Kim Taehyung

273 41 16
                                    

— Kim Taehyung Kim, rei dos papéis e tintas!

— Você... — Taehyung deu um suspiro cansado.

— Ora, ora, ora, é assim que você saúda um amigo de longa data? — Ele riu, sarcástico.

— E eu sou seu amigo, por acaso?

— Ah, você é! Vem, vamos beber alguma coisa.

— Algo que seque mais a garganta do que isso? — Pôs a taça vazia numa bandeja passando na mão de um garçom.

— Eu posso te oferecer algo bom pra sua garganta... — Passaram por cortinas vermelhas, que davam para uma sala privada. — Mas não aqui.

— Passo. — Taehyung não esperou ser convidado pra sentar.

— Eu gostaria de saber até quando. — Deu mais uma de suas risadinhas burlescas, enchendo dois copos redondos de whisky.

— Não é da sua conta.

— Longe de mim me meter. — Passou um copo para Taehyung e se sentou. — Mas, fingindo que eu estou interessado... — Cruzou as pernas. — Qual mesmo o último lançamento da sua editora?

— Deuses americanos. — Respondeu. — Neil Gaiman.

— Ah! Sei qual é! — Exclamou. — Aquela história aonde deuses estão lutando para não serem esquecidos...

— Pois se forem, morrem. — Completou. — Essa mesma.

— Hã... — Riu. — Seria fácil se fosse assim com a gente, hein? — Tomou um gole de whisky.

— Seria... — Taehyung brincou com o fluído no seu copo.

— Sabe uma coisa? — Pôs o copo na mesa. — Deuses morrem porque não tomam o sangue do sacrifício direto no gargalo.

— Você está me testando?

— Não posso apenas estar preocupado? —Taehyung revirou os olhos. — Bom, eu tenho certo tempo pra tentar te convencer, não?

— Jimin chega às nove.

— Hm... Sei... Seu novo... — Fez aspas com os dedos. — "Mordomo"?

Jimin acordou com o travesseiro macio da casa do senhor Kim debaixo da cabeça e ficou feliz em constatar pra si mesmo que todas aquelas imagens bizarramente vívidas caindo da sua memória como uma chuva de granizo era só um sonho estranho. "O senhor Sonho pede sonhos estranhos em troca de noites bem dormidas", era o que sua mãe costumava dizer e ele sorriu ao lembrar disso. Se espreguiçou; ele dormiu bem aquela noite.

Desceu da cama pra poder abrir a janela e, bem, estava nu? Desde quando ele dormia pelado? E desde quando ele dormia com a cortina aberta, porque, agora se dava conta, a cortina estava aberta.

— Ah, dane-se. — Abriu o armário pra se vestir e a imagem que encontrou no espelho atrás da porta não era bem o que ele esperava. — Ah, cara... Não fode comigo... — Murmurou pra si mesmo. Tinham dois furos no seu pescoço, e seu corpo estava cheio de manchas vermelhas de sangue seco. Seu sangue seco. Além de marcas de dedos nas pernas.

Ele não dormiu bem por ter tido um sonho estranho... ele dormiu bem por ter gozado na boca do seu, diga-se de passagem, patrão.

— Ótimo! — Reclamou pra si mesmo, indo tomar um banho. — Agora as histórias de Jeon Jungkook são reais. Aonde foi que eu me enfiei?

Abotoou a camisa até o último botão, cobrindo o curativo no pescoço. Tudo aconteceu tão rápido, à meia luz, sem porquês nem explicações, só... Aconteceu. E era tudo tão estranho.

Blood Price - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora