REIGN - JIKOOK

The Resilient Prince

Jogue-me no oceano com meus antepassados que pularam dos navios, porque sabiam que a morte era melhor que a escravidão.
-Pantera Negra

KIM NAMJOON POV.

Desde menor, fui ensinado sobre toda a história do meu povo, da minha terra e dos meus ancestrais.

Onde nobres ricos de reinos distantes, durante uma expedição encontraram uma vila ligeiramente grande, com moradores alegres e simples, com cor e etnia demasiadamente diferentes das demais. Gananciosos e preconceituosos ao extremo não demoraram a tomar as terras para si, forçando os habitantes a fazerem todos os trabalhos necessários sem sequer serem tratados como seres humanos dignos.

Eram obrigados a comer restos de comidas, tinham que dormir algemados em celeiros frios e sujos, sendo agredidos diariamente com socos, chutes e chicotes por cada minimo erro cometido, humilhados nas próprias terras, apenas por serem considerados diferentes.

Por muitos anos se calaram e foram obrigados a aceitar que viveriam nessas condições eternamente, até decidirem dar um basta nesta situação, por eles, suas mulheres e filhos que não mereciam, nem suportavam mais serem tratados de tal forma. Não iriam se permitir passar mais por toda aquela dor, violência e sofrimento apenas por não serem brancos, terem traços diferentes dos americanos ou por terem religiões diferentes. Ninguém mais seria queimado em fogueiros e nem açoitado.

Meus antepassados fizeram tudo na surdina, planejaram as fugas das mulheres com as crianças, para não se ferir durante a rebelião, roubar as armas sem que fossem percebidos, cada pequeno passo que dariam para conseguir a liberdade que um dia lhes foi tirada a força foi minimamente calculado por eles.

Primeiro as mulheres fugiram durante a surdina nas carroças de boi que eram usadas para plantio, no outro dia, quando os chefes deram falta das mesmas, todos os homens escravizados presentes levaram 50 chicotadas cada por não abrirem a boca e falarem para onde elas tinham ido. Mesmo assim, nenhum abriu a boca para soltar nada além do que gritos de dor.

Durante a semana foram feitos pequenos furtos de armamentos, munições, grãos de arroz, feijão, e frutas dos manguezais. Aproveitavam cada pequena oportunidade para carregar e esconder alimentos, afinal seriam dias incertos pela frente.

No dia treze de junho, a rebelião planejada por meses começou, e foi um verdadeiro banho de sangue, muitos dos nossos morreram lutando, e mesmo gemendo de dor nenhum desistiu até o último segundo de vida. Nossos homens descontaram toda raiva e repulsa pelo que passaram em cada um daqueles que os acorrentaram a aquela vida.

Tudo só foi dado como finalizado e ganho quando o último dos donos de engenho havia sido morto. A revolta era tanta que nem sequer os que se renderam foram perdoados, todos foram jogados no grande rio que cercava a vila, coincidentemente cheio de jacarés e outros animais selvagens, creio que os que não morreram afogados com a grande correnteza das aguas doces, serviram de alimento para os répteis.

Entretanto não eram monstros e nunca seriam, por isso pouparam mulheres e crianças, não os machucando mas os dando um prazo para irem embora e nunca mais voltarem a pisar naquelas terras novamente.

Atualmente os guerreiros que morreram para que fossemos livres são homenageados o máximo possivel por cada um de nós, tendo festas anuais na mesma data da rebelião regadas de músicas, grande fartura em carnes e vinhos para todos que quiserem fazer parte, com duração de dias e noites, foram construídas gigantes e douradas que existem por todo o reino.

Quando a poeira já havia baixado, nosso império começou a se erguer, com respeito, garra, força e igualdade.

Negros, indígenas, asiáticos, pessoas de religiões que antes eram abominadas e oprimidas, todos fazendo com que o reino evoluisse de modo justo e ético.

Cada pessoa de Palmares é ensinada sobre a história, cada minimo detalhe, para que não deixemos que se repita, para que mais nenhuma mulher tenha que ouvir que é apenas um buraco para ser usado, para que nenhuma criança veja seu pai ou mãe levar chicotadas, para que nenhum ser humano passe fome por causa do preconceito de outros, para que nenhum homem tenha que ser acorrentado e humilhado.

Para que ninguém mais abra a boca para dizer que a cor, religião, sexualidade, de alguém é inferior ou errada.

Eu sou preto, com muito orgulho.
Minha mãe é descendente de indígenas, com muito orgulho.
Meu pai é tataraneto de um dos lideres negros da rebelião, com muito orgulho.

E se um idiota acha que vai sair de um buraco qualquer para tomar as minhas terras, e ameaçar meu povo, ele esta muito enganado. Eu dou a minha vida antes dele arrancar sangue de qualquer um dos meus.

Sou treinado pelo líder da guarda real desde muito novo, como um soldado, sem ser tratado melhor que ninguém. Dentro do centro de treinamento eu sou só mais um soldado sem qualquer título de respeito.

Lá eu tenho que fazer por merecer qualquer respeito que queira, fui ensinado a liderar cada soldado, ganhei o respeito de todos ali quando derrotei um por um em lutas.

Fui ensinado a fazer espadas, a fazer fogo com pedras e gravetos, a caçar e pescar com lanças.

Já me soltaram em uma floresta cheia de coisas perigosas por quatro dias sozinho, fui picado por aranhas, e quase morri quando acordei com uma cobra me enforcando, e também teve o grande caos no quarto dia: uma jaguatirica me perseguiu o dia inteiro, parecia que tinha uma bússola com meu cheiro, tive que ficar umas seis horas no topo de uma árvore, emagreci quatro kilos nesse tempo que passei preso lá, e nem achei que isso fosse possível.

Por isso somos conhecidos como guerreiros imbatíveis, e nosso lema é "só parar quando o sangue do inimigo correr pela terra". Perdemos muito e aprendemos com o sofrimento, não vamos deixar se repetir, nunca mais.

Se nesta reunião proporem uma união, ela será aceita sem nem pensar, não vou convocar meus soldados para irem lutar sozinhos, seria morte em massa, eles tem uma familia para qual voltar, alguns tem filhos pequenos e até grandes, que não merecem dormir todos os dias com medo de não verem mais os pais, quanto menos mortes tivermos, melhor.

Essa guerra só será ganha quando o último dos guerreiros for morto.

⚔️

Me arrepio toda vez que leio esse capitulo, juro.

Criticas? Opiniões? Sugestões? Pedidos? Façam aqui!

Hey esmeraldas, espero que tenha gostado, até a próxima!!!!