capítulo cinco.

87 5 4
                                    

— Bom dia, raio de sol — falou Nico. O cigarro em seus lábios e o corpo debruçado na janela fizeram Will ter um pequeno choque de realidade.

Havia tido uma noite bem intima com di Angelo. Ele havia se exposto muito, demonstrado sentimentos que eram apenas seus, pensamentos que eram só dele, e agora eram os de Nico também. Se lembrou do moreno dando banho em si, cuidando dele até se sentir melhor. Se lembrou da sensação de vulnerabilidade, de receio, como se fosse uma criança perdida.

Will não era uma criança, mas estava perdido.

Também lembrou da sensação de liberdade perto dele, de imponência, e se lembrou do sentimento de estar apaixonado. Sim, ele estava apaixonado por Nico.

Se sentou na cama e sentiu sua cabeça latejar, com uma cara de dor.

— Você bebeu demais ontem, Will. Toma um remédio — Nico o jogou uma cartela de analgésicos — Eu fui em uma farmácia aqui no quarteirão, comprei pra você.

— Não precisava...

— Pela sua cara de dor, precisava sim.

Nico riu e poscou para ele, logo prosseguiu: 

— Tudo bem, Will. É normal encher a cara nesse tipo de lugar. Só... descansa um pouco. 

   •


— Você está estranho — disse Nico, enquanto os dois se sentavam no chão na biblioteca.  

Ele estava estranho. Desde que Will assumiu para si mesmo sua paixão por Nico — mesmo que não fosse intensa — não sabia como agir perto dele. Seu corpo travava e sua voz saia de forma distante, meio errada. Não conseguia mais ve-lo sem camisa nos treinos e não ficar vermelho, ou ter pensamentos bem mais pevertidos do que antes. Will não conseguia não beija-lo, mas precisava se controlar para não parecer meloso e grudendo demais. Nico, por outro lado, continuava da mesma forma. Estava relaxado, apoiado na estante de livros atrás de si e um pirulito na boca.

— Eu não estou estranho. Só to cansado...

— Cansado? — ele riu, sabendo que era mentira

— Eu não funciono muito bem quando durmo mal.

— Você dorme mal todos os dias, e nem por isso fica estranho.

— Eu to de mal humor.

— Por que? — ele riu mais ainda, e algo se acendeu dentro de Will — Pensei que William Solace não ficava de mal humor...

Ele deu um leve soco no ombro de Nico, que se arrastou até seu lado. Agora não estavam um na frenre do outro. Estavam lado a lado. Di Angelo deitou a cabeça em seu ombro e riu:

— Fala logo. O que rolou?

— Eu não sei. Só não estou em um dia bom — ter Nico apoiado em si era uma sensação boa, algo parecido com se sentir invencível. 

— Certeza que é só isso? — ele perguntou

— Sim. Certeza.

Nico levantou o rosto, ainda apoiado em seu ombro, e o olhou por um tempo. Will sentiu um frio na barriga, e aquele algo que se acendeu dentro de si — fraco, parecido com uma chama — se tornou um incêndio.

Will virou o rosto de Nico e beijou seus lábios, que sorriu, parecendo preocupado.

— Eu ainda acho que você esta estranho. 

— Eu já disse que estou bem — ele o abraçou de lado, para reforcar suas palavras e passar uma sensação de moral, como se ele soubesse do que estava falando.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 02, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Insônia - SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora