02. ... but also there is another one too.

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Ver Lysander indo embora, pelo que talvez fosse definitivo, fez o coração de Fred murchar.

Ele sempre achou exagerado como nos livros e nos filmes trouxas de romance - que a sua prima Rose obrigava ele e os outros primos a assistir nas férias que passavam na Toca quando mais novos - os apaixonados pareciam prestes a quase literalmente morrer de amor; tanto na alegria, em que os casais não se continham, como na tristeza, sempre retratada como algo paralisante.

Os dois extremos pareciam irreais demais. Contudo, Fred sentiu-se exatamente como nos livros e nos filmes que tanto detestava.

Amou Lysander com todo o seu coração e ali, naquele momento, podia jurar que nunca sentira tamanha dor.

Se fosse tentar começar a mensurar, talvez precisasse incluir todas as quedas, os balaços e as trombadas que levou jogando quadribol durante todos aqueles anos e, mesmo assim, possivelmente não chegasse nem perto. Perder Lysander fora mais doloroso do que todos aqueles machucados juntos. E a ideia de que isso fosse humanamente possível o assustava. E o paralisava. Porque, quem sabe, o amor de sua vida estivesse indo embora para sempre e ele não poderia fazer nada. Por medo.

Era irônico Fred carregar o nome de alguém tão corajoso e pertencer à casa que era definida justamente por essa característica e agora ser tão covarde.

Mas nem sempre as coisas foram assim.

Fred sempre foi uma pessoa confiante e segura de si. Nada podia pará-lo. O mundo parecia pequeno demais para os sonhos dele e de James e, ao mesmo tempo, grande demais para que perdessem tempo não o explorando.

Por isso, Fred nunca dizia não a uma nova aventura. Perdeu a conta de quantas vezes ele e James deixaram os seus pais loucos de preocupação por terem saído para fazer algo que lhes desse na telha, sem roteiros, ou sem satisfações. Tinham grandes planos de, assim que se formassem, partirem em uma viagem de verdade, ao redor do mundo, e não somente a cidades próximas ou trilhas desconhecidas, como de costume.

Nada parecia impossível. Não com James ao seu lado, sendo o seu parceiro de aventuras e melhor amigo.

Ambos faziam absolutamente tudo juntos, desde pregar peças e deixar Minerva McGonagall de cabelos em pé, até fazerem os testes para o time de quadribol todos os anos.

Foi James quem entrou primeiro no time e, embora Fred tenha ficado decepcionado por não ter entrado, ficou extremamente feliz pelo amigo. No ano seguinte, fez o teste de novo e passou, não para a posição de batedor, que vinha tentando, mas sim para de artilheiro, lado a lado com James, que à época havia se tornado capitão. Não havia comparação entre eles ou competitividade, por mais que Hogwarts vivesse tentando estabelecer uma rivalidade entre ambos.

Eram lados da mesma moeda. Parceiros. Estavam juntos em mais uma de várias aventuras, vivendo o sonho de quando eram apenas dois moleques brincando no jardim da Toca com vassouras surradas.

Mas, então, um soco pareceu lhe atingir em cheio quando Fred ouviu de alguns jogadores que ele havia apenas entrado no time por ser primo de James e que, no fim das contas, Fred era apenas mediano.

Fred sabia que deveria ter encarado aquilo apenas como um comentário maldoso, mas... E se fosse verdade? E se James tivesse sido generoso demais nos elogios que concedeu a ele por pena? Aquilo mexeu com a sua cabeça mais do que ele gostaria, afetando diretamente o seu desempenho. Não desejando falhar e querendo provar o seu valor, independente de seu vínculo com James e seu sobrenome, Fred passou a treinar sozinho.

E foi em uma dessas ocasiões, que Fred interagiu verdadeiramente com Lysander além dos encontros familiares dos Weasley e agregados que por vezes ele e os Scamander apareciam.

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