Envolvimento P. II

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Eu me via novamente no mesmo bosque de ontem, novamente com a mesma roupa que se transformara da ultima vez. Não muito longe de mim eu enxergava o salgueiro e nas suas raízes a figura feminina estava deitada enquanto penteava seus longos cabelos negros, ela cantarolava uma serenata que eu não conseguia decifrar as palavras que a mesma dizia mas gostava do que eu ouvia. Eu desci de minha cama sentindo a grama abaixo de meus pés e então caminhei até a figura que estava ainda inerte penteando seus fios de cabelo, quando ela me notou indicou que eu sentasse a sua frente, assim o fiz, de costa para ela eu me sentei e senti que ela havia começado a pentear meus cabelos com leveza, ela não havia dito nada ainda, continuava cantando a serenata apenas. Eu me sentia leve e seguro perto da mesma.

- Como se sente, filho meu? - Sua voz doce então ecoou atrás de mim, ela havia então se pronunciado.

- Eu me sinto bem.. Na verdade, eu nunca me senti tão bem como me sinto agora. - Senti meu corpo esquentar e então cerrei meus olhos para aproveitar o momento.

- Eu queria que você tivesse uma parte de mim com você quando estiver acordado.. - Assim que a mesma falou isso a imagem da flor que eu havia levado para casa naquela tarde veio a minha mente e então eu me virei, incrédulo. - Algum problema?

- A senhora é a noiva tecelã!? - Perguntei abismado, mas recebi uma risada como resposta e fiquei sem graça logo depois.

- Essa a quem se refere foi uma de minhas filhas que teve uma tragédia como seu fim.. - Ela me olhou com carinho, me fazendo ficar ainda mais sem graça. - Aquelas flores na verdade se chamam Frutos do Sol, mas muitos a chamam como a Noiva Tecelã por que foi a primeira vez que viram um filho meu morrer e ficar na terra.

- Como assim? - Eu perguntei me confortando no chão, esperando que ela me contasse mais sobre o assunto. Ela logo segurou os cabelos de minha franja e começou a pentear ali.

- Quando um filho meu retornas a mim eu o trago inteiramente a mim após seu sepulcro, mas quando eu resolvi deixar Elizabeth na terra para descansar em paz após sua morte violenta eu tive que mostrar que era uma de minhas filhas e por isso as flores brotaram ali. - Ela contou parando de pentear a minha franja e estendendo a mão para o ar, logo pude ver um galho com uma maçã dourada na ponta se esticar até a mulher que retirou o fruto e entregou a mim. - Coma, você vai gostar.

Transferi uma mordida no fruto, sentindo o gosto delicioso que pertencia a aquela maçã. Eu observei a mulher me contar várias histórias enquanto eu comia várias daquelas frutas e outros tipos que brotavam magicamente a pedido da moça a minha frente, porém uma duvida me assolava com força, uma curiosidade.

- Pergunte o que quer saber.. - Ela parou no meio de um conto seu e me olhou sorrindo, era como se ela conseguisse descrever meus pensamentos e sentimentos.

- Já que a senhora sabe tanta coisa sobre mim eu queria saber se poderia me dizer do porque a minha mãe me trata daquele jeito. - Eu perguntei vendo a mesma expressar tranquilidade e acariciar minha face.

- Ouça bem minhas palavras.. Sua família esconde um segredo de você, mas que logo será revelado, não temas o que irás descobrir. Neste dia eu estarei ao seu lado finalmente. - Ela disse fazendo com que eu vibrasse no lugar com o pensamento sobre o que seria esse segredo. - Quando isso acontecer você saberá do que me perguntas neste momento.

- Entendi.. Certo.

- Agora é hora de voltar, Kurt. - Ela disse se levantando, e eu logo o fiz também. - Amanhã é lua nova, venha até mim quando a meia noite chegar e traga a parte que eu lhe dei como presente, quero que me conheça verdadeiramente, filho meu.

Dito aquilo minha visão escureceu e quando eu voltei ao normal eu enxerguei a flor próxima da janela sendo banhada pelos raios solares direcionados a ela, eu estava novamente no meu quarto. Me levantei sem perder tempo, aquela seria a manhã onde eu conheceria meu futuro colégio novo onde eu iria concluir meu ensino médio.

𝐂𝐫𝐢𝐦𝐬𝐨𝐧 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 ~ 𝕿𝖍𝖊 𝕸𝖔𝖔𝖓Onde histórias criam vida. Descubra agora