Is not safe

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POV Zayn

A cabeça da morena pendia em meus braços enquanto eu caminhava pelas ruas desertas de Ames. Eu não sabia onde ela morava, mas precisava pelo menos tirá-la da frente do bar, ela não podia ficar exposta daquela forma. E a julgar por suas roupas, a garota era de família importante e rica.

Parei em uma rua escura, então me sentando no chão com a garota em meu colo. Eu tinha que acordá-la para saber onde morava. Comecei a sacudi-la até que ela começasse a abrir os olhos.

— Hum... Olá — abri um sorriso fraco, tentando não parecer muito estranho. Ela tentava se manter acordada, mas não parecia conseguir. — Onde você mora? Vou te levar pra casa.

— Hum? — resmungou. — Eu não te conheço — falou com a voz arrastada.

— Nem eu, mas você precisa ir para casa, não é seguro dormir na rua.

— Você não me conhece? — ela fechou os olhos, dando uma risada. — Isso é novidade.

— Por que eu deveria? — levantei uma sobrancelha, sentindo meu braço doer quando ela se inclinou para trás.

— Achei que todos conhecessem a filha do prefeito — ela deu mais uma risada. — Zoe Mitchell, a princesinha da cidade, muito prazer.

— Oh... Desculpe, eu cheguei à cidade pela manhã.

— Hmmm, você não me é estranho.

— Tenho certeza que não — dei uma pequena risada, divertindo-me com a garota bêbada.

— Ei, você não é aquele assassino?

— Eu respondo se você me disser aonde mora.

— Pensa na maior casa de Ames, você deve saber onde é.

— É, eu sei — suspirei, levantando-me e pegando a garota no colo novamente. — Respondendo sua pergunta, eu não sou um assassino. Você não pode acreditar em tudo o que lê, sabia?

— Assassino ou não, você é sexy... Zayn. É Zayn, não é?

— Sim, é isso mesmo. E você não deveria falar isso para estranhos. Tem quantos anos?

— Dezessete, e não me diga o que fazer, não preciso de outra pessoa assim na minha vida.

— Não se preocupe, não iremos nos falar depois de hoje. Até porque eu acredito que o prefeito nunca deixaria a filhinha querida se aproximar de um possível assassino.

— Mas você disse que não matou ninguém — resmungou. — E você é realmente sexy, Zayn. Por que não me leva para sua casa ao invés de ir para a minha?

— Tome cuidado, Zoe, você não pode confiar em todo mundo. E mesmo que eu não tenha matado ninguém, você não tem motivos para acreditar em mim. Ninguém acredita.

— Eu estou dizendo que acredito — insistiu, passando as mãos por meu pescoço. — E eu falo sério sobre irmos para sua casa.

— Também estou falando sério sobre nunca mais nos falarmos, e eu sugiro que não tente, pode ser pior para você.

— Só por que as pessoas não gostam de você?

— Não. Porque você é alguém muito importante para andar com pessoas como eu.

— Ah, claro — Zoe revirou os olhos. — E o que eu faço quando te ver pela rua?

— Isso não deve acontecer com muita frequência. E, mesmo que aconteça, é melhor fingir que não me conhece. Minha namorada tinha sua idade quando foi assassinada, as pessoas iriam dizer coisas horríveis se fôssemos vistos juntos.

— Eu não me importo.

— Só está dizendo isso porque está bêbada.

— Você não me conhece, Zayn.

— E é pro seu próprio bem que digo que não quero conhecer. Só estou te levando para casa porque não podia deixá-la jogada na rua. Já que você acredita em mim, deve concordar que seria perigoso com um assassino por aí.

— Claro — ela bocejou. — Mas ainda te acho atraente.

— E eu ainda acho que você devia parar de falar besteira — revirei os olhos. — Acho que chegamos.

— É, parece que sim — ela deu uma olhada para a grande casa em nossa frente. — Obrigada pela carona — ironizou. — Seus braços são o meio de transporte mais confortável que eu já andei.

— Seu pai sabe que você é assim? — soltei uma risada pelo nariz.

— Ele não precisa — Zoe deu de ombros, logo em seguida a coloquei no chão, tomando cuidado para que ela não caísse. — Pelo menos agora eu já posso dizer que conheço um suspeito de assassinato.

— Não é algo legal de se dizer.

— Pra você — ela deu de ombros. — Boa noite, Zayn.

— Boa noite, Zoe.

Observei enquanto ela cambaleava até a porta e tentava achar as chaves dentro de sua bolsa. Pelo menos cinco minutos depois, Zoe já estava dentro de casa, em segurança.

Em uma cidade tão pequena quanto Ames, é normal que o prefeito e sua família sejam vistos em qualquer lugar, como pessoas normais. A população não fazia questão de distingui-los apenas por sua posição e conta bancária. As pessoas da cidade convivam todas como uma grande família, uma família da qual eu costumava fazer parte, mas agora eu era apenas alguém que ninguém gostaria de acolher.

Andei rapidamente até minha antiga casa, entrando e nem me dando o trabalho de ligar as luzes. Fui direto para a cama, onde adormeci até que o dia começasse a amanhecer.

Era normal que eu não conseguisse dormir, isso acontecia sempre desde que tudo aconteceu. Quando eu não era atormentado pelos pesadelos horríveis, acordava rapidamente por medo de tê-los. Eu tentava me manter como a pessoa mais tranquila que eu podia ser, porém era tudo apenas uma fachada.

Naquela manhã, enquanto a cidade ainda dormia, fui ao lugar que nunca me deixaram aproximar. O corpo de Samantha havia sido enterrado e sua família me proibiu de visitar o túmulo. Até onde eu sabia, seus pais e sua irmã mais nova haviam ido embora da cidade poucos meses após o assassinato, por isso eu não estava com medo de ir até lá. Pelo menos não medo deles.

Enquanto eu me aproximava do cemitério, podia sentir todo o meu corpo se arrepiando e minha garganta se fechando. Eu queria ter feito alguma coisa, queria não ter aceitado ir até aquele lago naquela noite. Eu deveria tê-la impedido de invadir a fazenda. Minha única culpa era de não ter conseguido evitar o que aconteceu naquela noite.

Quando finalmente achei o túmulo de Sam, meu coração se apertou e não pude evitar as lágrimas que vieram em seguida. Ajoelhei-me em frente à simples lápide, onde a foto preferida de Samantha estava.

“Samantha Lynn Campbell, 1995 – 2012. Amada filha e amiga.”

Deixei a rosa vermelha que havia levado em frente à lápide, então apenas fiquei ali por mais algum tempo, pensando em todos os dias em que passamos juntos, todos os momentos felizes que tivemos naquela cidade pacata. Sam levava alegria a onde quer que ela fosse, porque ela era simplesmente assim, alegre. 

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