Capítulo 1

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Violet

Medo, é isso o que sinto no momento, medo pavor, a pior sensação da minha vida.

Estou fugindo, fugindo do meu padastro e dos filhos dele.

Não tenho tanta escapatória, mas tentar era a minha única alternativa.

Em illyria, no acampamento illyriano, você só tem duas opções.

Fique vivo ou morra tentando.

Minhas asas bateram outra vez, meus cabelos negros voando de forma rebelde no vento.

Não tinha tanta prática no vôo como muitos illyrianos, se aprendi a ficar fora do chão por metros muito altos, fora sozinha que eu aprendi, mas mesmo assim tenho dificuldade em voar contra correntes de ar muito fortes.

Tento pensar em algum lugar para me esconder, mas sou pega de surpresa quando sou atingida por magia.

Perdendo o controle, caindo, despencando rapidamente do céu.

Belo dia para morrer, belo dia.

Bati minhas asas, tentando controlar, mas a única coisa que consigo é diminuir o impacto da queda quando vou ao chão, levantando terra comigo, rolando em um emaranhado de asas morro a baixo.

Minhas unhas cravam na terra, em busca de que eu pare de escorregar na lama do acampamento.

E finalmente paro, me erguendo.

Uma dor aguda sinto quando sou agarrada fortemente pelos cabelos.

— Me solta! -exclamei.

— Agora você vai ter o que merece, sua vadia. -grunhiu o meu padastro.

— Me larga! Seu nojento! -me debati.

Ele me desferiu um tapa ardente no rosto, me arrastando na lama.

Os machos do acampamento encaravam aquilo com contentamento, incluindo lorde Devlon.

Eu encarei então, o poste.

Eu estremeci, ficando mais pálida que a própria morte, tremendo por inteira.

Meu maior pesadelo.

Não, não.

— Me solta! -me debati.

Eu já chorava em silêncio.

Os filhos de meu padastro encaravam tudo com sorrisos grandiosos no rosto.

— Calada, sua puta.

Ele me amarrou ao poste, mesmo eu me debatendo, tentando dificultar o seu trabalho.

— Quieta! -ele grunhiu.

Não havia mais jeito, eu perderia as asas agora... Até que havia demorado para esse dia chegar.

Eu fiquei quieta, fechando os olhos, deixando as lágrimas caírem, pronta para o golpe.

Ele abriu as minhas asas e eu estremeci de nojo ao sentir seu toque nelas, nunca permitiria que algo tão imundo as tocasse, mas o que eu poderia fazer agora?

Vi de relance ele brandir uma espada, eu virei o rosto, fechando os olhos, me preparando para o impacto, não aconteceu.

Ouvi um estrondo de rochas se colidindo, ouvi os illyrianos rosnarem.

O que está havendo?

— O que está havendo aqui? -uma voz elegante e ronronada.

Que me fez estremecer até os ossos.

Corte De Luz E EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora