O Coração do Campeão - Serena e Liam

1 Tchau dignidade

Serena

⸻ Já me decidi, eu vou a forra! Vou enfiar o pé na jaca como se diz lá no Brasil, se tio Dominic quer assim, eu vou curtir a minha última noite de liberdade. ⸻ falei decidida e tomei o batom que minha prima segurava. ⸻ Passa pra cá.

⸻ Rena... Eu acho que não está encarando isso do jeito certo. Papai te deu um presente, não um castigo.

Revirei os olhos limpando os cantinhos da maquiagem.

⸻ Rina, nós duas sabemos o que isso é, eu estudei muito, muito mesmo para acabar como babá de riquinho mimado e esquentadinho.

⸻ Você está se baseando pela imprensa, ainda não conhece ele, e tem mais... Se você não quiser, não precisa ficar. ⸻ Explicou com a voz mais calma que conseguiu.

Mas ela não entendia, meu maior medo na vida era decepcionar meu tio. Ele havia me acolhido, apostado em mim, me criado, não podia negar seu primeiro pedido para mim. E aquilo era uma droga. Nunca gostei de dever nada para ninguém.

⸻ Não vou deixar tio Dominic na mão, Rina... Você não entenderia.

Mas ela pareceu entender, ou se lembrar das milhares de vezes em que havia dito que pagaria por toda a hospitalidade de meu tio um dia.

Crescer com minha prima havia sido uma montanha russa para a minha autoestima. Ela era linda, aquela beleza angelical que fazia inveja por onde passava. E contrariando o estereótipo de que mulher linda é desprovida de inteligência, Briana se formou como primeira da turma de finanças dois anos antes de mim. Terminei a faculdade de gestão e marketing no verão, em uma conceituada universidade que meu tio tinha contatos... Eu odiava tanto aquilo, desde os doze anos não sabia o que era fazer algo com meu esforço ou pensar por mim mesma, no que era melhor para mim. Imagino que meu tio tenha visto um caderno em branco quando me acolheu. E sim, a palavra é essa, eu fui acolhida e não adotada, continuo tendo o sobrenome de minha mãe e sendo só a prima pobre que mora com eles. Essa parte, Suzie, a esposa de meu tio, gostava de deixar bem claro.

⸻ Eu conheço você melhor que ninguém, e sei que se você realmente quiser isso, você transforma esse cara em um ursinho de pelúcia.

Dei um beijo em sua bochecha e fui para o espelho ajeitando bem o vestido vermelho e justo, agarrado aos meus quadris.

Meu corpo não era nem perto da perfeição que era o de minha prima, que fazia o estilo gostosa reservada. Já eu, colocava o que tinha pra jogo, raramente chamava atenção de alguém, mas eu sabia correr atrás, e quando acontecia, meu dedo podre entrava em ação. Aprendi no colegial que garotos eram diversão, distração e um conforto em tempos de provas, nada mais que isso.

Meu mantra da noite era. "Sou uma mulher solteira de 23 anos solta numa cidade pitoresca da Espanha cheia de turistas". Era isso.

Enlacei o braço ao de minha prima e sorri. ⸻ Inauguro agora, minha despedida da vida!

Briana me olhou horrorizada. ⸻ Credo, Rena! Que coisa mais horrível de se dizer.

⸻ É brincadeira. ⸻ fiz beicinho a puxando para fora do quarto. ⸻ Vem, vamos conhecer gatinhos catalães, catalões? Espanhóis! Foda-se, desde que sejam gatinhos. ⸻ dei de ombros.

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A minha festa virou um enterro!

Montmeló não era exatamente o tipo de cidade badalada que eu estava esperando, e aparentemente, os turistas ainda estavam chegando timidamente.

Primeiro ponto a se reparar sobre minhas expectativas a respeito de grandes prêmios. Eles são mais agitados na TV do que pessoalmente. Ou talvez fosse aquele.