter sido flagrado secando o loiro na cara dura. Jeon se voltou para Jin - Por que todos nessa escola são tão esquisitos?
- Vou escolher não me ofender com isso, - Jin disse, pegando uma bandeja de plástico e dando uma para Jeon. - E eu vou seguir explicando a fina arte de selecionar um assento na lanchonete. Veja, você nunca vai querer se sentar perto de... Jungkook, cuidado!
Tudo que Jeon fez foi dar um passo pra trás, mas assim que ele o fez, ele sentiu o duro empurrão de duas mãos em seus ombros. Imediatamente, ele sabia que iria cair. Ele apalpou à sua frente por apoio, mas tudo que suas mãos encontraram foi a bandeja de almoço cheia de outra pessoa. O negócio todo caiu junto com ele. Ele pousou com uma pancada no chão da lanchonete, uma xícara inteira de borscht em sua cara.
Quando ele limpou beterrabas esmagadas o bastante para que seus olhos vissem, Jeon olhou para cima. A garota mais brava que ele já tinha visto
estava parada sobre ele. A garota tinha cabelo oxigenada espetado, pelo menos dez piercings no rosto, e um olhar mortal. Ela arreganhou seus
dentes para Jeon e sibilou,
- Se a sua visão não tivesse arruinado meu apetite, eu faria você me comprar outro almoço.
Jeon gaguejou uma desculpa. Ele tentou se levantar, mas a garota bateu o salto de sua bota preta de salto agulha no pé de Jeon. A dor subiu por sua perna, e ele teve que morder seu lábio para não gritar.
- Por que eu simplesmente não deixo pra próxima? - a garota disse.
- Já chega, Molly, - Jin disse friamente. Ele se abaixou para ajudar Jeon a ficar de pé.
Jeon recuou. O salto agulha definitivamente iria deixar uma marca. Molly esquadrinhou seus quadris para encarar Jin, e Jeon teve o pressentimento de que essa não era a primeira vez que eles trocavam faíscas.
- Amizade rápida com o novato, Seokjin - Molly grunhiu. - Esse é um comportamento realmente ruim e você não deveria estar em condicional?
Jeon engoliu em seco. Jin não tinha mencionado nada sobre condicional, e não fazia sentido que isso o proibiria de fazer novos amigos.
Mas a palavra fora o bastante para fazer Jin fechar seu punho e mandar um gordo soco que acabou no olho direito de Molly.
Molly cambaleou para trás, mas foi Jin quem chamou a atenção de Todos. Ele começou a ter convulsão, seus braços para cima e sacudindo no ar.
Era a pulseira, Jeon percebeu com horror. Estava enviando algum tipo de choque pelo corpo de Jin. Inacreditável. Essa era uma punição cruel e
incomum, com certeza. O estômago de Jeon revirou enquanto ele observava todo o corpo estudantil trepidar. Ele se esticou para pegar Jin bem quando ele afundava no chão.
- Jin... - Jeon sussurrou. - Você está bem?
- Ótimo. - Os olhos negros de Jin abriram-se vacilantemente, então se fecharam.
Jeon arfou. Então um dos olhos da Jin abriu de volta.
- Te assustei, não foi? Ai, que fofo. Não se preocupe, os choques não vão me matar, -
ele sussurrou. - Eles só me tornam mais fortes. De qualquer jeito, valeu a pena para dar um olho preto praquela vaca, sabe? -
- Certo, afastem-se. Afastem-se, - uma voz rouca rugiu atrás deles.
Randy estava parada na entrada, o rosto vermelho e respirando violentamente. Era um pouco tarde demais para afastar qualquer coisa, Jeon pensou, mas então Molly estava inclinando-se na direção deles, seus saltos agulha fazendo um som seco no linóleo. A garota não tinha
vergonha. Ela realmente iria dar uma surra no Jin com Randy parada bem ali?
Felizmente, os braços fortes de Randy fecharam-se ao redor dela primeiro. Molly tentou chutar para se libertar e começou a gritar.
- É melhor alguém começar a falar, - Randy latiu, apertando Molly até
ela ficar frouxa. - Pensando melhor, todos os três apresentem-se para a detenção amanhã de manhã. Cemitério. Ao raiar do dia! - Randy olhou
para Molly. - Já se acalmou? -
Molly assentiu rigidamente, e Randy soltou-a. Ela se abaixou para onde Jin ainda estava deitado no colo de Jeon, seus braços cruzados sobre seu peito. De primeira, Jeon achou que Jin estava de mal-humor,
como um cachorro bravo com um enforcador, mas então Jeon sentiu um pequeno choque do corpo de Jin e percebeu que o garoto ainda estava à mercê da pulseira.
- Vamos, - Randy disse, mais suavemente. - Vamos te desligar. -
Ela estendeu sua mão para Jin e ajudou a puxar seu grande corpo trêmulo, virando-se somente uma vez na entrada para repetir ordens para Jeon e Molly.
- Raiar do dia! -
- Estou ansiosa por isso, - Molly disse docemente, abaixando-se para pegar o prato de bolo de carne que tinha deslizado de sua bandeja.
Ela balançou-o sobre a cabeça da Jeon por um segundo, então virou o prato de ponta-cabeça e amassou a comida em seu cabelo. Jeon
conseguia ouvir o esguicho de sua própria mortificação enquanto toda a Sword & Cross teve uma visão do novato coberto por bolo de carne.
- Impagável, - Molly disse, puxando a menor das câmeras prateada de um bolso traseiro em sua calça jeans. - Diga... bolo de carne, - ela
cantou, tirando algumas fotos de rosto. - Ficarão ótimas no meu blog.
- Belo chapéu, - alguém zombou do outro lado da lanchonete. Então, com trepidação, Jeon voltou seus olhos para Taehyung, rezando para que de
algum modo ele tivesse perdido a cena toda. Mas não. Ele estava balançando sua cabeça. Ele parecia chateado.
Até aquele momento, Jeon pensava que tinha uma chance de se levantar e simplesmente chacoalhar o incidente literalmente. Mas vendo a
reação do Taehyung - bem, finalmente o fez entender.
Ele não choraria na frente de qualquer uma daquelas pessoas horríveis.
Ele engoliu duramente, levantou-se, e se mandou. E se apressou na direção da porta mais próxima, ansioso por sentir um ar frio em seu rosto. Ao invés, a umidade sulista de setembro encobriu-o, sufocando-o, assim
que ele saiu. O céu tinha aquela cor de nada, um marrom acinzentado tão opressivamente brando que era até mesmo difícil achar o sol. Jeon
diminuiu, mas foi até a beirada do estacionamento antes de parar completamente.
Ele ansiava ver seu velho carro demolido ali, afundar no assento de pano esfiapado, acelerar o motor, ligar o som, e dar o fora desse maldito lugar.
Mas enquanto ficava parado na quente da calçada preta, a realidade assentou: Ele estava preso aqui, e um par de portões elevados de metal
separavam-no do mundo fora da Sword & Cross. Além do mas, mesmo que ele tivesse saída... para onde ele iria?
A sensação doentia em seu estômago lhe dizia tudo que ele precisava saber. Ele já estava no fundo do poço, e as coisas estavam ficando bem
sombrias. Era tão deprimente quanto era verdade: a Sword & Cross era tudo o que ele tinha.
Ele deixou seu rosto cair em suas mãos, sabendo que tinha que voltar. Mas quando ele ergueu sua cabeça, o resíduo em suas palmas a lembrou
que ele ainda estava encoberto pelo bolo de carne da Molly. Eca. Primeira parada, o banheiro mais próximo.
De volta lá dentro, Jeon entrou no banheiro unissex bem quando a porta estava abrindo. Lisa, que parecia ainda mais loira e perfeita agora
que Jeon parecia que tinha dado um mergulho no lixão, passou por ele se espremendo.
- Oopa, licença, querido, - ela disse. Sua voz com sotaque sulista era doce, mas seu rosto se enrugou ao ver Jeon. - Ai céus, você está horrível.
O que aconteceu?
O que aconteceu? Como se a escola toda já não soubesse. Essa garota provavelmente estava se fazendo de burra para que Jeon revivesse toda a
cena mortificante.
- Espere cinco minutos, - Jeon replicou, com mais aspereza em sua voz do que pretendia.
- Tenho certeza que fofoca se espalha como a praga aqui.
- Quer a minha base emprestada? - Lisa perguntou, oferecendo um estojo de maquiagem azul-pastel. - Você não se viu ainda, mas você vai.
- Obrigada, mas não. - Jeon a cortou, entrando no banheiro. Sem se olhar no espelho, ele ligou a torneira. Ele jogou água gelada em seu rosto
e finalmente soltou tudo. Lágrimas escorrendo, ele apertou o administrador de sabonete e tentou usar um pouco do sabonete barato
rosa empoado para tirar o bolo de carne. Mas ainda havia o problema do cabelo. E suas roupas definitivamente já tinham parecido e cheirado
melhor. Não que ele precisasse mais se preocupar em causar uma boa impressão.
A porta do banheiro se abriu e Jeon esbarrou contra a parede como um animal enjaulado. Quando uma estranha entrou, Jeon endureceu e
esperou pelo pior.
A garota tinha uma estrutura corporal atarracada, acentuada por uma quantidade anormal de camadas de roupa muitos números maiores que ela. Seu rosto largo era cercado por cabelo castanho cacheado, e seu óculos roxo claro balançou quando ela fungou. Ela parecia bastante modesta, mas também, aparências enganam. Suas duas mãos estavam colocadas atrás de suas costas de um jeito que, depois do dia que Jeon tinha tido, ele simplesmente não podia confiar.
- Sabe, você não devia estar aqui sem um passe, - a garota disse. Seu tom parecia ser sério.
- Eu sei. - O olhar nos olhos dessa garota confirmou a suspeita de Jeon de que era absolutamente impossível fazer uma pausa nesse lugar. Ela
começou a suspirar em rendição. - Eu só...
- Estou brincando. - A garota riu, girando seus olhos e relaxando sua postura. - Eu peguei shampoo do vestiário para você, - ela disse,
trazendo suas mãos para frente para mostrar duas embalagens plásticas de shampoo e condicionador de aparência inocente. - Vamos, - ela
disse, puxando uma cadeira de dobrar gasta - Vamos te limpar. Sente aqui.
Um barulho parcialmente de lástima e parcialmente de risada que ele nunca havia feito antes escapou dos lábios de Jungkook. Soava, ele achava, com alívio. A garota realmente estava sendo legal com ele, não só legal
do tipo colégio reformatório, mas legal do tipo pessoa normal! Por razão alguma. O choque disso era quase grande demais para Jungkook aguentar.
- Obrigado? - Jeon conseguiu dizer, ainda se sentindo um pouco cauteloso.
- Ah, e você provavelmente precisa de uma muda de roupas, - a garota disse, olhando para seu suéter preto e puxando-o sobre sua cabeça para expôr um suéter preto idêntico abaixo.
Quando ela viu o olhar de surpresa no rosto de Jungkook, ela disse, - O quê? Eu tenho um sistema imunológico hostil. Eu tenho que usar muitas
camadas e como me sinto mais confortável e protejida em roupas masculinas você teve sorte.
- Ah, bem, você ficará bem sem essa? - Jeon se forçou a perguntar, mesmo ele fazendo quase tudo agora para tirar a capa de carne que estava usando.
- É claro, - a garota disse, dispensando-o. - Tenho mais três debaixo dessa. E mais algumas no meu armário. Fique a vontade. Me machuca ver
um vegetariano coberta de carne. Sou muito empática. -
Jeon se perguntou como essa estranha conhecia suas preferências alimentícias, mas mais que isso, ele tinha que perguntar: - Hm, por que
você está sendo tão legal? -
A garota riu, suspirou, então balançou sua cabeça. - Nem todos na Sword & Cross são vadias ou atletas.
- Hein? - Jeon disse.
- Sword & Cross... Vadias e Atletas. Um péssimo apelido da cidade para essa escola. Obviamente não há nenhum atleta aqui. Eu não irei oprimir os seus ouvidos com alguns dos apelidos mais rudes que inventaram. -
Jeon riu.
- O que eu quero dizer é que, nem todos aqui são uns completos parvos.-
- Só a maioria? - Jeon perguntou, odiando ele já soar tão negativo. Mas foi uma manhã tão longa, e ele já tinha passado por tanto, e talvez essa garota não o julgasse por ser um tantinho irritado.
Para sua surpresa, a garota sorriu. - Exatamente. E eles certamente dão ao resto de nós uma má reputação. - Ela estendeu sua mão. - Sou
Pennyweather Van Syckle-Lockwood. Pode me chamar de Penn. -
- Entendi, - Jeon disse, ainda irritado demais para perceber que, em uma vida passada, ele poderia ter encoberto uma risada por causa do nome
dessa garota. Soava como se ela tivesse pulado diretamente de um romance de Dickens. Mas também, havia algo digno de confiança em uma garota com um nome como esse que conseguia se apresentar com uma cara séria. - Sou Jeon Jungkook. -
- E todos te chamam de Kook, - Penn disse. - E você se transferiu da Dover Prep, em New Hampshire. -
- Como sabe disso? - Jungkook perguntou lentamente.
- Palpite de sorte? - Penn deu de ombros. - Estou brincando, eu li seu arquivo, dãh. É um passatempo.
Jungkook encarou-a sem expressão. Talvez ele tenha sido precipitado demais
com aquele julgamento de ser confiável. Como Penn poderia ter tido acesso ao seu arquivo?
Penn tomou conta de ligar a água. Quando ficou quente, ela fez um movimento para Jeon abaixar sua cabeça na pia. - Veja, o negócio é que, - ela explicou, - eu não sou realmente louca.
Ela puxou Jeon por sua cabeça molhada. - Sem ofensa. - Então a abaixou de volta.
- Sou a única nesse colégio sem um mandado de corte. E você pode achar que não, mas ser legalmente sã tem suas vantagens. Por exemplo, eu sou a única em que confiam para ser ajudante no escritório.
O que é idiotice deles. Tenho acesso a todo tipo de porcaria confidencial.
- Mas se você não tem que estar aqui...
- Quando o seu pai é o caseiro do colégio, eles meio que tem que deixar você frequentá-lo de graça. Então... - Penn dissipou.
O pai de Penn era o caseiro? Pela visão do lugar, não tinha nem passado pela mente de Jeon que eles ao menos tinham um caseiro.
- Eu sei o que está pensando, - Penn disse, ajudando Jeon a limpar o fim de molho de carne de seu cabelo. - Que o lugar não é exatamente bem mantido?
- Não, - Jeon mentiu. Ele estava ansioso a ficar de bem com essa garota, e queria mandar vibrações de seja-minha-amiga muito mais do que queria parecer que realmente se importava se aparavam a grama da Sword &
Cross frequentemente. - É, hm, bem bonito.
- Papai morreu há dois anos, - Penn disse silenciosamente. - Eles até colocaram o velho decadente Diretor Udell como meu guardião legal, mas, hãn, eles nunca realmente contrataram um substituo para o papai.
- Sinto muito, - Jeon disse, abaixando sua voz, também. Então mais alguém aqui sabia o que era passar por uma grande perda.
- Tudo bem, - Penn disse, espremendo condicionador em sua palma. - É na verdade um colégio realmente bom. Eu gosto bastante daqui.
Agora a cabeça de Jeon se levantou com tudo, mandando respingo de água pelo banheiro. - Tem certeza de que não é louca? - ele provocou.
- Estou brincando. Odeio aqui. É uma porcaria total.
- Mas você não consegue se forçar a ir embora, - Jeon disse, inclinando sua cabeça, curioso.
Penn mordeu seu lábio. - Eu sei que é mórbido, mas mesmo que eu não estivesse presa ao Udell, eu não conseguiria. Meu pai está aqui. - Ela
gesticulou na direção do cemitério, invisível daqui.
- Ele é tudo que eu tenho.
- Então suponho que você tem mais do que outras pessoas nesse colégio. - Jeon disse, pensando em Jin. Sua mente voltou para o jeito como
Jin tinha agarrado sua mão na quadra hoje, o olhar ansioso em seus olhos pretos quando ele fez Jeon prometer que iria passar no seu quarto no
dormitório hoje à noite.
- Ele vai ficar bem, - Penn disse. - Não seria segunda-feira se Jin não fosse carregado para a enfermaria após um ataque.
- Mas não foi um ataque, - Jeon disse. - Foi aquela pulseira. Eu a vi. Estava dando choques nele.
- Nós temos uma definição muito ampla do que caracteriza um 'ataque' aqui na Sword & Cross. Sua nova inimiga, Molly? Ela já deu ataques
legendários. Eles ficam dizendo que vão mudar a medicação dela. Com sorte você terá o prazer de testemunhar pelo menos um bom surto antes
que eles mudem.
A inteligência de Penn era bastante notável. Passou pela cabeça de Jeon perguntar qual era a história do Taehyung, mas a complicada intensidade de seu interesse nele era provavelmente melhor mantida a uma base de necessidade. Pelo menos até que ele mesmo conseguisse entender.
Ele sentiu as mãos de Penn torcendo água de seu cabelo.
- Essa foi a última, - Penn disse. - Acho que você está finalmente livre de carne.
Jeon olhou para o espelho e correu suas mãos por seu cabelo. Penn estava certa. Exceto pela cicatriz emocional e a dor em seu pé direito, não havia evidência de seu rolo na lanchonete com Molly.
- Só fico feliz por você ter cabelo curto, - Penn disse. - Se ainda fosse comprido como era na foto no seu arquivo, essa teria sido uma operação
bem mais comprida.
Jeon olhou embasbacado para ela. - Vou ter que ficar de olho em você, não vou?
Penn enlaçou seu braço no de Jeon e guiou-o para fora do banheiro.
- Só fique de bem comigo e ninguém se machucará.
Jeon mandou a Penn um olhar preocupado, mas o rosto de Penn não demonstrava nada.
- Você está brincando, certo? - Jeon perguntou.
Penn sorriu, repentinamente feliz.
- Vamos, temos que ir para aula. Não está feliz por termos o mesmo horário de tarde?
Jeon riu.
- Quando você vai parar de saber tudo sobre mim? -
- Não no futuro próximo.
Penn disse, empurrando-o pelo corredor e de volta na direção das salas de aula de bloco de cimento.
- Você logo aprenderá a amar isso, eu prometo. Sou uma amiga muito poderosa a se ter.

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