aprisionada no pico,
não possuo as chaves das correntes.
enquanto os braços descansam um pouco,
fico livre, alegre e sorridente.
sei que devo aproveitar e curtir a vista,
mas a felicidade ainda me parece só um momento.
sei que em breve eles virão,
quando o sol se pôr e a escuridão tomar conta,
não terei tempo de admirar as estrelas.
cheguei ao ponto de escrever aos monstros mesmo quando eles não estão.
ontem estava no chão, hoje atingi o ápice.
esqueci-me de como agir quando as coisas estão bem.
o que faço?
devo jogar-me?
sei que em breve serei arrastada de volta à caverna
e estarei novamente onde deveria estar.
os pássaros voam alto
parece bonito lá embaixo
é tarde demais para me jogar?
sei que eles não vão deixar, o martírio é mais emocionante
(sinto meus braços doerem)
acabou-se o momento triunfante.
queria ficar mais um pouco,
(ao menos tomei um pouco de ar puro)
mas volto a ser o que era antes:
uma presa dos monstros
aprisionada a essa vida torturante
[de volta aos grilhões
mais uma carta sem sentido, de uma escritora medíocre, endereçada a qualquer um dos monstros com um pouco de compaixão.
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Finais infelizes - Cartas aos Monstros
شِعرEste é um livro escrito especialmente aos monstros que já tomaram conta de mim. Não é uma rota de fuga. É uma dedicação ao monstro que também tenho me tornado.