Cabine

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Andei até o estúdio com passos largos, como se quanto mais rápido eu chegasse, mais rápido eu me acalmaria. Mas obviamente foi em vão. Fiquei olhando a entrada para o estúdio tentando criar coragem para enfim entrar. "Ok, eu vou agir normalmente como eu sempre faço". Afirmei para mim mesmo, tentando entrar no estúdio. Voltei. "Do que eu tenho tanto medo? É só meu amigo, sempre foi, não é?!". Fechei os olhos para acalmar minha mente, e então ouvi passos no corredor por onde passei anteriormente. Por impulso entrei no estúdio tentando fugir de qualquer testemunha desse meu papel de "garoto bobo".

Olhei o estúdio como um todo, só haviam alguns funcionários, nenhum sinal dele. "Onde ele se enfiou? Não é tão difícil se esconder, a presença dele é única afinal". Assim que terminei o pensamento vi uma sombra na cabine de fotos. "Oh, achei!". Fui até lá sem pensar muito, com a intenção de pregar uma peça nele, um belo susto!

-BOO! - exclamei.

-Hum, Jeykeey! - riu e arrumou a postura no banco, subindo os olhos até os meus.

Senti um arrepio na nuca. O ar-condicionado. Certeza. Tentei ao máximo controlar meu rosto para não transmitir o... Desconforto? Não sei se é a palavra correta, mas a vontade era correr ou só sentar ali.

-Cadê? As fotos, bora... Já já os hyungs aparecem e vão encher nosso saco, anda!

-Ok, ok... - falou levantando e passando por mim, mostrando caminho com o braço para que eu sentasse no banco em que ele antes estava.

-Hum, e onde você vai sentar? - a cabine mal cabia nós dois em pé juntos, quem diria dois bancos, como nós iríamos tirar essas benditas fotos que ele tanto queria?

Mal acabei meu pensamento e ele me empurrou no banco um pouco mais pro lado, para eu ficar mais no fundo da cabine. Fechou a cortina atrás de si. Chegou junto do meu ouvido e disse "nosso segredo". Assim, sentou na minha perna esquerda e passou o braço pelo meu ombro. Travei minha coluna como se a qualquer momento eu fosse cair. Eu conseguia sentir tudo. O peso dele na minha coxa. O perfume passando próximo do meu rosto. Eu conseguia ver o rosto. A pinta no nariz. A boca. Os olhos. Parei de respirar. Fechei os olhos, pois eu sabia que eu estava com os olhos arregalados e a boca aberta, coisa que eu sempre faço quando estou admirando algo, e não nego, eu realmente parei para admirá-lo.

-JK? - falou com a voz grossa e baixa.

-Hum?

-Abre os olhos. - pediu.

-Uhum. - confirmei, mesmo não abrindo. Ele riu.

-Abre. - repetiu com o mesmo tom, agora próximo a minha orelha.

Senti uma carga passando por todo o meu corpo, e então abri os olhos devagar. Ele estava ali. Perto o suficiente para que eu sentisse sua respiração no meu rosto. Nossos olhos se encontraram, um encontro demorado, como quem busca algo. Senti a mão esquerda dele chegando próximo ao meu rosto, acariciando o caminho da minha bochecha até minha orelha, descendo pela minha mandíbula. Eu quis repousar meu rosto ali, mas antes disso eu desci meu olhar para sua boca. Era medo? O que eu sentia era medo? Bem, talvez a adrenalina da situação tenha feito o medo desaparecer. O puxei pra mais perto, passando meu braço por suas costas. A mão que me acariciava agora segurava meu rosto, enquanto aqueles olhos sensuais pediam autorização.



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