Capítulo Único

247 31 1
                                    


 A noite de natal sempre foi uma noite especial para a família Senju. Independente dos dias conflituosos em que viviam em constantes lutas, o natal sempre era comemorado. Megumi Senju, a bela kunoichi de cabelos claros como a neve fazia questão de enfeitar cada centímetro da casa Senju. As cores traziam alegria, e o desejo da paz aflorava ainda mais no coração do pequeno Hashirama, que transmitia o sentimento a Tobirama e Kawarama. A troca de presentes era o momento mágico, assim como a ceia natalina, a mesa farta que reunia todos os Senjus da base onde moravam.

Mas aquele ano, não haveria cor, não haveria ceia, não haveria as histórias natalinas e nem as trocas de presentes. Haveria apenas a saudade que Megumi Senju deixou no coração de seus filhos, ao partir.

Não partiu apenas para outra vila ou outra nação, outro clã. Ela partiu de suas vidas e aquela data nunca mais seria a mesma.

Tobirama correu. Era tudo o que ele fazia naquele momento, não importou-se com a neve abaixo de sua sandália, não se importou com a roupa inapropriada para o clima que utilizava, quando saiu vestiu sua armadura sobre uma fina camisa de manga comprida e uma calça de moletom, mas ele apenas não se importou. Como queria o abraço de Megumi. Jamais imaginou que um dia ficaria sem a sua protetora. Tobirama nunca se viu em um natal que fosse sem a mulher que lhe dera a vida que era semelhante a si em grande parte da aparência, desde a pele clara, aos cabelos.

As lágrimas cobriam-lhe o rosto, e o vento cortante da noite congelava sua pele alva e seus pés não paravam. Tobirama não queria ficar em casa naquela noite, Butsuma estava no campo de batalha, mais uma vez contra os Uchihas. Hashirama estava com seu pai, enquanto os mais novos estavam na base Senju, para onde Tobirama deveria ter voltado, mas não foi onde seus pés o levaram.

Ele correu, e correu para longe da batalha quando Hashirama o mandou fazer isso. O mais velho viu que o irmão não estava em condições de lutar quando percebeu que tinha que se concentrar em suas próprias batalhas e nas batalhas do irmão, ao defender Tobirama uma... duas...três..quatro vezes e na quinta ele mandou o irmão afastar-se do campo.

Era o primeiro natal, em campo de batalha, mas acima de tudo...

Era o primeiro natal sem sua mãe, que partiu ao dar a luz a Itama no início daquele ano.

Assim como Hashirama sempre foi apegado ao pai. Tobirama sempre foi mais apegado a Megumi, e ele sabia que o irmão apesar de se mostrar forte estava em pedaços por dentro naquele campo, mas Tobirama estava despedaçado, destruído, o sentimento que apertava seu peito era sufocante. Ele apenas queria poder abraçar sua mãe mais uma vez, mas sabia que isso nunca mais seria possível. Ele sabia, e isso o deixava ainda mais devastado.

Se pudesse trazer os mortos de volta algum dia...

Os pés do albino pararam ao chegar em uma clareira na floresta que estava coberta pela grossa camada de neve. O lago que havia no centro da mesma estava congelado ele caminhou agora perto de uma árvore e sem se importar com a temperatura do chão sentou-se sobre a neve, uniu suas pernas junto ao peito a abraçando-as e afundando o rosto nos joelhos ele deixou as lágrimas rolarem livremente por seu rosto e por longos minutos permaneceu ali.

- - -

Izuna passava a mão sobre os fios negros medianos em sua cabeça. Pensando se demoraria muito para crescer. Pois quando estivessem maiores os fios fariam o trabalho do cachecol que colocou em volta do pescoço, sentindo-se mais aquecido, pegou uma touca jogada sobre seu futon e a colocou e o mesmo fez com um par de luvas de couro. No cinto sobre suas vestes ele colocou a katana que era grande demais para suas pequenas mãos, mas que sabia usá-la tão bem.

Pegadas na NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora