cap 1. Academia St. Marriet

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Maya encarava os raios de sol da manhã que adentravam pelas frestas das folhas das enormes árvores que se erguiam dos dois lados da estrada de asfalto. O Sr. Montana dirigia à uma velocidade segura, mantendo os dois olhos na estrada enquanto sorria de alguma piada que a sua esposa, a Sra. Montana, havia acabado de falar.

Maya encolheu-se contra o banco de couro macio do Range Rover que o seu pai havia acabado de comprar, suspirando tão profundamente que ela sentia os seus pulmões doerem.

— Querida! — a Sra. Montana chamou a sua atenção — Ouviu o que dissemos?

— Desculpa, mãe — disse Maya, retirando os fones de ouvido — Pode falar de novo? Eu estava escutando música.

Maya escutava "About A Girl" do Nirvana, uma das suas músicas favoritas. Ela crescera escutando o old rock dos anos 70 aos 90 por influência do seu pai, e por isso era extremamente reconfortante escutar aquelas músicas novamente quando ela estava em uma situação desconfortável.

— Esse lugar não é lindo? — perguntou a Sra. Montana, apontando para o enorme arvoredo que engolia a estrada — Nada de areia, nem cheiro de peixe. Só ar puro e folhas verdinhas.

— Isso é um trocadilho para  "maconha"? — perguntou Maya, sorrindo de forma divertida.

O Sr. e a Sra. Montana gargalharam em uníssono. Não era novidade para ninguém que Andrew e Martha Montana foram dois adolescentes apaixonados que gostavam de sair por aí, fumando o velho beck e surfando como se não houvesse amanhã. Maya adorava as histórias que os pais contavam sobre a época em que os dois possuíam a idade da filha, de como eles costumavam aprontar pela ilha como duas crianças e sempre acabavam se metendo em problemas.

Apesar de serem kooks por nome e dinheiro, os dois possuíam a alma e essência de pogues. E isso era algo que Maya adorava nos pais.

— Já estamos velhos demais pra isso — disse o Sr. Montana, dando de ombros.

— Fale por você, eu não estou velha! — exclamou a Sra. Montana, dando de ombros e abaixando os óculos escuros para dar uma piscadela na direção de Maya.

Maya continuava a sorrir, sentindo uma sensação de nervosismo tomar o seu corpo. A Sra. Montana pareceu perceber a ansiedade da filha, e agarrou as suas mãos de forma gentil.

— Querida, está tudo bem! — disse a Sra. Montana — A Academia St. Marriet é a melhor do estado. Você vai fazer boas amizades lá, eu tenho certeza! Eu e seu pai estudamos lá por boa parte do nosso ensino médio, e todas as pessoas que conhecemos lá são nossos amigos até hoje.

— Eu gostava da antiga escola — choramingou Maya — Eu sinto saudade dos meninos.

Os meninos. O seu grupo de amigos fiéis que a acompanhavam desde pequena. JJ Maybank; John B. Routhledge; Pope Heyward e Kiara Carrera. As únicas pessoas que ela realmente confiava para fazer qualquer coisa nessa terra, até mesmo para cometer um crime.

— Eu sei, querida. — disse a Sra. Montana de forma gentil — Mas essa é uma oportunidade de conhecer novas pessoas. Quem sabe até um namorado ou namorada, hein?

— Fala sério, mãe! — disse Maya, um sorriso em seu rosto — Eu só quero terminar o semestre logo, só isso. Nada de namorados ou namoradas.

A Sra. Montana sorriu. Ela já devia estar acostumada a ouvir aquela frase ecoar para fora dos lábios de Maya o tempo todo, apesar de parecer não acreditar tanto assim nas palavras da filha.

— É por causa do jovem Maybank? — perguntou a Sra. Montana, com um olhar travesso.

— Mãe! — exclamou Maya, gargalhando — Não, não tem nada haver com ele.

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