Higway to Hell

12 0 0
                                    

Como toda história normal as coisas vão andando devagar por aqui. Minha beta é meio preguiçosa também e é uma pessoa ocupada af.
Música do capítulo: Highway to Hell - AC/DC

— O que é isso, Kenchin? — Com a cabeça esticada tentando olhar por cima do ombro de Draken, Mikey prestava atenção ao burburinho das prostitutas na sala ao lado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— O que é isso, Kenchin? — Com a cabeça esticada tentando olhar por cima do ombro de Draken, Mikey prestava atenção ao burburinho das prostitutas na sala ao lado.

— Nós temos uma gyaru de estimação agora. — Ele estava pronto para sair, porém o líder da Toman tinha outros planos. Era um garoto curioso afinal e em poucos segundos já não estava mais ao lado de Draken. — Ei, Mikey?

Seguindo agora o som da coisa mais interessante acontecendo no lugar, Draken encontrou Mikey sentado bem na frente de Hanabi. Algumas prostitutas reclamavam ao redor dele, principalmente aquela que ele arrancou da cadeira para tomar seu lugar. Quanto a Hanabi, bem, ela julgava as mãos de Mikey com uma expressão aborrecida.
— Que merda, hein? Quantos lotes tu carpiu pra ter as mãos de um velho fazendeiro? Sequer sabe o que é um cortador de unhas? — Ela estava segurando as duas mãos de Mikey na altura de seus olhos. Gyarus são seres sem medo do perigo e essa em particular era inconsequente como um viciado em cocaína. — Por que tá tão sujo também? Vai lavar as mãos antes! Parece que ficou cavando na terra igual um cachorro. Ou um porco. É um porco?
— Não. — Um porco? Ninguém tinha bolas pra falar com Mikey assim. Ele levantou da cadeira decidido e com seriedade.

— Lave bem debaixo das unhas.

— Depois me faça uma bandeira.

— O que você quiser, docinho.

— Você não pode falar com o Mikey assim. — Draken estava pronto para tirar satisfações com Hanabi quando ela arregalou os olhos falsos e abriu um sorriso nos lábios igualmente falsos.

— Mikey? Ele é o invencível Mikey? Pequeno daquele jeito? Qual foi, ele deve ter quase a minha altura se não menos. Ele é adorável. Devia ser ilegal ser tão fofo. — A voz da gyaru geralmente era alta, mas agora ela falava baixo e segurando o riso. Ela então apontou para o rosto de Draken com aquelas longas e coloridas unhas de acrílico. — Achei que fosse seu irmão mais novo ou qualquer merda assim. Por que não me disse antes? Eu chamei ele de porco! Tá louco! Eu podia ter morrido.

Pelo menos agora ela entendia a situação em que estava. Draken estava quieto e até entediado enquanto Hanabi continuava a falar. Mikey voltava do banheiro com passos rápidos. Ele queria muito uma bandeirinha em uma de suas unhas.
— Sabe quanta maquiagem eu tive que usar pra esconder o roxo do meu nariz? Base de alta qualidade assim é caríssima e importada! Eu não tenho grana pra comprar outro vidro agora! — A gyaru estava com as mãos na cintura enquanto reclamava para um Draken completamente desinteressado. — Nem fodendo que eu vou arriscar apanhar de novo daquele jeito! Eu sou linda, não preciso brigar por aí. Imagina se meu pai descobre? Caralho a merda colossal que ia dar.
— Há quanto tempo vocês se conhecem? — Mikey tinha o sorriso de quem achava engraçada a cena. Ele não perguntou sobre nada, faria isso mais tarde quando não estivesse perto da gyaru.

— Nos conhecemos semana passada. Que tipo de bandeira você quer?

— Bélgica.

— Vermelho, preto e amarelo. Listras verticais. — Draken explicou ao ver a confusão no rosto dela.

— Eu não trouxe preto. — Querendo agradar ao pequeno presidente da Toman, a gyaru tem uma resposta rápida para o problema. — Eu dou um jeito. Meu apartamento é aqui perto em Shibuya mesmo.

Por algum motivo ou por pura maluquice de Mikey, acabaram os três em um restaurante de família pedindo algo para comer. Aquilo definitivamente não era o apartamento de Hanabi. Draken estava com seu hambúrguer e Mikey com algo do cardápio infantil, mas a gyaru não quis nem saber e foi direto para a sobremesa. Um sorvete de morango em uma taça bonita todo enfeitado com granulados e balas de ursinho. Mikey olhou para a sobremesa e depois para a garota algumas vezes.

— Isso é igual a você.

Realmente era. O cabelo da gyaru hoje estava armado e rosa, solto em cachos longos que imitavam as espirais do sorvete. Os brincos eram iguais a ursinhos de gelatina e haviam vários enfeites coloridos decorando o cabelo dela.

— Sim! — Hanabi ficou muito animada por Mikey ter notado sua semelhança com o sorvete. — Eu pedi por isso mesmo!

Ela tirou várias fotos da sobremesa e dela fazendo pose com o sorvete. No fim, Mikey foi quem acabou comendo o pedido dela porque Hanabi disse que não tinha permissão para tomar sorvete. Mikey reclamou dizendo que aquilo deveria ser um crime. Logo ele falando sobre crimes, hm?

— Não é tão ruim, na verdade. Minha família é meio rígida, só isso. — Ela deu de ombros enquanto suas unhas de acrílico faziam barulho arranhando a mesa. Draken a olhou como se aquilo fosse difícil de acreditar vindo de uma gyaru. Como quem adivinha os pensamentos dele, ela logo trata de explicar. — Eu não sou assim quando tô com eles. Isso é só uma peruca e eu não uso maquiagem. Até as roupas eu uso algo menos bonito.

— E como é o seu cabelo? E sua cara? — Mikey ainda estava de boca cheia quando perguntou.

— Muito muito feios. Parece que fui atropelada por um caminhão de bosta. Por que vocês não terminam de comer enquanto eu vou atrás do esmalte? — Hanabi fica em pé e pega sua bolsa para deixar o dinheiro do sorvete na mesa. — Ainda vamos fazer?

— Com certeza.

Ela saiu com a promessa de que voltaria logo, mas o tempo passou a nada da gyaru. Mikey estava cansado de esperar e decidiu que iriam embora. Aquela maldita havia os enganado dizendo que voltaria e foi embora sem fazer a bandeirinha dele. Estavam andando na rua quando Mikey parou ao ver uma movimentação suspeita agitada. Ação.

— Vamos logo. Eu não quero ter que te obrigar. — Havia um carro seguindo devagar ao lado da gyaru. Ela parou de andar e olhou para o motorista. Enquanto isso Mikey mandou Draken ficar observando com ele. — Ele mandou te buscar. Até trouxe um carro dessa vez.

— Olha a hora, né? Que pena já é hora de você ir pra puta que te pariu. — A garota estava tirando os saltos altos. Uma pena ela amava aqueles sapatos. Ela mexe na bolsa e guarda algumas coisas no sutiã e nos poucos bolsos da roupa.

— Não vamos fazer isso de novo. Não quero ter que te forçar a cooperar.

— Não, não, vamo lá. Eu tô com a corda toda hoje.

O motorista então desceu do carro. Draken o reconhecia da primeira noite em que topou com Hanabi na rua. O cara era muito maior do que ele mesmo.

— Olha, divertido. — Mikey estava curioso e interessado. Draken já não tinha certeza se aquilo seria divertido. A gyaru não tinha a menor chance de brigar com alguém daquele tamanho.

E ela sabia. Hanabi sabia bem que nem fodendo poderia acertar sequer um golpe naquele homem que havia sido escolhido para buscá-la sempre que precisasse. Foi por isso que tirou os sapatos de salto alto. Ela fingiu que iria para cima dele, mas acabou dando meia volta e correndo na direção oposta. Já tinham essa dinâmica faziam meses. Hanabi notou que ele era lento por ser grande e pesado. Ela era pequena e magra, sequer tinha peitos grandes. Sua aerodinâmica a fazia muito mais veloz.

— Não dessa vez, princesa. — O homem riu quando um outro carro dobrou a esquina agora indo na direção dela. O carro pela frente e o homem correndo atrás.

Ela não parou. Muito pelo contrário: ela sorriu e continuou correndo enquanto o carro avançava na direção dela. Hanabi sabia que ele não tinha permissão para matá-la. O carro desviou e bateu em um muro no último momento. Do carro então saíram homens armados com pistolas. Todos muito bem vestidos com ternos caros. De onde Draken e Mikey estavam sequer conseguiam ouvir a conversa, tinham apenas a imagem.

— O porra, precisa mesmo? — Hanabi parou de correr ao ver os homens ameaçando civis. — Se tu fizer merda aqui minha tarefa vai pro caralho.

— Fui autorizado a derramar qualquer sangue que não seja o seu para levá-la até seu pai.

— E o que aquele tampa de caixão quer de mim? — Agora a gyaru já estava frente a frente com o homem. Se encaravam ferozmente mesmo ela tendo que olhar para cima.

— Seu pai tá meio paranoico ultimamente. Acha que todos estão traindo ele.

— É? Foda-se, meu velho. Eu ainda tenho todos os meus dedos. — Aquele foi o ápice da provocação dela para o homem que havia perdido o dedinho quando o pai de Hanabi o considerou um traidor. Não foi muito forte, foi só para dar uma pequena lição na garota que ele lhe deu uma joelhada no estomago e a segurou pela nuca. — Sorte sua... que eu não comi... seu puto.

— Vamos logo, princesa. Pro carro. — Ainda a segurando pela nuca, ele levava a garota até o impala que dirigia.

— Quem são vocês? — Mikey perguntou vendo a bagunça no território da Toman quando o homem passou por eles junto de Hanabi.

— Não tem nada a ver com vocês crianças.

— Eles são amigos. A gente pode ir logo? Quanto mais rápido formos, mais rápido eu tô livre daquela casa de cornos. — Ela ainda tinha dificuldades para andar quando passou por Draken e Mikey. Com um sorriso ela tirou o esmalte preto do sutiã e deu para Draken. — Aqui, leva lá pro bordel. Eu volto mais tarde.

— Vai levar mais tempo.

— Amanhã.

— Mais.

— Caralho como você é chato ô merda. Uma hora eu apareço por lá.

— É, seu pai vai adorar a ideia de você estar num bordel em Shibuya. — O homem puxa a carteira de cigarros esperando a garota falar com os conhecidos. — Combina com essa sua aparência. Melhor tirar toda essa merda antes de chegarmos.

Foi a oportunidade perfeita. Enquanto ele estava acendendo o cigarro e reclamando, o revólver na parte da frente das calças dele ficou exposto. Foi um momento rápido, mas tempo o suficiente para ele ser roubado pela gyaru. O primeiro disparo acertou a lataria do carro bem entre as pernas daquele homem.

— Ligue para o meu pai e diga que eu vou ir mais tarde. Eu tenho coisas pra fazer agora.

Conforme o solicitado, o capanga o fez.

— E agora diga pra ele que você arruinou meu cabelo e que preciso de sapatos novos.

O homem novamente o fez.

— Agora mete o pé.

— É claro. — E se foi.

Era sempre assim. Uma disputa mais de inteligência do que de força. Geralmente eram rápidas e violentas quando Hanabi era pega, porém desta vez foi uma vitória pra ela. Quando respirou fundo sentiu a dor no estômago. Ela definitivamente não era uma lutadora, por isso recebeu o treinamento em armas de fogo.

— Qual é o seu nome? — Mikey a observava se movendo enquanto Hanabi calçava seus sapatos novamente.

— Hanabi. Pode me chamar de Hana.

— Não.

— Que?

— Não.

— Mikey disse não, tá surda? — Draken repetiu ao ver que ela ainda não havia entendido.

— Hacchi. — O apelido tinha o mesmo som da palavra hachi, cujo significado é abelha em japonês.

— Hacchi? Adorável. — Ela fingia não sentir dor para andar. Ela fingia sorrir e fingia tranquilidade depois do ataque. Sua aparência era uma completa mentira.

— Ainda quero minha bandeira.

E foi assim que voltaram para o bordel e Hanabi desenhou uma bandeirinha na unha do dedo médio da mão esquerda de Mikey. Todo aquele tumulto apenas para ela fazer três listras em uma única unha dele.

— Quem era aquele merda? — Draken joga a pergunta que os dois tinham em mente porque aparentemente Hanabi não explicaria nada.

— Aquele é o Snake. Trabalha pro meu pai. Nós temos esse joguinho de cobra e rato cada vez que ele vem me buscar. — Hanabi ou melhor: Hacchi estava agora lixando as próprias unhas para fingir que aquilo não havia sido importante. Ela sabia que pra quem via de fora as coisas eram estranhas. — Meu pai é meio maluco, só isso, então não gosto muito de ir pra casa. Tem muita gente que trabalha pra ele. Muitos seguranças, entende?

— Ao menos você tem uma casa. — Agora Draken dá de ombros e as mãos de Hacchi tremem quando ela ergue o olhar.

"Da última vez que comemos juntos ele bateu minha cara no chão porque não gostou da forma que eu servi arroz na minha tigela." Hacchi pensou em contar, mas mordeu a língua e escolheu outras palavras.

— É. Família é importante. — E fingiu mais um sorriso.

Mikey não tava engolindo nada daquela merda.

— E isso? — Com o polegar e o indicador, ele aperta o nariz dela e Hacchi teve que segurar um grito de dor na garganta mordendo os lábios. Foi bem onde ela havia levado um soco há poucos dias. O hematoma ainda estava terrível e enorme debaixo da maquiagem.

— Pra mim chega por hoje. — Ela sai cobrindo o nariz com uma das mãos. Vai que aquele demônio em miniatura tente terminar de quebrar o nariz dela.

O mesmo homem, Snake, vem buscá-la para levá-la até o pai e Hacchi entra no carro sem argumentar. Nem Mikey nem Draken entendem, então simplesmente ignoram, mas toda aquela ação com armas no território da gangue poderia ser um mau sinal. Hacchi disse que eram os seguranças de seu pai, então talvez não houvesse problema naquilo.

Quando o conversível estacionou na frente de uma mansão em estilo japonês clássico, Hanabi já não era uma gyaru. A maquiagem havia sido deixada nos diversos lenços úmidos dentro do carro junto de sua peruca, as lentes de contato coloridas e as unhas falsas. Todos os acessórios e roupas também estavam lá. Seu verdadeiro cabelo era tão curto que mal cobria suas orelhas. Com a raiz preta e o comprimento descolorido alaranjado, aquele penteado combinava com suas roupas de couro. A parte de cima era longa para apenas cobrir os seios, já a calça era de cós alto e estava descalça. Seu rosto decorado por hematomas na testa, lábios e nariz apresentava um sorriso confiante. Haviam também muitos ferimentos em seus braços, mas não eram eles que chamavam atenção. No lado esquerdo de seu corpo cobrindo a extensão de suas costelas até o começo da coxa estava a marca do clã conhecido como Nesuto, o ninho: uma serpente desenhada em tinta vermelha com a boca aberta como se fosse atacar.

— Já estava na hora, minha filha. — O líder do clã a recebeu de braços abertos e, seguindo as ordens silenciosas, Hanabi o abraçou. Ali dentro ela não era Hacchi como o invencível Mikey havia decidido, ela era Viper, a víbora filha de Kobra, o chefe do grupo. — A quantas anda sua missão?

— Entrei em contato com Mikey, o líder da Tokyo Manji. Nos próximos dias tratarei de me aproximar dele e de seus homens.

— Muito bem, garotinha. Deus permita que esse garoto seja bom o suficiente para se unir à nossa família. O que eu faria sem você? — Ele a apertou mais forte. Cada vez mais forte até o ar começar a deixar os pulmões dela. — O que eu faria sem você, hein? Nunca mais me deixe esperando! Nunca pense que pode fugir ou me desobedecer, maldita. Pode até ter saído do meu saco, mas não pense que é insubstituível. Posso colocar qualquer um no seu lugar.

Ele não gritava, apenas a abraçava cada vez mais forte como em um ataque de uma jiboia. Hanabi tentou se debater e escapar, mas seu pai era o líder justamente por ser imbatível e lutar contra sua força apenas piorava tudo. Quando ele a soltou empurrando no chão, pisou sobre seu braço direito com o objetivo de quebrá-lo. Tudo por Hanabi ter priorizado sua missão de se aproximar da Toman. Uma missão dada por ele, diga-se de passagem. Ela prendeu o grito na garganta enquanto sentia os ossos do antebraço serem esmagados. E tudo o que ele dizia era mentira. Viper era insubstituível assim como Snake. Viper era a comandante de finanças do time. Estudava para isso. Eram ordens desde seus anos iniciais na escola. Já Snake era seu tio, irmão do pai, e responsável pela linha de frente do clã. Depois deles haviam poucos outros membros com patentes altas o suficiente para receber um codinome.

Ela odiava aquele homem e todos os seus capangas, odiava a Yakuza e aquela família, mas não tinha a menor chance de escapar deles.

Hail to the KINGOnde histórias criam vida. Descubra agora