Nossa Pele

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  O quarto era simples e confortável, duas camas estavam dispostas em lados opostos do cômodo, cada uma com um colchão recheado de palha e lã, um travesseiro de algodão e cobertores finos de tecido que eram suficientes para o calor da cidade. O quarto tinha um banheiro privativo que contava um vaso sanitário, um espelho, uma bacia para tomar banho e um barril grande cheio de água para higiene, que estava incluso no pacote da diária.

Miguel estava cansado da viagem, sentou em sua cama e começou a se desequipar, guardou suas coisas na mesa de cabeceira e se deitou para relaxar.

  — Por que pegou um quarto só? — questionou Diana.

  — Economia e segurança. Não vamos fazer muitos amigos aqui, então é melhor não ficarmos sozinhos quando vulneráveis, além disso temos o Lobo como cão de guarda.

  — Entendo a parte da segurança... mas economia... Toma vergonha na cara Miguel, tu deve ter mais agora nessa bolsa do que a maioria aqui vai ver em 10 anos — Disse Diana enquanto ele estava encarando o anel de sinete de sua família, feito de ouro puro com o brasão desenhado em baixo relevo, cujo valor poderia alimentar uma família periférica por 6 meses.

  — Não sei quanto vou ter que gastar a mais com o que a gente vai fazer... e não faça eu me sentir mal por ter nascido rico, nunca deixei de ajudar ninguém.

  — Ok ok, isso é verdade. Vamos ser algum tipo de caçadores de recompensas ou coisa do tipo?

  — É... coisa do tipo... — ele mesmo estava em dúvida — Estava pensando em sair por aí e fazer algumas rondas, investigar pequenos casos e...

  — Por que você quer fazer tudo isso numa fantasia? — interrompeu a garota roxa.

"Para de ler meus pensamentos, isso é invasivo." Pensou Miguel

  — Tá desculpa, força do hábito... mas de qualquer forma, você quer fazer isso fantasiado. Algum tipo de fetiche seu?

  — Não! Nojenta, eu só não quero ter que quebrar a lei, ou a cara de alguém que possa ser perigoso para Monte Bello ou Phandalin. Se alguém descobre o brasão, ou por algum motivo já conhece meu rosto, não quero que ele seja meu inimigo e ponha pessoas que eu me importo em perigo...

  — Saquei... vai usar uma máscara esquisita ou qualquer coisa assim?

  — Tenho algo em mente, mas não tá pronta.

  Miguel tira de sua mochila de viagem o pedaço de madeira que estava talhando na noite passada. O formato estava ganhando vida, algo que parecia uma máscara de Baile, mas num formato lupino, com um focinho alongado e orelhas pontudas para cima.

  — Um lobo, que "inesperado". — e ela olhou para Lobo, que estava deitado com a barriga para cima no canto do quarto — eu esperaria um animal mais comum na cidade, como... talvez... um rato, um gato, um pombo... ou que tal uma aranha... não... um morcego! É um morcego, Acho que é perfeito.

  — Naah... morcegos não são a minha praia.

  — Azar o seu...

  — Eu acho que você, senhorita demônio roxa de chifres retorcidos, chama um pouco de atenção demais para missões de patrulha noturna.

  — De fato. Quem então?

  — hmmm... acho que seria melhor alguém que não possamos encontrar aqui por acidente, e que seja discreto na noite... e se...

  — Vyerith! — disseram os dois em uníssono

  — Ela é perfeita pra isso! Mas tá tudo bem voltar ao passado assim Diana?

Surgimento Do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora