Tenham uma boa leitura!
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Eu sempre fui o tipo de pessoa que gosta de ficar sozinho. Pessoas invadindo meu espaço pessoal, não é algo bom para mim.
Quando eu saio para fazer coisas casuais, eu ainda sinto ansiedade por causa das multidões.
Não sou bom em expressar meus sentimentos. Muitas pessoas me entendem mal, porque eu não consigo me expressar muito bem.
Lamento que eu não seja bom em expor o que eu sinto.
Eu gosto de você, Eunbi.
- Min Yoongi, Sala A.
Encarei confusa a carta que estava em minhas mãos. Eu não sabia muito bem o que fazer. Nunca fui uma pessoa muito admirada, ou que tivesse muitos pretendentes e admiradores secretos.
Mas está carta... havia me pegado de surpresa. Não por ter sido a primeira vez que alguém se confessava para mim - ou talvez uns 20% da surpresa seria por isto também -, mas em si, pela pessoa que havia feito isso.
Min Yoongi. Min Yoongi? Min Yoongi!
Era o Min Yoongi que eu conhecia? O quieto, charmoso e misterioso Min Yoongi? O que estudava na sala ao lado? Que de vez em quando trocávamos breves olhares? Meu deus.
Faltava 10 minutos para o sinal da primeira aula tocar. Eu tinha 10 minutos para pensar no que fazer.
Uma coisa que chamava muito minha atenção em relação a Min Yoongi, além de sua beleza e personalidade, era a maneira como ele reagia as coisas. A maneira como falava. Como pensava. A maneira como ele escondia o que sentia, como escondia seus sentimentos.
Se ele não tivesse se confessado para mim através desta carta, eu nunca saberia o que ele sentia.
Porque ele era muito bom em esconder o que sentia. Ou eu que era lerda demais para perceber alguma coisa.
8 minutos antes do sinal tocar. Respirei fundo e corri para o refeitório sentar em uma das mesas e tirei uma folha do meu caderno e meu estojo. Minhas mãos tremiam pela ansiedade que estava começando a se alastrar pelo meu corpo, apenas tentei ficar relaxada e calma.
O que eu devia escrever? Deus, me dê uma luz. Estou quase tendo um infarto.
6 minutos para o sinal tocar. Jung Eunbi, é agora, para de ser tonga monga e escreve logo. Apenas seja você. Seja sincera.
Olá Yoongi, e a Eunbi. Tudo bem?Eu sei na verdade, como é ser alguém incompreendido, porque eu já fui uma pessoa incompreendida. Ou eu talvez ainda seja?
Sei como é sentir ansiedade por causa de multidões.
E sei como é não ser bom em expressar seus sentimentos e ser entendido mal. Acredite, meu cérebro está quase fritando para que eu consiga escrever essa resposta a você.
Eu não vou rejeitar você, muito pelo contrário. Eu serei a pessoa que irá te compreender. Serei sua guia para ser compreendido nesse mundo doido cheio de pessoas que não nos compreende.
Eu aceito sua confissão, Yoongi.
- Jung Eunbi, Sala B.
E agora, como eu entrego isso?
Levei um susto quando o sinal tocou indicando que a primeira aula do dia iria começar. Eu não tinha tempo, queria entregar o quanto antes essa carta a Yoongi.
Eu teria que deixar minha timidez de lado e passar por essa vergonha.
Catei minhas coisas e joguei tudo dentro da mochila a jogando nas minhas costas. Tomei cuidado para sequer não fazer nenhum amassado na carta que eu segurava com muito cuidado enquanto andava entre os alunos a procura da pessoa que eu queria.
Quando o encontrei senti meu corpo se arrepiar da cabeça aos pés. O meu pai, me ilumine e não deixe eu passar vergonha.
Avancei em direção a ele, enquanto a adrenalina me dava a coragem que eu precisava. Ele estava distraído encostado no pilar que tinha em frente a sua sala, os olhos fechados e os lábios entreabertos. Ele estava ouvindo música.
O meu pai, que essa carta de confissão não seja uma pegadinha dos meus amigos.
O cutuquei de forma delicada, e o garoto abriu um dos olhos e após alguns segundos focou em mim. Senti sua postura e aura mudar e creio que eu percebi que ele havia ficado tímido.
- Oi - dei um sorriso tímido. - Isto é para você.
Estendi a carta e ele pegou de forma desajeitada. Sorri.
Quando sai de seu caminho e atendrei minha sala sentia que meu coração sairia pela boca. Minha nossa senhora. Respirei fundo e espiei pela fresta da porta que ainda estava aberta, pois o professor não havia chegado ainda.
Ele ainda estava ali fora, encostado no pilar, agora sem os fones de ouvido e de cabeça baixa, com a carta aberta em suas mãos, lendo.
Yoongi fechou a carta alguns segundos depois. Sorrindo tímido brevemente.
E havia sido neste momento, que eu soube que aquela carta de confissão não havia sido uma pegadinha dos meus amigos, e que eu não passaria vergonha.
Eu sabia que muitas pessoas não o compreendiam. E que sempre o entendiam mal. Eu sabia que isso o fazia mal. E estava feliz que ele finalmente começaria a ser compreendido por alguém. Por mim.
Ele olhou em minha direção, e eu arregalei os olhos, ele inclinou a cabeça levemente para o lado e abriu brevemente um sorriso. Sorri de volta. Segurei a borda da saia quando ele começou a caminhar em minha direção, e apenas fiquei o encarando se aproximar, porque eu estava nervosa demais para tentar me mexer.
- Obrigada - sussurrou para que só eu ouvisse quando enfim havia chegado até mim.
- Obrigada pelo o quê? - sussurrei de volta.
- Por querer me compreender.
F I M
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Incompreendido | Min Yoongi
RomansaMin Yoongi só queria ser compreendido pelas pessoas, principalmente por Jung Eunbi. | O N E S H O T |