BIGGER | LEWIS HAMILTON

CAPÍTULO 2 | "DINNER"

Jamila | "DINNER"

— Vocês nunca tinham se falado antes? — Virgil me questionou. Ele estava claramente curioso, notou que interagimos bem mesmo em sua ausência.

Neguei com a cabeça.

— Obviamente eu sei quem ele é e o que ele representa, o admiro, mas nunca falei com ele antes, eu simplesmente nunca tive nenhum tipo de contato — eu lhe disse com extrema franqueza.

Eu nem sei se frequentamos os mesmos lugares, possivelmente não. O cara é piloto de Fórmula 1, nunca tem tempo pra nada e quando tem é pra algum evento específico, como aniversários ou alguma premiação. Eu sinceramente nem imagino o que é viver essa vida. Além disso, o grupo social dele é distinto do meu. Acho que não tanto. Fiquei em silêncio mental enquanto analisava a resposta da voz em minha cabeça.

É um pouco estranho conviver com vozes na sua cabeça e o pior nem é isso em si e sim que, na maioria das vezes, elas tem razão e coerência.

É, você tem razão, respondi a voz. Nosso grupo não é tão distante assim levando em consideração que ele está se tornando muito próximo ao mundo da moda e esse é definitivamente um dos meus mundos.

— Pega uma para mim também, por favor — disse ao Virgil me referindo a garrafinha de água do pequeno cooler que fazia parte da estrutura do carro

— Você acha que ele tem potencial? É um pouco louco eu te perguntar isso porque é óbvio que sim, mas digo...qual sua opinião pessoal sobre ele e moda? — ele se explicou

Apenas penso um pouco sobre isso porque me parece uma pergunta complexa pra alguém que eu troquei meia dúzia de palavras.

Bebo mais um gole de água.

— V, eu acho que definitivamente é uma boa combinação. A pergunta é: porque não? Acho que como um grande esportista você quer ter outras grandes coisas e uma delas é o estilo — dei uma pausa afim de pensar sobre minhas próximas palavras — Talvez seja ligado ao fato de querer comprovar algo

— Comprovar algo? — ele me olhou como quem não esperava essa resposta

— É. Porque, de forma inconsciente, ligamos certos pensamentos em relação ao que vemos. Igual na culinária, se for visualmente feio automaticamente é ligado a algo menos bom ou até mesmo ruim. Então, talvez se vestir bem seja uma questão de provar que eles são bons. É como um aviso "vocês estão vendo o quão bem vestido estou? pois saibam que minha performance será tão boa quanto" — dei-lhe uma grande reflexão praticamente espontânea, acontecia frequentemente. Eu as vezes acho que levo as coisas de jeito muito profundo.

O extremo silêncio dele com a garrafa na mão, os olhos fixados no banco vazio a nossa frente, me deixaram ansiosa por algum retorno.

Nada.

— É que as vezes eu fico impressionado. O quanto você consegue ver o lado sensível e psicológico das coisas. Isso é arte, você sabe, né? — ele disse parecendo completamente extasiado com o que acabei de dizer — O que você disse me soa muito consistente. As vezes penso na profissional que você seria se tivesse terminado de cursar Psicologia. Porém agradeço pelas mudanças de planos porque essa indústria de fato precisa de você — ele concluiu parecendo ainda perplexo com o que eu disse. Não achei que fosse tão impressionante assim mas, aparentemente, foi.

Eu dei o melhor dos meus sorrisos pra ele. Virgil realmente tem as melhores palavras.

— A vida me guia pelos caminhos corretos — apenas lhe disse o que sempre repito para qualquer um, inclusive para mim mesma