(nem tão) querida eu,
essa de tranças no cabelo e hematomas nos joelhos.
o que você causa em mim nem mesmo eu sei explicar.
me machuca,
me cura,
me fere e pisa,
me morde e assopra.
me mostra o gosto do céu para, depois, me levar ao inferno.
me pergunta se tenho sede para me fazer tomar vinagre
e culpa.
enche-me de companhias,
para me servir uma dose de solidão
e medo
[e eu me embriago.
você, que insiste em se chamar de Eu
me invade e me preenche consigo
e eu
que não tenho para onde correr
me vejo presa neste espelho
que reflete esta imagem horrenda e angustiante
fundida com receio e terror
e alguém que temo, mas não posso negar que sou:
eu.
vamos ver quem mata quem primeiro.
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Finais infelizes - Cartas aos Monstros
PoetryEste é um livro escrito especialmente aos monstros que já tomaram conta de mim. Não é uma rota de fuga. É uma dedicação ao monstro que também tenho me tornado.