🪴 • 𝐆𝐀𝐑𝐃𝐄𝐍 - eren x mikasa

1 - grama do vizinho

Dizem que a grama do vizinho sempre é mais verde que a nossa e talvez isso seja verdade.

Eu não tenho uma vaidade enorme com o meu quintal, essa coisa de cuidar e regar. Então só tem mato e algumas plantas mortas que um dia eu tentei plantar pra embelezar o meu quintal. Mas a verdade é que eu não tenho tempo pra isso, ou... não tinha, e por que tinha? Bem, eu... fui demitido, de uns tempos pra cá estava bem cansado porque trabalhava demais. Virava noites trabalhando pra entregar nos prazos, ou seja, sempre fazia rápido e entregava rápido mas... ser rápido não quer dizer ter qualidade.

Ok... eu admito que eu procrastinava e isso fazia com que eu acumulasse muito trabalho e resultasse no que deu. Sim, na minha demissão.

Eu deixei passar vários erros e se fosse apenas um estava tudo bem mas foram vários, diversos e isso não foi bem visto. A firma estava precisando cortar alguns custos, rever orçamento e bem... quem não fazia e não levava seu trabalho a sério iria rodar. Então, eu rodei.

É como se tivesse um quebra-cabeça enorme, perfeitinho precisando apenas de uma peça e você jura que você é essa peça mas no final você não é essa peça e é descartado. Aí... o peso de ser jogado como um nada e agora sem emprego, como contaria pra minha família.

Agora estava em frente da minha casa, sentado no degrau que estava descascando por não retocar a tinta branca. O que era branco já não era mais, agora era amarelado e preto em algumas partes. Eu queria trocar pra por um chão de madeira, aquelas claras e sutis mas não tinha tempo, agora eu tenho. Mas não tenho dinheiro.

Suspiro fundo e coloco a cabeça entre as minhas mãos, e começo a olhar a vizinhança, nunca havia parado pra observar. Sempre tão ocupado... mal ficava em casa. Foi apenas hoje que descobri que a casa ao lado estava vazia, pronta pra ser ocupada por alguém. Mas... o que tinha acontecido com o Levi? O meu vizinho compulsivo que não parava quieto com o gramado dele? Todo dia tirando o excesso, aparando e limpando. A sua casa era um brinco, ela brilhava de tão limpa... diferente da minha.

A resposta é simples: conseguiu um novo cargo que ganhava mais e se mudou. Bem, acho que não vou sentir falta dele.

Em plena 16 horas da tarde, com a minha blusa social branca com os primeiros botões desabotoados, a gravata afrouxada e com a calça preta que eu tinha comprado apenas pra trabalhar lá, estava eu pensando no que fazer da vida.

Nunca tinha pensando no quão monótona a vida podia ser, o quão chata... que saco.

Olho para um carro branco com alguns respingos de lama nele parar em frente a casa que não havia ninguém, ou pelo menos eu achava que não. Curioso, me levanto de onde estava sentado, limpo minhas mãos e em seguida a minha calça e vou em direção a jovem moça que saiu do carro.

Cabelo curto, olhos escuros e pele clara, tal como a neve. Boca delicada e só um pouco mais baixa do que eu. Vestia um vestido florido, verde com flores brancas, bem sútil. Seu carro tinha algumas malas e plantas dentro, além de uma bolsa com um gatinho preto peludo.

Ela nem percebeu a minha presença e entrou para a casa, deixando algumas coisas lá dentro e voltando para pegar o resto no carro. Só agora percebendo a minha presença.

— Ah... oi, acho que não te vi no dia em que vim visitar a vizinhança. — disse ela colocando a mão no coração. Acho que não esperava que tivesse alguém curioso xeretando a vida dela, tudo bem, não julgo odeio gente xereta. Mas admito que estou em tornando uma dessas pessoas.

— Bem... nem eu tinha te visto aqui. Na verdade eu quase não fico em casa, quer dizer... quase não ficava em casa. — dei uma risadinha desengonçada.