Boca Rosa, olha só

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Ainda era início de Dezembro, Bianca mal havia entrado de férias e já tinha assistido todos os filmes de Natal disponíveis nos serviços streaming. Jogada de qualquer jeito em frente a TV, já estava cansada de procurar alguma coisa que pudesse matar o tédio. Largou o controle de lado e tateou o sofá, em busca do celular.

Quando não o encontrou, percebeu Luete deitada exatamente em cima de onde havia deixado o aparelho, então modificou a voz para falar com a gata.

– Luete, minha filha, com licença. Com liceeeeença – a gata resmungou um pouco ao sentir-se ser levemente empurrada, mas se levantou e caminhou majestosamente até onde os outros gatos estavam deitados.

Bianca desbloqueou a tela do celular se dando conta de que não havia nenhuma notificação interessante. Mas como queria, de qualquer maneira, papear com alguém, abriu a conversa com a melhor amiga e tocou na chamada de vídeo.

Marcela parecia ofegante quando finalmente atendeu depois de vários toques.

Oi... amiga...

– Eita, espero não ter interrompido nada.

Quê?!... Não! – riu quando se deu conta do que Bianca queria dizer. – Não, não, a Lu tá aqui oh... – virou o celular para a namorada, que estava sentada no chão, em volta de várias malas abertas.

– Colé, Boca Rosa?!

– Ela insiste em me chamar assim, né?

– Ela só acredita no seu potencial, como eu também e como você devia acreditar.

– É... – suspirou e depois perguntou para desviar o assunto: – Então, o que vocês tão fazendo?

– Arrumando as malas pra viagem.

– Hum... e onde vai ser a lua de mel das pombinhas?

Marcela riu antes de responder:

– Não é lua de mel. A Lu vai cantar no rodeio de Jaguariúna.

– Ah, que pena... – falou, mas só percebeu o significado de suas palavras quando viu a expressão confusa de Marcela. Então, se apressou em reparar o erro. – Não! Quer dizer, não é isso. Eu tenho certeza que é super divertido e é ótimo pro trabalho da Lu, mas é que eu ia chamar vocês pra fazer alguma coisa no final de semana. Tô no maior tédio, mas, bom... fica pra depois.

Ué, vem com a gente – a loira falou expressando obviedade.

– Pra Jaguariúna? Amanhã? Hum... acho que vou dispensar.

Ah não Bia, vem. Vai ser legal, a festa lá é muito boa.

– Eu não curto muito sertanejo. Acho as músicas meio bregas.

Eu tô me sentindo particularmente ofendida! – Luiza gritou ao fundo.

– As suas eu gosto, Lu! – Respondeu, depois voltou-se para Marcela. – Além disso, "vai ser legal" é a frase que todo casal usa quando tem um amigo otário pra ficar de vela.

– Você não vai ficar de vela. Tem muita gente pra você conhecer e pegar lá no rodeio.

– Essa boquinha aqui não encosta mais em macho e o meio sertanejo só tem mulher hétero.

Sério, Boca Rosa, cê tá me ofendendo! – Outra vez foi possível escutar o grito de Luiza.

Novamente Marcela riu antes de responder:

– Realmente você não sabe nada do mundo sertanejo, né? O que mais tem é bi de Vila Mix. Eu mesmo conheço várias que vão tá lá pra te apresentar.

A Princesinha do Rodeio- Secret Santa RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora