capitulo dois.

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Pelas próximas noites, Will acordava por conta da insônia e se deitava na cama de Nico. Virou um costume tão cotidiano que já não o perguntava se poderia deitar ao seu lado. Ele não o abraçava igual na primeira noite, somente quando fazia muito frio. Solace não queria parecer evasivo ou mal intencionado. Mas, quando fazia frio, a sensação de abraçar o corpo pequeno de Nico era tão aconchegante e tranquila, que as noites geladas viraram suas preferidas. di Angelo não se importava com Solace em sua cama, próximo a si, gostava do sentimento de companhia. Nico começou a dormir em paz ao lado de alguém, talvez seu grande problema seje apenas solidão, e tudo o que ele precisasse fosse de um corpo ao lado do seu para lhe fazer companhia.

Will se atraia cada vez mais por Nico, e não demorou muito até perceber o quanto queria toca-lo. Este ato era tão repreendido por Will que ele tentava não pensar nisso. Mas, ao ver aquela boca, vermelha e com um cigarro entre os finos lábios — sorrindo de lado ou sussurrando alguma coisa — ele só pensava em te-lo para si. Por outro lado, Nico não tinha este tipo de pensamento intenso sobre Solace. Havia, sim, pensado em toca-lo. Em ficar com ele mesmo que seja uma noite apenas, mas era um desejo que não o aprisionava tanto como acontecia com Will. Para Nico, a naturalidade de querer outra pessoa não havia complexidade. Solace já via tudo por um lado mais complicado, mais difícil de lidar. Não era algo que martelava sua cabeça igual era com Solace.

Nico não gostava da ideia de relacionamentos — não a abolia, apenas não pensava muito nisso. Ele já transara com alguns caras dentro do quartel, alguns desses até ja sairam da escola militar, outros ainda estavam la, em outro setor. Alguns dos internos ja deram em cima de Will, e Nico até ficara — bem no fundo— enciumado. Talvez pelo fato de ter criado uma amizade com o garoto e não querer perde-lo de vista, mas, de qualquer forma, Will era muito distraido para se dar conta de que alguem flertava com ele.

Os dias se passaram e Solace até se acostumou com o gosto do cigarro. Nico o pedia tanto para fumar com ele que acabou aceitando em alguns momentos — apesar de ainda ter receio. Nico só fumava cigarro com essência de menta. A fumaça era escura como seus olhos. As vezes, os dois iam ver o por do sol após os treinos ou aulas cansativas. Eles contavam quanto tempo demorava até escurecer por completo.

Eram duas pessoas totalmente diferentes.

Mas, eles tinham uma coisa em comum.

O por do sol que eles viam era o mesmo.

Nos fins de semana, eles poderiam sair. Will ficava geralmente no quartel, lendo ou estudando para as provas. Nico saia para festas ciganas, bares ou algo do tipo. Não era muito de se socializar com o mesmo grupo por muito tempo, mas curtia boates e lugares com música, de conhecer pessoas e saber que nunca mais as vera na vida. Lhe dava uma sensação de liberdade. Em um fim de semana, cerca de dois meses depois de Will ter chegado ao quartel, Nico o levou consigo. O loiro negou e negou, dizendo que não queria ir nessas festas moribundas, mas ele acabou indo, de qualquer forma. Eles poderiam sair na sexta após os treinos e ficar fora até domingo, ás 23 horas em ponto. Os dois sairam sábado a tarde, e Nico pretendia voltar antes da madrugada. Ele próprio costumava dormir em um hotel, mas não sabia se Solace aceitaria.

A noite foi incrível. Nico o levou a bares, festivais, festas de teatro e shows aberto ao publico. Will ouviu pessoas tocar ao vivo, casais e amigos dançando juntos pela rua, crianças correndo uma atrás da outra. Foram em uma galeria de arte, se sentaram na calçada em frente a entrada e dividiram uma garrafa de vinho barato, enquanto Nico fumava seu cigarro com essência de menta. Cantaram em praça publica, como dois bêbados alucinados. Quase pularam no lago da cidade, mas ele estava fechado. Mais a noite, pararam em uma pequena casa de festas, com open bar e comida a vontade. Nico já estava meio tonto naquela hora, sorrindo mais que o comum, feliz com a vida e se sentindo vivo. Will segurou a mão de Nico e o arrastou para uma mesa vazia. Quando se sentaram, não soltaram as mãos. Nico apertou um pouco mais forte os dedos, encarou as mãos e se concentrou nelas.

Insônia - SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora