Onde Amaya possui um dom que coloca uma enorme responsabilidade sobre seus ombros.
Ship principal: OC x Alec Volturi (ele foi transformado aos 17 nessa história, não aos 13)
Foto da capa por Max Nguyen no Unsplash
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Amaya nunca esteve tão animada na sua vida desde que soube que fariam uma sequência para o seu filme favorito da vida, também conhecido como Ready or not. E isso foi na semana anterior. Embora ainda estivesse animada sobre isso e estivesse ansiosa por qualquer migalha nova de informação que pudesse encontrar na internet, estava ainda mais ansiosa para cair fora da casa da sua mãe negligente e viver por um tempo com o seu pai.
Tudo bem, certo, talvez negligente fosse uma palavra muito forte. Ela apenas não tinha nascido para ser mãe e teve o azar de engravidar de gêmeas. Se Amaya fosse sincera, podia dizer que a sua irmã tinha cuidado mais de si do que qualquer outra pessoa (com exceção, é claro, do seu pai). Bella era definitivamente uma criança precoce, mesmo sendo a mais nova.
Precoce sendo uma outra palavra para chata, que também pode significar "pessoa com uma mãe negligente que teve que se tornar adulta desde o momento que conseguiu se apoiar sobre ambas as pernas e agora não sabe como ser uma adolescente".
Não importava o quanto Amaya tentava ajudar Bella a aproveitar alguma coisa da sua juventude, sua irmã sempre era a garota embaraçada e isolada do grupo. Mesmo quando esse grupo era composto apenas por elas duas e uma das suas amigas mais próximas.
Bella apenas não sabia como lidar com pessoas no geral.
— Você está encarando o céu uma expressão estranha — Bella comentou de repente.
— E você está estragando uma introdução perfeita — Amaya retrucou, mas ignorou completamente a expressão confusa da sua irmã-mais-nova-por-tipo-cinco-minutos e sorriu largamente para Phill, quem saía da casa carregando as suas malas — Yayy, até que enfim!
— Por que você está tão ansiosa para se livrar de mim? — Renée olhou acusadoramente para a sua filha mais velha.
Amaya ponderou por um momento se devia responder que simplesmente gostava mais do seu pai do que dela, mas decidiu que isso geraria mais drama do que poderia suportar aquela hora da manhã e apenas respondeu:
— Porque você derrubou meu celular na piscina semana passada.
— Eu já te dei outro! — Renee exclamou.
Amaya deu de ombros e saltitou até o carro, carregando com cuidado a caixa de transporte onde seu gato preto, Jack Skellington, estava, e então se jogou no banco traseiro rapidamente para evitar a sua mãe. A verdade é que, se isso não fosse destruir seus sapatos, ela iria pulando de felicidade para Forks. No entanto, ela não podia arriscar, aquele era seu par favorito: botas vermelhas de salto baixo que iam até abaixo dos seus joelhos.
Poucos minutos depois, Phill já tinha arrumado as malas no carro e entrado com Renee e Bella no carro. Dirigiram em silêncio a maior parte do caminho, já que Bella tinha enfiado a cabeça num livro e Amaya tinha os fones de ouvido no último volume.
Houve outra pausa e mais drama no aeroporto e então finalmente embarcaram. Amaya estava tentando controlar a sua ansiedade com música, mas não havia Chappel Roan o suficiente no mundo que a fizesse se distrair. Ela foi praticamente a primeira a sair do avião quando abriram as portas e, arrastando sua irmã consigo, saiu correndo (literalmente) em busca do seu pai.
Ela o encontrou rapidamente, antes que o Chefe de Polícia a visse primeiro, e então saltou sobre as suas costas. Charlie soltou uma exclamação surpresa, mas reconheceria a risada da filha em qualquer lugar.
— Ei, querida — ele disse, virando-se ainda com ela nas costas para procurar sua outra filha — Como foi a viagem de vocês?
— Foi tranquila — Bella murmurou, encolhendo os ombros sentindo-se completamente embaraçada com aquela situação. Como se já não estivesse o suficiente desconfortável morando com seu pai, agora também precisava fingir para si mesma que todos aqueles desconhecidos no aeroporto estavam olhando para a lanchonete atrás de si, e não para a sua irmã quase-adulta pendurada nas costas do pai como se fosse um bicho-preguiça.
Amaya finalmente deslizou de volta para o chão e parou ao seu lado, sorrindo brilhantemente para o mais velho.
— É ótimo te ver, pai! Você não envelheceu um dia, continua um gato!
Charlie riu dela e pegou as malas.
— Você continua dizendo isso, mas eu não vejo nenhuma fila de mulheres na minha porta.
— As mulheres em Forks tem mal gosto, simples assim — Amaya disse com desdém, liderando o caminho conforme caminhavam para a entrada principal — Mas não se preocupe, eu sei que você vai encontrar alguém e ela vai ser ótima!
Charlie sorriu em silêncio para aquilo. Geralmente, quando Amaya dizia as coisas naquele tom de voz, aquilo se tornava realidade, mas ele decidiu não deixar suas esperanças subirem muito. Não era como se ele tivesse muito tempo livre para sair em encontros, de qualquer jeito.
Num silêncio confortável, pelo menos para os dois mais velhos, o trio caminhou até a viatura estacionada do lado de fora do aeroporto. Bella tentou não deixar a sua ansiedade subir muito quando notou os muitos olhares curiosos para aquilo, enquanto sua irmã sequer notou, ou se importou com isso.
Esse silêncio perdurou por boa parte do caminho, até Charlie decidir puxar assunto com Bella. Alerta de spoiler: foi uma situação constrangedora para todas as partes envolvidas naquilo, mesmo para Amaya, quem podia sentir a tensão e a vergonha alheia atravessar as ondas sonoras do radio. Ele sorriu e olhou pela janela.
Forks era uma pequena cidade gelada que ficava tão ao sul que quase era possível fingir que não estava nos Estados Unidos. Havia verde por todo lado e isso fazia com que ela se sentisse em casa de uma forma que sequer era capaz de explicar. Mal podia esperar pela hora de caminhar entre as árvores.
Amaya praticamente saltou para fora do carro e esperou impacientemente por seu pai e irmã para poderem entrar. Ela liderou o caminho para cima, ignorando enquanto Charlie dizia para Bella coisas como o fato deles terem que dividir o banheiro, e foi direto para o seu quarto. O sorriso que estava grudado no seu rosto durante o caminho inteiro aumentou.
Seu quarto era pequeno, quentinho e a janela dava para os fundos, onde tinha uma vista privilegiada das árvores e do céu nublado. Lentamente, ela se aproximou da cama, deixou as malas sobre a colcha cor de vinho e seguiu para a janela, seus olhos fixos no horizonte.
No entanto, naquele momento, ela não observava a floresta. O sorriso dela se dissolveu lentamente conforme sua mente era preenchida com imagens que ela já tinha cravadas no seu cérebro. Sabia muito bem o que significava voltar, estar naquela casa, naquele momento, com a sua irmã. Sabia o que aconteceria, o que poderia acontecer.
Um longo suspiro escapou dos seus lábios, seus olhos vazios ainda encaravam o horizonte sem vê-lo. Então ouviu os passos e forçou um sorriso brilhante no rosto, mesmo que ele não alcançasse os olhos, antes de girar sobre os pés a fim de virar para seu pai.
— Eu mantive o quarto limpo, mas não mudei nada de lugar — ele garantiu, coçando a parte de trás da cabeça.
— Eu não ficaria chateada se tivesse — Amaya respondeu, se aproximando dele em passos largos antes de abraçá-lo com força — Obrigada, pai.
Ele hesitou por um momento, surpreso, mas logo enrolou seus braços afetuosamente ao redor da jovem.
— Está tudo bem? — ele perguntou em voz baixa, quase como se falassem de um segredo.
Amaya não respondeu imediatamente, tomando alguns segundos para apenas abraçá-lo, então deu um passo para trás e sorriu para o mais velho.
— Acho que a sua visita chegou, pai.
Ele piscou, encarando sua filha completamente confuso, mas segundos depois o som da buzina refrescou sua memória.
— Ah, o Billy deve ter chegado! Chama a sua irmã, eu tenho uma surpresa para vocês!
Ele saiu do quarto e Amaya ficou ali por alguns segundos, um pequeno sorriso triste no rosto. Uma dor invisível pesava nos seus ombros e ela queria poder sentar num lugar escuro e fingir que não existia. Apenas um pouco. Permitiu-se imaginar isso por um segundo, apenas um segundo, então vestiu um sorriso brilhante e foi chamar Bella.
