Pela janela do banco de trás do carro eu vislumbrava a beleza da região interiorana que se passava como um filme diante meus olhos. Meus irmãos não paravam de conversar nos bancos frontais, mesmo que com meus fones nos ouvidos eu até conseguia ouvir sua conversa.
- Já conversou com o caseiro sobre o sítio? - Henry falava para Cassandra com o olhar na estrada. Henry é meu irmão mais velho, já estava na casa dos 18 à 19 e por isso o mais velho entre os três, possuía belos fios castanhos encaracolados que cobriam sua testa numa franja, e também era mais alto que Cassandra e eu. - Eu acertei com meu advogado sobre a emancipação de Kurt, ele concordou em tentar conversar com nossos pais.
- Já enviei mais de setenta mensagens, estou esperando a resposta dele.. Ele é mesmo confiável, Henry? - Ditou Cassandra impaciente enquanto observava a tela de seu celular que até então não recebeu nenhuma notificação especifica. Cassandra possui 17 anos assim como eu, ela tem uma aparência bem delicada por assim dizer, sua pele é clara e seus cabelos são ruivos, num tom aceso. - Eu não confio nessas pessoas que nunca vimos antes.
Eles continuaram a conversar sobre mais algumas coisas envolvidas com a justiça que ao aumentar o volume dos meus fones eu deixei de ouvir, assim focando nas casas que eu via ao longe. Estávamos indo para uma cidade interiorana um pouco maior do que as que estamos acostumados, Diamond Fave é famosa por suas feiras de culturas e pelas terras mais férteis do condado.
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Passado alguns minutos eu já consegui visualizar as tais casas de perto, ao que aparentava a cidade era bem acolhedora e com um ar de simpatia que deixaria todos encantados com sua beleza. Composta por casas coloridas, ruas de paralelepípedos, postos de gasolina chamativos, praças enfeitadas e brilhantes, bares e quiosques adoráveis e também havia uma catedral logo no centro da cidade, uma imensa igreja com uma praça logo a frente. Mas mesmo com toda essa beleza minha mente só conseguia lembrar do olhar que recebi de meus pais, não era um olhar raivoso ou repreensivo, era vitorioso e aquilo me revirava o estomago.
- Chegamos maninho! - Disse Henry me olhando pelo retrovisor do carro, sorrindo. - Bem vindo a nossa nova vida.
- Viva.. - Falei sem nenhum pingo de emoção, o que arrancou risos de Cassandra que se revirou no banco e olhou para mim.
- Relaxa um pouco, Kurt! Estamos recomeçando do começo novamente. Só nós três, acho que isso merece um pouco de animação não é? - Falou a mesma dando um peteleco em meio a minha testa.
- Tsc. - Repreendi a ruiva com o olhar e coloquei as mãos em cima do local onde recebi o peteleco, incomodado. - Tanto faz, queria ver você no meu lugar.
O carro continuou passando pelas ruas da cidade, meus olhos estavam vidrados num casarão enorme que estava do outro lado da praça principal, havia letras logo acima das portas de madeira maciça mas pela distância eu não consegui ver. Logo depois disto estávamos em frente a uma casa de aparência rustica, não demorou muito para que o portão gradeado logo na frente do carro fosse aberto por duas moças sorridentes e desse passagem, logo o carro estava parado em frente da escada que dava para a porta da casa.
- Chegamos, tripulação! - Henry indagou animado vendo a casa pelo para brisa após puxar o freio de mão. - A partir de agora somos nós contra o mundo.
Cassandra sorriu como resposta e saiu do carro se dirigindo até o porta-malas que já estava sendo descarregado pelos empregados. Eu saí do carro e fui direto para a porta que já estava aberta com um rapaz alto, aparentava ter 40 anos, segurando a maçaneta e dando passagem para mim entrar na residência. Eu então entrei e agradeci pelo gesto do homem ao meu lado, logo comecei a explorar a casa pelo térreo, observando cada detalhe. Havia duas salas ali, uma de TV e outra de visitas, uma cozinha rústica, um grande salão de entrada, dois banheiros e varanda que cortava a sala de TV com uma porta de vidro que dava acesso a mesma. A casa toda era mobiliada muitas vezes por couro e madeira, seguindo este tom.
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𝐂𝐫𝐢𝐦𝐬𝐨𝐧 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 ~ 𝕿𝖍𝖊 𝕸𝖔𝖔𝖓
Fantasy"Terroristas não saqueiam para possuir, nem matam para saquear. Matam para punir e purificar através do sangue." Cansado de ser silenciado, controlado e censurado pelos pais, principalmente pela sua mãe, Kurt decide por um fim nos anos de penitencia...