LAST CHRISTMAS [CONTO DE NATAL]

Capítulo 1 🎄

"Last Christmas I gave you my heart

But the very next day

You gave it away

This year, to save me from tears

I'll give it to someone special"

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— Você não pode ficar com essa cara amarrada a noite toda! — minha mãe reclamou enquanto eu terminava de ajudar a preparar a ceia de natal — É véspera de natal, toda a família que ver felicidade e risadas.

— Se querem isso deveriam ir ao circo.

— Helena! — ela balançava a cabeça de um lado para o outro em sinal de reprovação — Nossa família não tem culpa do que aconteceu no natal passado.

Ela tinha razão. Mas não deixaram o assunto morrer, e sempre que estavam rindo de alguma coisa no grupo da família, o assunto do meu término de natal aparecia. Minha tia Eva era sempre a primeira a lembrar.

Natal era uma época feliz, de harmonia e carinho entre a família, mas esse ano eu só queria que o Papai Noel levasse minha tia para bem longe e só devolvesse na Páscoa.

Foram inúmeras as vezes que minha tia tentou me rebaixar para toda a família com a intenção de se vangloriar pela filha mais nova que tinha se casado e estava grávida de gêmeos, e a filha mais velha que estava com um cara que ninguém falava sobre. O fato do meu namorado ter terminado comigo às 00:30 do dia 25 de dezembro, contribui muito para que ela me lembrasse sempre que possível que a minha vida amorosa não ia muito bem.

O pior, é que minha família não deixava isso passar. Parece que não adianta de nada ser uma empresária bem sucedida aos 26 anos e ter um apartamento na Flórida que eu uso em tempo integral já que me mudei para os Estados Unidos no começo do ano. Para todos os meus familiares o fato de não estar casada, nem com filhos e ter levado um pé na bunda na madrugada de natal, me torna uma fracassada.

— Só vim para cá esse ano por consideração a você e ao papai. Pelo menos a Carolina também vai estar aqui. — minha mãe parou de rechear o peru e ficou olhando para frente — O que foi?

— Nada.

— Mãe, o que foi que aconteceu?

Ela suspirou derrotada e me encarou.

— Sua irmã não vem esse ano.

Se eu tivesse tinta por perto teria desenhado um palhaço no meu rosto pelo grande papel de trouxa. Minha irmã não vinha para o natal. Desde que éramos adolescentes protegíamos uma a outra dos comentários maldosos dos nossos tios. Nunca passamos um natal separadas.

Quando aquele que não deve ser nomeado terminou comigo, Carol estava lá me abraçando e xingando ele.

— Quando você soube?

— Ela me ligou hoje de manhã. Apareceu um trabalho muito importante no dia 26 e ela não ia conseguir voltar a tempo se viesse passar o feriado com a gente. Eu esqueci de te passar o recado. Ela disse que mais tarde te ligaria.

— Não me contou por que sabia que eu iria embora.

— Você já tem 26 anos Helena, pode muito bem lidar com alguns parentes sem a sua irmã para ajudar. Pelo amor de Deus, você já é adulta.

— Tudo bem, mamãe. Mas se a tia Eva tentar me humilhar com aquele assunto eu vou tentar colocar esse peru onde o sol não bate.

Larguei a faca que estava usando e fui para o meu quarto. Procurei o contato da minha irmã e fiz uma chamada de vídeo. Passava um pouco das cinco da tarde em Amsterdã e quando ela atendeu percebi que estava em casa.