3 - Metáfora literal

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10 anos antes

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10 anos antes

Depois de quase três anos de namoro, chegara o dia mais feliz de sua vida. Paula estava excitada, nervosa, ansiosa... mal podia se conter. O vestido no seu corpo assentava-lhe que nem uma luva, metendo em valor a curva de sua cintura. Na cintura ele estava armado, que nem o vestido de uma princesa, assim como ela sempre sonhara. Não era muito comprido, não tinha cauda e para si ele era simplesmente perfeito. O casamento estava marcado na igreja de Santa Clara, onde vivera toda a sua vida.

Segundo o seu plano muito bem estruturado, após a cerimónia, os convidados e ela iriam a pé até o parque do Mosteiro , um espaço esverdeado enorme. Fariam as fotografias para o seu álbum de casamento ali. Apostava que ficariam lindas.

A sua auto-estima alcançara o seu auge quando se olhou ao espelho. A maquilhagem leve estava perfeita, o penteado entraçado também... ela resplândecia.

O seu pai mesmo não querendo mostrar, esperava por ela nervoso e ansioso, reclamando das mulheres no geral e como elas sempre demoram para se arranjar.

À volta de Paula, uma adolescente alegre a rodeava. Parecia uma versão mais nova de si, em seu vestido igualmente branco. Ela havia feito questão de ser a menina das alianças, mesmo já parecendo grande demais para isso.

O carinho que Leonor tinha por a sua tia era muito grande.

Embora se esforcasse por não demonstrar, Lígia, sua cunhada, parecia triste, com alguma inveja da atenção que a própria filha dava à tia. Lígia sabia que não era justo sentir isso, mas não conseguia se impedir. Paula era linda demais, muito mais linda do que ela alguma vez havia sido, segundo sua concepção errônea de si mesma. A imagem que Lígia tinha de si era distorcida, sempre havia sido, mas com o tempo, com a idade, essa distorção se intensificava cada vez mais. Ela sentia, praticamente o tempo todo que ninguém gostava dela, que não tinha o seu lugar no mundo ou na casa da família Teixeira. Por muito que dissessem que ela era um membro da família, ela não se sentia como tal, sobretudo quando sentira a vida toda, que para Leonardo, ela havia sido uma segunda opção.

Enfim, Paula estava pronta para encontrar seu noivo no altar e dizer o "sim" mais importante de sua vida, só que quando apareceu na igreja, deparou-se com as expressões extremamente sérias dos convidados. Algumas surpresas, algumas chocadas. O seu coração sofreu um solavanco, as suas mãos suaram frio. O que se estava a passar? Porque todos a olhavam daquela maneira?

No altar viu o padre atrás do pupilto e viu toda a gente que deveria ver, nas posições onde eram previstas estar. Todos estavam no seu lugar. Todos, menos a pessoa mais importante, o seu futuro marido.

Onde ele estava? Teria ido à casa-de-banho? Teria se atrasado?

Foi com o coração querendo saltar do peito e a garganta seca, que Paula caminhou de forma apressada pelo corredor de tapete vermelho da igreja, até ao altar.

Perguntou onde estava o noivo, para ninguém em específico e para toda a gente em igual, embora no fundo ela soubesse a resposta. Ela podia sentir, em forma de desespero, se formando como uma bola em sua garganta.

O padre respondeu que ninguém sabia.

Aquele que deveria ser o melhor dia de sua vida, se tornou no pior dia e não era por ser humilhada ou abandonada na frente de quarenta convidados, era por o abandono em si. As outras pessoas nem importavam. A dor que sentia conseguia anular a presença do público que assistia sua derrota. Era-lhe indiferente. Quando ficou demasiado evidente que Eduardo não iria aparecer, depois de uma hora ou mais esperando, ela se deixou cair ali mesmo no altar e chorou, chorou até sentir sono, mas jurou a si mesma que aquelas eram as únicas lágrimas que deixaria cair por ele.

Naquele momento também se fez uma promessa, a de nunca mais deixar alguém lhe provocar o mesmo sentimento que estava sentido.

Ninguém, absolutamente ninguém, teria sequer a chance de a despedaçar.

Desejou que o karma existisse, para a justiça devolver o que lhe foi dado.

Após isso, tudo à sua volta deixou de ser interessante.

O trabalho era o remédio, então deixava que ele a sugasse para não pensar na desilusão de sua vida, pois quando voltava para casa lembrava-se de tudo e sentia-se culpada. Culpada de sua tristeza. Como se o abandono não fosse o suficiente.

O seu pai bem a avisara que ela era muito nova para casar. Tinha apenas vinte anos. "Os anos mudaram" dizia ele. Devia ter escutado o seu pai.

Dormira na mesma cama que Leonor durante uma semana inteira, tal era a necessidade de não se sentir só.

A sua família estivera lá para ela e ela queria erguer a cabeça, mas demorou para isso acontecer e a cicatriz ficou para sempre cravada na sua alma.

Nunca mais viu quem outrora fôra o seu noivo, tão pouco o procurara. Simplesmente enterrou o assunto.

Infelizmente, ela ainda não sabia o quanto uma metáfora pode ser na verdade tão literal.

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Oi, aranhinhas e aranhiços, esse capítulo é pequeno mesmo, o menor de todo o livro, mas de suma importância.

Espero que tenham gostado.

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A teia de segredos (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora