O Despertar

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E lá vamos nós mais uma vez... A uma interminável dor ocasionada por uma faca, tesoura ou um canivete, seja lá o que aquela vadia estava segurando antes de me golpear por trás e me colocar pra dormir. É sempre assim, eles me matam e depois eu volto, só espero que dessa vez não demore muito para um filho da puta qualquer me trazer de volta. Esse era o lado positivo de ser o Chucky, mesmo morrendo podia voltar, já o lado negativo era todo o resto.

Uma claridade incomoda me atrapalhava a dormir, diferente de como pensei que seria, parece que voltaria a ser o boneco "cara legal" mais rápido que o esperado. Tento abrir os olhos mais sou atrapalhado pelo sol ofuscante que batia em meu rosto. Coloquei a mão na frente para tentar impedir que o sol continuasse me cegando e nesse mesmo instante pude ver com perfeição uma mão humana. O que estava acontecendo parecia ser impossível, balancei o braço na minha frente para certificar de que aquele braço realmente era meu, sim ele era. Movi os dois braços à frente e os balancei ainda sem acreditar no que via diante dos meus olhos.

Consegui! Como? Quando? E por quê?

Não me lembro de ter feito o ritual para transferir minha alma a um corpo humano, então como estava ali deitado no meio do deserto dentro de um corpo humano? Obviamente estou grato, mas como caralhos isso foi acontecer? A última coisa que me lembro foi de... Merda, não me recordo muito bem.

Coloquei-me de pé e olhei para toda a extensão do meu corpo, peguei um corpo de um magrelo pelo visto. Calça e botas pretas e uma blusa social igualmente escura. Avistei em minha volta a imensidão de areia que cobria todo o lugar onde estava. Maravilha, estou em um deserto, no meio do nado, sentindo um calor insuportável.

Que se dane, agora tenho um corpo humano e será só questão de tempo até que finalmente as coisas se ajeitem.

Espera! Antes preciso me certificar de uma coisa. Desabotoei a calça e puxei o zíper, tenho que saber se peguei um corpo que tem pelo menos um pau mediano. PUTA QUE PARIU! Esse é o meu pau, reconheço meu próprio pau mesmo estando a mais de dez anos sem vê-lo. Esse só pode ser o meu corpo. Passei as mãos desesperadamente pela minha cabeça e lá estava ele, meu cabelo continuava do mesmo jeito que me lembrava.

O que está acontecendo? Será que depois ter me ferrado tanto o próprio satã finalmente se apiedou de mim e me deu de volta meu corpo? Nah. Acho pouco provável. Bem, não importa. Preciso arrumar um jeito de sair desse fim de mundo e dar início aos assassinatos. Charles Lee Ray está de volta, mal posso esperar para poder matar com as minhas próprias mãos. Estrangular alguém, nossa que saudade de fazer isso.

Andei sem direção procurando qualquer tipo de vestígio de algo que não fosse rocha e areia. Observei de longe uma estrada de cimento, precisaria andar um pouco mais até chegar lá e esperar que uma alma caridosa passasse por ali e me ajudasse. Quando finalmente cheguei à rua, fiquei parado por muito tempo. Minha blusa ficou molhada pelo suor assim como os cabelos e testa que cada vez mais formava cotículas de água sobre ela. Improvisei um coque usando uma mexa para prender o restante do cabelo e voltei a andar pela estrada esperando encontrar pelo menos uma placa que me sinalizasse onde estava.

Mais uma vez caminhei, o sol que antes estava no centro do céu, agora se encontrava mais abaixo, provando que ainda que tenha conseguindo o meu objetivo de voltar à forma humana continuarei fardado a ter todos esses contratempos para me atrasar. E não passa a porra de um carro nessa droga de estrada.

Como se ouvissem a minha indignação um carro vinha vindo em altíssima velocidade, essa é a minha chance de sair desse lugar. Fique no centro da rua e balancei os braços para que o motorista de longe me visse e diminuísse a velocidade, o que foi entendido pelo outro que fez exatamente o esperado. Chegando próximo de mim, vi que se tratava de um carro bem-acabado e antigo, o motorista parou e abriu a janela.

Chucky Está de VoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora