Passamos a nos arriscar, eu fiz ele se arriscar na verdade. Às vezes o beijava em momentos que pareciam impossíveis. Ele me tocava em cômodos da casa inusitados. Eu nunca entendi essa de sempre me trocarem de quarto, afinal, eu nunca vou escapar de nenhum. Mesmo estando com medo, ele acabava por me trazer proteção mesmo quando achava que não podia me sentir seguro.
Ao cair da noite - dedução minha - eu o esperei para trazer minha comida, era sempre ele mesmo. O tal do 14 nunca mais apareceu e eu não ouvi sua voz desde aquele dia.
O curioso era, se ele pretende me matar, o que era óbvio, por quê não o faz logo?
Ainda vendado e com sede, ouvi um barulho altamente estrondoso lá fora, nada como um tiro, apenas móveis se quebrando. Uma gritaria e muitos xingamentos pesados. Parece que se desentenderam.
Na noite em questão, ninguém trouxe comida pra mim e nem água, eu apenas adormeci naquela cadeira desconfortável.
(...)
— Acorda! - Fui abordado com tapinhas na cara dadas pelo cara babaca. Minha venda já tinha sido tirada, parece que eles não tinham problemas em mostrar as aparências.
— Bela adormecida tá esperando um beijinho é? - Idiota como sempre. Mesmo assim eu não dizia nada, nada que pudesse me prejudicar o que faria com que meu sequestrador se metesse e logo em seguida ele seria prejudicado.
Me desamarrou me puxando com força da cadeira. Fraco por conta dos dias sem comida, cai no chão soltando um breve grunhido. Ele passou a me arrastar pela camisa. Até ser impedido por alguém.
— Se 14 ver isso ele não vai gostar - Uma voz feminina, quem diria. Quase fiquei de joelhos tentando levantar mas não conseguia.
— Acho que ele não se importaria - Indagou sorridente. Eu já olhava pra cima procurando encarar os dois. Minha vista estava turva, embaçada. Eu estava realmente fraco.
— Olha como ele está! Só tô querendo dizer que 14 não vai gostar de ver a mercadoria esfarrapada - Ele bufou soltando a gola da minha camisa. Caí no chão sentindo o impacto do piso de madeira. Mercadoria?
— Que porra tá acontecendo aqui? - Era ele.
— Sua namoradinha tá preocupada com a saúde do refém. Eu não dou a mínima, se virem! - Saiu, não sem antes chutar minhas costas sem muita força e fingindo não ser proposital. que merda aquele cara tá falando?
— Da um jeito nele, vou até a cidade comprar o necessário - Ele disse indo embora.
Depois de me ajudar a tomar banho, ela me deu comida e água antes de me levar pro quarto de cima novamente. Eu não entendia isso. Na verdade não entendia nada.
Depois de amarrado, finalmente voltei a queimar neurônios pesando em algo inteligente o bastante que ligasse tudo que está acontecendo. A conversa de dias atrás não saía da minha mente, se meu pai tirou a felicidade de 14(obviamente se referindo a uma pessoa) nada mais justo do que ele tirar o filho único de seu inimigo. Mas por que meu pai faria isso?
Não importa o quanto eu pense as peças nunca se encaixavam. Há algo maior por trás disso tudo.
A porta do quarto foi aberta, este que eu estava não tinha nenhuma câmera. Ele simplesmente entrou apressado e me beijou caindo por cima da cama. O beijei espantado e logo em seguida o afastei.
— Que isso? - Perguntei procurando regular minha respiração.
— Um beijo, não aguento mais esperar o dia todo pra poder te beijar - Foi sua resposta.
Ficamos em silêncio por um breve momento. Ele levou os braços pra de trás da cabeça e sorriu.
— Quem é ela ? - Me referi a garota de mais cedo.
— Uma amiga.
— Uma amiga próxima?
— Uma amiga qualquer - Seu sorriso desapareceu.
— Não mente pra mim - Pedi calmo.
— Não tenho a obrigação de te contar a verdade - Falou tranquilamente.
— Tem sim, isso é uma relação.
Ele começou a rir.
— Não é uma relação? - Perguntei.
— Longe de ser. Faço o que faço porque não quero te ver morrer, ou ver babacas como ele te torturando - Balançou a cabeça pra baixo.
— Então não temos nada? - Perguntei aparentando uma expressão triste.
— Não é óbvio? - Ele se levantou pra me beijar, coloquei minha mão em seu peito interrompendo. Me afastei virando de costas.
— Vai mudar de idéia, eu vou mostrar que ter uma relação com alguém como eu pode ser ruim - Virou meu rosto com força na direção do seu. O velho sequestrador bruto ainda existia dentro dele.
— Eu vou mostrar - Beijou meus lábios a força e com força, e saiu fechando a porta. Suspirei deixando uma lágrima escapar.
Que merda confusa era essa que eu estava vivendo?
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O Último Sequestro I Nosh 𝑣
FanfictionO que fazer quando se é sequestrado por um sádico psicopata? Adaptação Autorizada Por @Principe_Dos_Contos