E eu que criei raízes, tão logo me vi voando por aí, como folhas ao vento...
Era uma tarde ensolarada como qualquer outra dessas de primavera, eu olhei para o céu azul, para as árvores que entornavam a vista, e era como se cada um desses elementos me dissesse que esse não era o meu lugar, esse ainda não seria o local de chegada, e eu senti paz, porque, no fundo no fundo, eu já sabia disso, só não queria acreditar, é que quando se cria raízes dói ser arrancado e plantado em outro lugar, então o tempo passa e muitas vezes vai ter sido a melhor decisão de sua vida, pois, o local em que você estava plantado estava te sufocando, não te permitia crescer, e aí no novo local o sol não será forte demais ao ponto de queimar suas folhas, nem o espaço pequeno demais que não te permita crescer ao máximo, e terá valido a pena, será sua melhor escolha.
De todas as percas da vida, a pior delas foi ter me perdido de mim mesma, e o pior de tudo isso é não saber quando exatamente aconteceu, o que me recordo é que eu estava tão preocupada em não perder os outros, colocá-los em primeiro lugar, que acabei esquecendo de mim mesma e me pondo no final da fila de prioridades, e foi assim que eu não me cuidei, eu não me amei, eu não me enxerguei, e hoje luto comigo mesma pra juntar os pedaços que eu mesma espalhei ao vento, e quanto àqueles em que lutei para que estivessem no topo, pois bem, ficaram em uma posição tão alta que nem eu mesma conseguia alcançar, sem eles, e o pior de tudo, sem mim...
Deveria eu voltar no tempo? no tempo em que eu me abandonei, mas isso traria à tona o dia em que você dilacerou minha confiança por completo, dia após dia eu caía na sua teia de fantasias, você me envolveu na fumaça de ilusões, eu só queria te perguntar uma última coisa... eu anseio por saber se foi fácil pra você mentir pra mim e olhar no fundo dos meus olhos, como quem contava a verdade mais absoluta do universo, como se dissesse que o ser humano precisa de ar para respirar, você conseguiu o inimaginável, além das palavras, você mentiu para mim com os olhos, será que você não percebeu a ferida que causou? o buraco que abriu nas minhas emoções? Eu lutei contra 300 por você, e no final você me machucou mais que um exército inteiro em batalha...
E você nem merecia estar em meus textos, porque ainda dói, ainda me faz chorar, porque por mais que eu coloque uma armadura, o que você fez encontra uma fenda nela e me causa micro danos. Eu sou adulta agora, entendo que também tive culpa, meu erro foi me lançar de um avião sem paraquedas, achando que ao chegar perto do chão você estaria lá e iria me segurar, quando na primeira oportunidade foi você quem me empurrou do avião, eu não sei ao certo, e nem entendo quais eram as suas intenções, mas eu não morri, sim, confesso que caí, porém eu não me mantive no chão, eu me levantei como o sol nascente em todas as manhãs e lutei como a guerreira mais destemida do universo, não foi de primeira, nem muito menos fácil, algumas pedras ainda me faziam tropeçar ao longo da estrada, eu ainda não dominava o equilíbrio, entretanto, a cada novo percurso do caminho sempre apareceu alguém pra me estender a mão, demorou, doeu, sangrou, e então eu ressurgi, você gostando ou não, a cada nova versão minha, suas palavras atingem cada vez menos, e como diz Sam Smith, cada vez mais que você me magoa menos eu choro, menos dói e menos poder sobre mim você exerce.
E aos que vierem depois, não é que eu seja fria, é só que eu não quero ter que reviver o passado novamente, sim, pode não acontecer, mas eu aprendi a não brincar com as probabilidades, a pior e melhor coisa é o conforto sentimental, e eu já me sinto confortável, e quando se está confortável buscar a melhora significa arriscar e arriscar é difícil, você pode perder tudo, e retroceder nunca foi uma opção! Eu não sei se você irá me compreender, é que ao mesmo tempo em que meus pés não estão mais no chão, eu sou livre pra voar por qualquer direção onde quer que a vista alcance e para além do horizonte, muito, muito além, eu estou pronta pra ganhar esse mundo, alcançar as estrelas e fazer dos meus sonhos combustíveis, e da minha força meu lar, mas meu coração, ah meu coração, ele permanece na zona de conforto e não tem prazo pra sair, deixe assim, do jeito que está, sem ninguém pra me ferir, sem palavras pra magoar, apenas eu, my self e eu mesma.
Eu não quero deixar que a soma de todas as coisas ruins façam com que eu perca as partes de mim que consegui ir juntando a caminho da mudança, eu não quero entristecer minha alma, eu não quero existir, eu quero viver, eu quero sentir, sentir os pelos do corpo arrepiados na pele, quero sentir a chuva caindo sob meu corpo, eu quero respirar e sentir vida, eu quero amar e ser amada, quero que seja leve, quero que eu seja meu próprio lar, já percebeu que lar nunca teve haver com nada físico? nunca foi um lugar, são pessoas, são sentimentos, uma vez ouvi dizer que um lar é o local onde está seu coração💖.
Cá estou eu reflexiva, anos se passaram e tem atitudes suas que talvez eu nunca chegue a entender, e nem me martirizo mais, me conformei em pensar que esse sempre foi seu verdadeiro eu, e é real a palavra que diz que eu amei aquilo que eu mesma inventei sobre você, Um deles tinha todo um roteiro, feria, magoava, fingia, chorava, voltava e enganava e era assim que o tempo passava, o outro, me fez sentir sozinha mesmo estando acompanhada, não vinha comigo dançar na chuva, me chamava de louca e abria o guarda-chuva, e quando eu tentava voar lá vinha ele com a tesoura cortar minhas asas, mas eu estava presa em seus feitiços, eu achava que isso era normal, que era só uma fase e que iria passar, e cada vez que eu estava acordando e me desprendendo de você, você fazia chover, deixava minhas asas crescerem e eu me iludia cada vez mais, o que eu não via é que nunca foi chuva, era apenas uma mangueira ligada, e a tesoura sempre esteve no seu bolso esperando o momento propício para ser usada, tu me fez ficar tão dependente de você que quando eu menos esperei eu estava sozinha no barco a deriva, você cortou a corda que me prendia ao cais, e sem mais nem menos me disse adeus, até nunca mais, será que você sabia que eu nunca aprendi a nadar? não tinha remos nem vela no barco, como eu iria voltar?
Nem todos os males vem só para o mal, por mais mal que você tenha me feito, isso me fez bem, eu cresci, sobrevivi a queda, encontrei um jeito de voltar à margem, e como em um surto de amnésia você fingia que não me conhecia, éramos dois estranhos lado a lado, com passado marcado. Mas chega de falar de você, de vocês. O que realmente importa é o modo como me refiz, como das cinzas fiz arco-íris, agora minha jornada é outra, como mencionado anteriormente, eu estou a busca de mim mesma, pra isso preciso aprender com tudo que passou e jamais por um descuido sequer permitir que tudo isso aconteça novamente, e eu me esqueça numa gavetinha ou em um cantinho no fundo da mente, porque possa ser que eu nunca siga em frente e que eu me esqueça pra sempre em meio a correntes que alguém tentar me colocar, mais vai dar tudo certo, tem que dar...
E paro por aqui esses fragmentos de emoções de algumas pessoas que pareciam brisa suave, mas foram tão quanto furacões, derrubaram minha base e destroçaram minhas estruturas, demorou, mas como disse, de pedra em pedra eu reergui um muro ao redor, e fortaleci o alicerce, já não sou quem eu fui um dia, e isso soa como alívio, forte eu já sou, só preciso me reencontrar e dizer que me amo e que me preciso.
Obrigada por ter chegado até aqui...💖🤞😉
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Além do papel🎈👑
AcakAqui é onde meu mundo tem cor, minha voz tem vez e eu consigo transportar as ideias da mente para o "papel", aqui você vai encontrar experiências, sentimentos, críticas, enfim, pode se achegar, espero que esteja confortável e que aproveite a leitura!