Viu manchas escuras quando abriu os olhos, elas pareciam aumentar e diminuir conforme piscava sentindo a pouca luz atravessar-lhe as retinas. As narinas secas coçavam e a garganta pinicava, antes mesmo de voltar a consciência total, Hyunwoo pigarreou e escarrou, não havia saliva para cuspir, enfiou o dedo no nariz e notou que estava sem o capacete deitado em uma superfície dura e irregular. Sentou-se e aguentou o desconforto antes de conseguir olhar em volta, e finalmente o notou. Minhyuk estava ali, sentado na penumbra, as costas na parede, a postura relaxada o observando despertar.
— Olá?
Disse e não obteve a resposta que esperava. O outro respondeu em um idioma completamente desconhecido. Era esperado que ele não falasse seu idioma, ainda assim, por ser Minhyuk, não necessariamente o seu, mas ainda assim um Minhyuk, nutriu esperanças de que conseguiriam se comunicar.
Minhyuk inclinou a cabeça e Hyunwoo sorriu com ternura. O seu Minhyuk fazia o mesmo quando estava confuso. Quase nem conseguia acreditar que estava vendo aquele rosto outra vez, talvez estivesse delirando como efeito colateral da pancada.
Ambos encararam-se conjecturando como estabelecer comunicação naquela situação.
Minhyuk então levantou-se primeiro, e quando Hyunwoo tentou imitá-lo sentiu o corpo ceder e quase bateu a cabeça quando seu corpo foi ao chão, sentia-se nauseado e o outro correu para perto dele quando não conseguiu segurar o vômito, e em seguida desmaiou outra vez.
Lee Minhyuk estava acostumado à solidão, fazia alguns anos que dera a si mesmo o título de o último ser humano das redondezas, não podia afirmar ser o último no mundo inteiro, mas era altamente provável que o fosse. Encontrar-se cara a cara com outra pessoa após duas décadas foi uma surpresa e tanto, seu instinto falou mais alto e atacou, homens são perigosos em qualquer lugar que estejam, principalmente em um ambiente desfavorável, foi o que sua mãe lhe ensinou antes de partir desta vida. Suspeitou irremediavelmente daquele com aquelas roupas estranhas, equipamento desconhecido e que sabia seu nome, mas depois de vê-lo vulnerável e desacordado, começou a simpatizar-se, quase arrependeu-se de usar o pólen vermelho para atacá-lo, na verdade para defender-se. Sou um sobrevivente e preciso usar das armas que disponho.
Quando ele dormiu de novo, com dificuldade carregou seu corpo grande e pesado para longe da poça de vômito, analisando-a supôs que o desconhecido não comia a muito tempo, Movê-lo o acordou e ele logo abria novamente os olhos.
— Min-hy-u-k...
Seu nome saiu arranhado dos lábios ressecados do outro homem. Como ele pode saber meu nome? Esqueceu que ele não entendia seu idioma e perguntou quem ele era, a resposta veio em sussurros inteligíveis, que pareciam implorar por alguma coisa, imaginou que fosse água, por isso sacou o cantil e entregou nas mãos do outro para que ele bebesse.
Ele bebeu com voracidade todo o conteúdo do frasco, Minhyuk o criticou em pensamentos, este homem claramente não sobreviverá sozinho no deserto, não sabe sequer poupar água. Em seguida o homem inclinou a cabeça em direção ao peito e Minhyuk entendeu que ele agradecia.
— Son Hyunwoo — ele disse apontando para si mesmo. Sua voz agora soava mais clara e Minhyuk até achou que fosse agradável, estava a tantos anos em quase completo silêncio que quase esquecera como era ouvir o som de outra voz.
— Lee Minhyuk — o imitou dizendo o seu nome, embora estivesse ciente de que o outro, de alguma forma, já o sabia. Mas, quis parecer educado, era assim que as pessoas se cumprimentavam nos livros que gostava de ler.
Livros! De repente começou a pensar se seria seguro levar o tal Hyunwoo até sua casa. Deveria relevar a ele os meus tesouros preciosos?
Não teve muito tempo para ponderar, de repente ouviu o zumbido do vento mudar. Ficou em alerta. As tempestades de areia eram implacáveis e estavam em uma zona de caverna muito aberta, precisava ir mais para o fundo. Levantou-se abruptamente e esticou as mãos para Hyunwoo que o olhou confuso mais agarrou a palma e esforçou-se para levantar-se.
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E.V.A.: Enquanto você me amar
Science FictionO fim é sempre apenas o fim? Son Hyunwoo acreditava que sim. Após perder o grande amor de sua vida, voluntariou-se como um piloto EVA para o programa de viagens espaço - dimensionais. Sua missão? Uma viagem sem volta em busca de informações. O que...