cap 2. Dormitório 505

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Maya deixou a respiração que segurava em seus pulmões se esvair pelas narinas antes de levar as mãos para bater na porta de madeira. Ela bateu gentilmente algumas vezes, tentando ouvir atentamente qualquer barulho que pudesse indicar que alguém estava dentro do quarto.

Um soar de passos rápidos ecoou do outro lado da porta, e em poucos minutos, uma garota de longos cabelos loiros encarava Maya com um sorriso e um olhar confuso.

— Pois não? — perguntou a garota loira, arqueando as suas sobrancelhas grossas com a pergunta — Posso ajudar?

Maya a encarou por alguns instantes, se perguntando como alguém poderia ter tanta beleza que combinasse em perfeita harmonia em um só rosto. Os olhos da garota eram grandes, e terminavam em uma longa linha em direção às extremidades do seu rosto; seu nariz era perfeitamente fino, e brilhava com o pó iluminador que ela deveria estar usando; seus lábios tinham um perfeito formato de um arco cor de rosa, que se curvava em um sorriso gentil. A garota parecia um gato que havia tomado a forma humana.

— Sim — disse Maya depois de alguns minutos — Eu sou Maya Montana. Me disseram que eu poderia dormir aqui durante o semestre.

A garota loira franziu as sobrancelhas. Pela sua expressão, ela não deveria estar esperando por Maya.

— Você é nova aqui, não é? — perguntou a garota.

— É tão perceptível assim? — perguntou Maya com um sorriso divertido.

— É que eu nunca vi ninguém com o seu nome na nossa turma no ano passado — disse a garota, abrindo a porta para que Maya pudesse entrar — Vem.

Maya agradeceu com um aceno de cabeça, empurrando as suas malas com a ponta dos pés. A garota loira abriu mais espaço, fechando a porta atrás de Maya quando ela adentrou a sala do dormitório.

Rose Cameron tinha razão sobre o dormitório 505. Maya olhou ao redor boquiaberta, admirando o espaço. A sala era grande o suficiente para uma festa com mais outros 30 alunos; uma janela enorme ao lado do sofá de camurça exibia uma vista perfeita do campos e do lago além das propriedades; uma porta levava ao corredor, que levava até os outros cômodos que deveriam ser igualmente grandes; as paredes eram decoradas com murais de fotografias de um grupo de garotas em diversos lugares: festas da escola; campeonatos de futebol; praia. Prateleiras de madeira se erguiam ao lado das fotos, sobre as quais estavam copos com o slogan de times de futebol e alguns adereços de decoração.

— O que achou? — perguntou a garota loira, que parecia satisfeita consigo mesma — Sabe, foi uma dor de cabeça colocar tudo em ordem por aqui, principalmente quando se vive com uma pessoa igual a Zayra.

— Zayra? — perguntou Maya.

— Não consegue passar 10 minutos sem falar mal de mim pra outras pessoas? — uma garota de pele escura apareceu no corredor — Só pode ser obcecada por mim.

A garota era bem mais alta que Sarah e Maya, e esguia como uma modelo; suas longas tranças escuras possuíam algumas mechas tingidas de roxo e prata, e estavam bem presas no formato de uma coroa no topo de sua cabeça, com algumas pontas caindo sobre seus ombros; usava uma calça escura larga que esvoaça a cada passo e exibia o cano de sua bota de couro; seu blazer preto com listras roxas acentuava sua estrutura óssea, dando-lhe uma estética quase etérea.

A garota parou no meio da sala, olhando para Maya da cabeça aos pés por cima de seus óculos escuros. Sua expressão era intimidadora, e sua linguagem corporal passava tanta confiança que Maya quase recuou.

— Maya, essa é Zayra Davis. — disse Sarah — Somos colegas de quarto desde o primeiro ano.

— Maya Montana. — disse Maya, da forma mais educada a qual fora ensinada — É um prazer.

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