003

28 5 6
                                    

Ótimo, Ucker pensou. Isso o pouparia do trabalho de expulsá-la de sua casa.

Também evitaria discussões para mostrar que os planos bem-intencionados de Anderson não trariam sua esposa e sua filha de volta. Nada poderia modificar o que já acontecera. Mesmo que Anderson e sua fisio­terapeuta fizessem o milagre de devolver-lhe as mãos, mesmo que ele continuasse salvando vidas pelo resto de seus dias, nada disso faria a menor diferença para ele. Ainda ouviria os gritos da filha ecoando noite a fora, ainda acordaria molhado de suor e tremendo na escuridão... exatamente como merecia.

Não, nada mudaria. Nem queria que mudasse. Não queria uma bendita fisioterapeuta, nem uma segunda chance. Queria apenas ficar sozinho. Completamente sozinho.

A campainha soou. Dois toques longos, quebrando o silêncio. Droga. Ela estava atrasada, mas estava lá. Só podia ser ela. Ninguém, além de Anderson, come­teria a tolice de procurá-lo. E Dan deveria estar no hospital, naquela hora.

Ucker levantou-se. Caminhou até a porta e ficou olhando para a maçaneta. Não fez menção de tocá-la.

- Está aberta - disse.

Estava sempre aberta, claro. Não conseguia manu­sear o mecanismo, nem manusearia, se pudesse. Quem poderia condenar um homem em luta contra os pró­prios demônios?

Então, a porta se abriu e todos os pensamentos relativos a fechaduras, maçanetas e demônios dissipa­ram-se. Um mulher surgiu no túnel formado pela cla­ridade da porta aberta. Tinha cabelos cor de mel, com­pridos e encaracolados, que o vento jogara nas faces dela. Ucker reparou que a cabeça da mulher mal batia nos ombros dele. Notou também que enquanto ela sorria, os olhos azuis-esverdeados mostravam-se cautelosos.

A cautela era algo, uma ferramenta, que Ucker po­deria usar. Dan Anderson pensava que tinha Ucker em suas mãos, mas Ucker seria capaz de apostar que Dan não tinha percebido a preocupação estampada na­queles olhos azuis-esverdeados. Se aquela era a melhor profissional que o Southeastern Illinois Memorial pode­ria oferecer, então, ele estava praticamente
livre. Em cinco minutos, ela estaria voltando para Dan Anderson.

Ucker forçou algo que consideraria como um esboço de sorriso. Afinal, sorrisos não faziam mais parte do cotidiano de Christopher Uckermann.

Ela continuava olhando para ele, ainda sorrindo.

- Olá, Dr. Uckermann. Sou Dulce maria. O Dr. An­derson já conversou com você.

- É você quem está dizendo. - Ucker não deu um passo, nem convidou-a a entrar. Adoraria cruzar os braços e assumir uma postura ameaçadora. Porém, tal gesto só chamaria a atenção para o fato de seus dedos não mais se fecharem ao redor do bíceps. Com os braços para trás, inclinou-se, encarando Dulce maria. - Você e Dan estão enganados, srta. Não preciso de fisioterapeuta.

Pelos cálculos de Ucker, ela deveria ter recuado alguns passos. Ele era mais alto, mais forte e estava invadindo o espaço que ela ocupava naquele momento. Ele a estava pressionando.

O sorriso dela se alargou. Mas Ucker percebeu que, sob a pele macia do pescoço, as pulsações se ace­leravam, três batidas mais rápidas, talvez quatro. Não era o que esperava, mas já era alguma coisa.

-     Sei que não pediu uma fisioterapeuta, Dr. Uckermann. O Dr. Anderson esclareceu muito bem a situação. Você não quer uma fisioterapeuta. Mas, receio que ar­rumou uma. - Encolheu os ombros. - A propósito, desculpe o atraso. É que errei o caminho e acabei me atrasando. Você mora bem longe da civilização, não?

Ignorando o fato de Ucker ainda estar quase colado a ela, Dulce esgueirou-se porta adentro. Ucker vol­tou-se para observá-la. Ainda não fechara a porta. Nem pretendia. Não enquanto aquela mulher mignon e in­desejável não voltasse para o lugar de onde viera.

Espantado, viu-a caminhar em direção das janelas. Puxando os cordéis, ela abriu as cortinas, as mesmas que ele nunca abrira, permitindo que a claridade in­vadisse a sala.

Ucker sentiu o sangue subir-lhe à cabeça. Nem tentou esconder a contrariedade.

-     Pensei que tivesse sido claro, moça. Quero que saia daqui. Agora. Não importa o que Dan lhe disse. Trata-se do meu corpo, da minha vida, da minha casa. Não a convidei para vir aqui e, portanto, não sou ob­rigado a suportar sua presença.

Dulce permaneceu impassível, mas seus lábios tre­meram levemente. Ucker percebeu, porque alguns fios de cabelo grudaram neles e ela os afastou com os dedos. Esse movimento revelou a orelha pequena que estivera escondida até então. De repente, ele desejou que ela fosse maior, menos atraente, com aqueles lábios finos e olhos frios. Desejou que ela prendesse os cabelos cor de mel num coque e o escondesse com um chapéu. Desejou que ela sumisse dali. Rápido.



Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Oiiii meus amores, quanto tempo né??!
Boom , eu estava muito desanimada , até porque não tenho muito incentivo, decide postar esse capítulo e se tiver muitos comentários  eu continuo postando ,se não vou abandonar e é isso!!!

Se querem a continuação COMENTEEEEM
Deixem a estrela que ajuda bastante , se puder compartilhar eu agradeço .

Amo vocês amoraaas ...

Aqui no perfil é recíproco , comentou?? Capítulo novinho chega ,  não comentou? Não chega ....

Mas ainda sim amo vocês ...

E não me matem se  eu der uma sumida novamente kkkkkk

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 23, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

🖤𝑨 𝑷𝒆𝒓𝒇𝒆𝒄𝒕 𝑭𝒂𝒕𝒉𝒆𝒓❤️ -->Onde histórias criam vida. Descubra agora