{{Amsterdã}}

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ME MUDAR para a Colômbia não foi uma escolha minha, meus pais entraram em um consenso e optaram por isso. Segundo eles seria bom eu fazer meu intercâmbio na mesma instituição de ensino que minha mãe e meu avô já estudaram quando tinham minha idade, pois assim seria ótimo em resolver questões parlamentares dentro da política. Que sinceramente é uma coisa que eu odeio.  

Em tese, posso dizer que na primeira semana não consegui uma boa adaptação, mas com o decorrer dos dias, fiz algumas amizades e conheci algumas pessoas, a melhor amizade até hoje foi com Alicia, ela foi a porta de entrada para outras pessoas me conhecerem. Por mais que eu tenha título de Príncipe e Duque de Galiza, tenho que admitir que a Espanha não é mais aquela forte potência que era séculos atrás.

A personalidade forte de Alicia no começo me assustava um pouco, mas com o tempo soube me harmonizar com ela e seu jeito de agir em relação a tudo. Valeu a pena eu ter me perdido no prédio na primeira semana. 

Hoje na Colômbia vejo que a vida que tinha dentro do Palácio Real de Madrid era uma coisa "artificial", haviam regras que deviam ser seguidas, normas que não poderiam ser desviadas. Minha mãe era a que mais estava acostumada com essa vida, meu avô foi extremamente em relação a etiqueta instruída a minha mãe e meus tios, sempre tentava resolver as coisas com a maior democracia possível. Nunca agradeci tanto aos céus pela Espanha hoje em dia ser uma Monarquia Constitucional, caso contrário, as regras e normas que já sou obrigado a seguir. Porque segundos meus pais e meus avós, caso um único membro da côrte não siga, pode acabar com toda uma realeza. Seria extremamente mais severas. 

Meu pai não, nas palavras de minha mãe "um pássaro fora da gaiola", sempre estava a trabalho dentro das cozinhas do palácio, entre idas e vindas da minha mãe para à cozinha, eles acabaram que por terem um romance que culminou primeiro no meu irmão Dom Izaque Bourbon e eu, o caçula. 

Ficar esse período de intercâmbio aqui na Colômbia, tem sido completamente ao contrário do que imaginava, esperava sim fazer amigos, mas menos malucos do que os que estão comigo a caminho da boate, porém, conviver com eles tem sido extremamente bom, com eles pude ver quão chata e monótona minha vida na Espanha era. Com eles o significado de diversão é completamente contraditório do que me foi disciplinado. 

Nem eu mesmo sabia a direção que estávamos indo, quem sabia era o Dário que discutia com Edgard. Meu motorista particular. Sobre algum jogo de futebol brasileiro que viam pela tela multimídia do carro. 

Alicia, por incrível que pareça estava quieta, ora olhava para a rua, ora olhava para o céu vendo o maior ponto branco que se destacava entre suas companheiras, mesmo que tão pequenas, não deixavam de carregarem suas graças. 

Não queria a incomodar, ela estava ali, vagando em sua mente, então, me restava fazer o mesmo olhar tudo ao redor da rua através do vidro escurecido do carro, era uma tarefa tão boa, não por ver pessoas das quais provavelmente só veria ali, mas sim por poder navegar em pensamentos. Às vezes sem perceber, momentos como esse eram os que mais faziam jus a frase "preciso tirar um momento para mim", pois é onde conseguimos nos conectar com nosso subconsciente, é onde conseguimos fazê-lo captar não só imagens, mas fazê-lo trabalhar nos lembrando de momentos já vividos ou de possíveis situações que poderíamos causar e, ou, evitar. Mesmo sem querer, é possível fazer isso, é instinto. Um instinto muito bom. 

Não sei o que posso dizer em relação ao que sinto a Alicia, não é um sentimento apaixonante, minha amizade com ela é muito boa, é gostoso ficar ao lado dela e compartilhar minha alegria com ela, mas beijá-la, pareceu ser bem mais gostoso que tudo, ela não era as garotas com quem já conheci, era Alicia. Era uma sensação forte, uma mistura de diversas emoções.

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