Capítulo 3 Visão

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Lizzie estava na cantina pensando em suas opções. Aparentemente, Josie e Hope não gostaram muito de poder ouvir as vozes uma da outra o dia inteiro. Idiotas ingratas. Como ela podia saber que a voz ligada ia fazer parecer que a pessoa estava gritando em seu ouvido? Com certeza, não era muito bom ouvir a voz de sua amada gritando, mas o fato delas se ouvirem o tempo todo devia ter indicado algo, não é mesmo?

Lizzie suspirou. Bem, parecia que era hora para um segundo feitiço. Felizmente, o esquadrão estava pronto para essa possibilidade. Se os doces tons da voz da outra não as convencesse, então ver uma a outra de uma forma diferente, convenceria.

Afinal elas se amavam. E Lizzie ia se assegurar que elas percebessem isso.

Sim, um feitiço para afetar a visão (também adaptado de um feitiço usado em tempos de guerra para os objetivos deles) ia ser usado. Quanto mais uma pessoa gostasse da outra, quanto mais confiasse nela e ela confiasse também, mais forte seria seu efeito na visão. Aqueles que fossem considerados inimigos, produziriam um efeito negativo.

Josie e Hope se olhariam com estrelas nos olhos. Literalmente.

Lizzie decidiu que ela era praticamente um gênio.

Josie estava ficando cega. Hope tinha certeza que estava com problemas em sua visão. Por que mais então apareceriam faíscas ao redor de certas pessoas enquanto outras brilhavam com um vermelho infernal?

Começou logo de manhã, do mesmo jeito que seu problema com os ouvidos. Josie mal olhou para Lizzie, que parecia brilhar contra a luz da manhã. Ela deu os ombros, pensando que Lizzie tivesse feito algum feitiço para "aprimorar" sua beleza. Entretanto, quando Josie olhou de novo viu que Lizzie não estava envolvida por um brilho, mas faíscas pareciam estar saindo dela. Naturalmente, Josie ficou preocupada com o fato. Primeiro, tentou abafar Lizzie com um cobertor, pensando que ela estava pegando fogo. Depois da reação violenta de Lizzie a esse gesto, Josie tentou alguns feitiços pra tirar qualquer magia sob qual Lizzie estivesse. Estranhamente, Lizzie virou os olhos, resmungou alguma coisa que não pareceu um elogio e empurrou Josie para o chuveiro.

Hope não teve melhor sorte, achando que alaric estava em chamas na porta de seu quarto, e depois de receber alguns (muitos) sermões por sua preocupação, tentou a mesma tática de Josie, murmurando alguns feitiços discretamente, mas nada funcionava. Deixou para lá, já tinha coisa demais na cabeça para enfiar mais uma.

O problema começou de verdade quando Josie e Hope desceram para a cantina para tomar café. Hope já tinha chegado, e tomava um café da manhã quando Josie entrou com Lizzie. Quando se viram, as duas gritaram de dor (o grito de Hope saiu como um rosnado, parecia que estava prestes a se tranformar) e tiraram os olhos uma da outra. Mg e Kaleb olharam sem nenhuma preocupação. Lizzie ficou surpresa. Rafael apenas sorriu e fez um comentário tão sem sentido que a autora prefere não relatá-lo.

-O que? O que foi? - Kaleb perguntou, indo até Hope, que estava curvada de dor. Ele olhou para Josie, que estava na mesma posição.

Hope olhou para ele, piscando rápido, com lágrimas escorrendo por seus olhos. -Eu apenas olhei para Josie - ela começou, com a voz bem fraca, -E havia uma luz ao redor dela. Era tão...

-Forte -Josie terminou, levantando e olhando pra qualquer lugar, menos para Hope. -Não conseguia olhar pra ela. Ela estava revestido de luz.- Franziu a testa, preocupada. -Hope, brigou com algum monstro estranho esses dias? Algum que tenha te afetado.

-Me fazendo ver luzes ao redor de certas pessoas? E fazendo você brilhar tão forte que eu não posso nem te olhar? Que tipo de monstro seria esse?

Josie franziu a testa novamente e notou que Lizzie parecia estranhamente nervosa. Ela precisava de mais informações. -Descreva o que vê, Hope.

-O que? Ah, claro. Bem, não posso olhar pra você porque brilha muito. Tem um bocado de faíscas saindo de Lizzie e de Kaleb e Mg também saem algumas. Hã, Landon tem algumas faíscas, Jed e Rafael estão, hã, que estranho, vermelhos e Flinch está brilhando com algumas faíscas vermelhas.

Ao ouvir a última frase, Lizzie se engasgou e começou a tossir violentamente. O problema da visão de Josie e Hope ficou em segundo plano enquanto as duas, ainda cuidando para não se olharem, tentavam evitar que Lizzie morresse asfixiada. Nenhum das duas viu os olhares de preocupação trocados pelos outros do esquadrão.

Lizzie conseguiu se recuperar, mas estava tão abalada que Josie sugeriu que ela fosse ver Emma, ver se ela tinha algo para ajudá-la. Hope rapidamente se voluntariou para acompanhá-la, já que não ficava completamente cega quando olhava para Lizzie.

Emma fez um feitiço de animação para Lizzie, mas como ela não estava doente de verdade, a deixou hiper-ativa (mais ainda) o resto dia. Não é necessário dizer, hiper-ativa e Lizzie não é uma boa combinação. Lizzie teve que ser segurada para não bater em Flinch nada mais que seis vezes; um recorde, até mesmo para ela. Quanto menos se disser sobre o comportamento dela, melhor. Pelo lado bom, Lizzie conseguiu fazer sua aula normal sem se distrair, surpreendendo tanto o Professor que ele deu uma detenção a Lizzie, pois tinha certeza que a garota colara. Lizzie nem ligou e agora estava pensando em pedir ajudar de Emma para aprender o feitiço.

Emma não tinha nenhuma sugestão para Hope e na verdade ficou bem intrigada com os sintomas dela. As faíscas e o brilho vermelho pareciam tão familiares; ela sabia já ouvira falar desse feitiço antes. Não havia nada a ser feito, ela disse. Se isso continuasse, Hope deveria visitá-la no dia seguinte.

Mas isso não ajudava Josie e Hope agora. Elas foram para as aulas e tentaram se concentrar ao máximo, mas não conseguiam. Ver flashes de luz ou brilho vermelho (a maioria vindo dos lobisomens, estranho) emanando das pessoas não era algo que deixava o dia bom. Josie não conseguiu enxergar o livro que estava lendo pelo tanto que as pessoas na biblioteca brilhavam. Hope, não conseguia se concentrar em seu treino na quadra com tantos lobisomens juntos, estava quase chorando. Estranhamente, pelo menos para Josie e Hope, Lizzie também estava quase em prantos. Naturalmente, Hope não aguentava mais.

-JÁ CHEGA! - ela gritou de repente quando olhou sem querer para Josie na cantina durante o jantar e ficou sem enxergar. -Quem quer que tenha feito isso, é um homem morto. Ou mulher. Ou monstro! Quem ou o que fez isso é melhor correr antes que eu descubra quem é, -ameaçou.

Lizzie começou a ficar nervosa de novo. Kaleb e Mg tentavam se encolher ao máximo. Uma Hope raivosa nunca era uma coisa boa. Monstros de Malivore morriam quando isso acontecia. Isso era bom, claro, mas como não tinham nenhum monstro no momento, Hope podia atacar toda a cantina. Ou toda escola. Uma tribida irritada era melhor não ter ninguém por perto.

Josie tentou acalmar Hope. -Hope, não se preocupe. Estou pesquisando e acho que encontrei algo. Poderemos fazer um contra-feitiço amanhã.

-Mas quero poder olhar pra você hoje!

Kaleb e MG bateram as mãos no ar. Lizzie olhou para eles antes de um pequeno sorriso aparecer em seu rosto.

-Hope, vamos ficar bem. Vamos para cama... – nessa hora, Kaleb e Penelope quase não podiam segurar o sorriso malicioso. E assim, parecia que seus olhos iam saltar das órbitas. -E dormir. Vamos resolver isso, eu prometo - Josie disse.

Hope ficou pensativa, e pra dizer a verdade, estava engraçada, pois ela estava tendo essa conversa com os olhos fechados, mas eventualmente concordou com a cabeça.

Hope foi para seu quarto acompanhada de Josie, a cabeça de Hope sobre o ombro de Josie. Ela ainda sussurrava palavras de conforto no ouvido de Hope.

Penelope e Kaleb mal podiam segurar seus gritos de alegria.

Ataque aos sentidos -HosieOnde histórias criam vida. Descubra agora