002

22 6 2
                                    


Vira Christopher uma única vez, logo que ela começara a trabalhar no hospital, e lembrava-se per­feitamente do impacto que aquele homem lhe causara. Ele quase não falara, e mal notara a presença dela. Ainda assim, quando Dulce fitou-o nos olhos, sentiu o coração acelerado, a respiração difícil e sinais de alerta em sua mente. Até notar a aliança na mão esquerda. Então, suspirou aliviada.

Isso acontecera havia dois anos, quando ele ainda era um homem casado. Agora, porém, as coisas haviam mu­dado. Algumas coisas, pelo menos. Dulce ainda fugia de envolvimentos emocionais. Preferia não correr o risco de ver-se envolvida com alguém, desde que tivesse escolha. Mas, não tivera. O Dr. Anderson fora categórico ao de­signá-la como fisioterapeuta de Uckermann e ela absolutamente não poderia fugir do compromisso.

E, estava atrasada. Não só perdida, como atrasada.

Encolhendo os ombros, manobrou o carro.

- É impossível vencer num dia com gosto de bacon queimado - resmungou, perguntando-se se Uckermann entendia sobre dias como aquele. Só tinha que entender. Afinal, um cirurgião com mãos feridas, inutilizadas, com certeza já enfrentara muitos dias com gosto de bacon queimado em um ano e meio. Muito mais do que ela!

Logo, ela se arrependeu por pensar assim. Christopher não tinha culpa se o dia começara mal para ela, se sua lista de pacientes era imensa ou se ela não prestara mais atenção ao mapa que o Dr. Anderson lhe dera.

Dentro de pouco tempo, seu dia começaria a melho­rar. Assim que estivesse em casa com Charles. Então, brincariam, conversariam sobre coisas sem importân­cia, ou muito importantes. Talvez, até discutissem so­bre a possibilidade de encontrar um pai para ele. Pla­nejar a busca de um homem que quisesse uma esposa e um filho. Tudo se arranjaria e seu mundo voltaria a ser azul e brilhante de novo.

Além do mais, não poderia assumir uma atitude derrotista. Tinha um trabalho a fazer, um compromisso a cumprir. A primeira tarefa, importantíssima, aliás, era encontrar a casa do homem, examiná-lo e planejar um esquema de trabalho.

Tinha que estabelecer uma relação simples de paciente-terapeuta... e bloquear toda e qualquer lembran­ça do que sentira quando vira aquele homem pela pri­meira vez.

Sentado em sua casa quase vazia, ucker ouvia o monótono tique-taque do relógio. Como uma torneira pingando incessantemente, o som irritava, impedindo que os pensamentos vagassem à vontade, mantendo-o preso ao presente, fazendo-o lembrar-se de algo. Algo que ele deveria lembrar-se. O que era?

Oh, sim! Aquele era o dia em que o Dr. Anderson mandaria a fisioterapeuta, a melhor que o dinheiro poderia pagar, segundo ele. Ela viria. Quando? Qua­renta e cinco minutos atrás.

Fechando os olhos, Ucker respirou longa e lenta­mente. Reclinou a cabeça no encosto do sofá. Ótimo. Com certeza, Anderson esquecera. Dois dias antes, o médico aparecera lá esbravejando, acusando-o de estar negligenciando a si próprio e clamando que ele deveria continuar vivendo. Pior ainda. O homem insistira que, como amigo, tinha o direito de dizer-lhe que ele estava perdendo muito tempo mergulhado na auto-piedade.

Depois, o homem saíra, avisando-o que mandaria uma fisioterapeuta, independente da vontade de Ucker. Frisara que recorreria a todos os meios, até mesmo legais, se preciso, para garantir que Ucker recebesse o trata­mento adequado. Até mesmo ameaçara chamar Annie, a irmã de Ucker. A irmã amorosa, emotiva. A irmã para quem ele mentia havia um ano, tranqüilizando-a, assegurando de que estava muito bem.

Se Anderson a chamasse, seria o caos. Annie viria chorando, querendo falar sobre Amy e Joanna, revi­vendo lembranças que Ucker levara meses tentando destruir. Ela reavivaria tudo e ainda traria a família, os cinco filhos com quem Amy costumava brincar. Annie traria amor, lágrimas e crianças, coisas com as quais ele não sabia mais como lidar. No desespero de vê-la ir embora, acabaria por magoá-la, com certeza. Na verdade, Annie se magoaria apenas vendo o es­pectro em que seu irmão se transformara. Não, ele não poderia correr o risco.

Ucker não duvidava que Dan Anderson cumprisse a ameaça. Ele era um médico competente, um homem astuto. Insistente e enérgico, mesmo quando trata­va-se de um amigo. Mas, felizmente, era também muito ocupado e, obviamente, esquecera-se de man­dar a fisioterapeuta.

 Mas, felizmente, era também muito ocupado e, obviamente, esquecera-se de man­dar a fisioterapeuta

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Volteiiiiiiii
Meus amores 💖😍😍😍
E agora é para ficar mesmo.....
COMENTEEEEM bastante

Deixeeeem a estrela 🌟🌟

Já já tem mais .
Beijos amoras

🖤𝑨 𝑷𝒆𝒓𝒇𝒆𝒄𝒕 𝑭𝒂𝒕𝒉𝒆𝒓❤️ -->Onde histórias criam vida. Descubra agora