Fernsby Abbey, Norfolk - 1813

- Você não pode fazer isso, Beatrice

- Observe então, Thomas. - Molho o biscoito no chá, depois levo a boca, levanto os olhos para meu irmão. - Isso é horrível

- Era de se esperar não. Aliás, o que estava tentando provar com isso

- Porque sempre pensa que estou tentando provar algo?. - As sobrancelhas dele se levanta, num ar interrogativo, levanto as mãos me rendendo. - Tudo bem, sempre estou fazendo isso. Aliás, quando você vai voltar para casa? Mamãe deve estar doida atrás de você, com uma debutante no encalço

- Tenho apenas 18 anos, acabei de entrar para universidade, que mulher quer alguém comigo? Sou praticamente uma criança, tenho muito o que viver

- Um conde solteiro, rico e bonito, o partidão da temporada? Realmente é bem difícil de imaginar alguém querendo isso

Me desvio do bolinho que ele joga, reviro os olhos, o que faz rir, então pergunta

- E seu bom partido, já deu notícias? Nenhuma carta desde que partiu?

- Sabe que não. Deve ser difícil mandar uma carta na situação que ele se encontra. Na verdade, não sei em que lugar do mundo está. Pode estar na linha de frente na Espanha, ou na França

Vejo que se levanta, senta ao meu lado, segura a minha mão

- Não deve ficar pensando nessas coisas. Vamos receber notícias dele, em breve. - Ele solta minha mão, pega um biscoito, come, fala ainda de boca cheia. - Nunca entendi porque ele se alistou para o exército, o que queria provar?

- Não tenho essa resposta. Talvez quisesse mostrar que era um homem

- Essa resposta não é boa, irmã, sabe disso. Ele poderia ser isso aqui

- Sabe que não é isso. Você é um herdeiro também, nunca se sentiu a vontade de lutar pelo país

- Na verdade não. Estou bem aqui. Não preciso sair para um lugar estrangeiro com uma pistola e espada para me sentir um homem, e ele deveria sentir o mesmo. Tem uma bela mulher em casa, três filhos e muitas responsabilidades como Duque, não deveria simplesmente ter virado as costas e fugido se tudo isso

- Meu irmão não fugiu de nada, senhor Sallow

Sabia muito bem de quem era aquela voz, dou um tapa na mão de Thomas, viro para a porta

- Claro que não querida. Perdoe a falta de tato do meu irmão. Quer se juntar a nos para o chá?. - Vejo seu breve momento de hesitação, então aceita, caminha até a mesa, e se senta na cadeira mais longe possível de Thomas. Olho de um para outro, mas meu olhar recai na minha cunhada. - As crianças descem em breve?

- Sim, só estão terminando de terminar a lição

Abro a boca para falar, mas uma batida na porta interrompe, o mordomo aparece, com uma carta

- Perdoe a interrupção, Vossa Graça, mas um mensageiro entregou essa missiva e disse que era urgente

- Não precisa se preocupar, Parker. Obrigada. Leve o mensageiro até a cozinha, e ofereça uma refeição

- Isso já foi feito, Vossa Graça

Ando até ele, pego a carta, vejo o envelope, era liso e branco, parecia comum. Abro, então começo a ler a mensagem

"É com grande pesar, que estamos informando o falecimento do honorável capitão Albert Christopher Fernsby, em decorrência dos seus serviços prestados ao exército britânico..."

Noto algumas lágrimas caindo pelo meu rosto, e alguém segurando meu braço, entrego a carta, saio correndo da sala em direção ao meu quarto, assim que chego, me tranco nele, e choro. Não conseguia acreditar que ele tinha morrido, não poderia ser verdade, ouço as batidas na porta, mas tudo que queria era ficar sozinha, e chorar por Albert, faço isso durante a noite toda. Assim que o sol aparece, lavo meu rosto, ajeito meu cabelo, abro a porta do quarto, e vejo meu irmão sentando em uma cadeira

- Passou a noite toda aqui?

- Imaginei que uma hora iria sair do quarto

- Bem, aqui estou

Vejo que se levanta, vem em minha direção, me abraça, beija minha testa, então fala

- Sabe que estou aqui, não? Para tudo que precisar. Mas mandei uma carta para mamãe ontem

- Você é um bom irmão. - Olho em direção ao quarto dos meus filhos, e da Sarah. - Como estão as crianças? Imagino que ainda não saibam, e Sarah? Como reagiu?

- Não, as crianças ainda não sabem, e Sarah sabe, não reagiu muito bem, mas já passou

Olho perdida para os corredores, depois para ele, dou um tapinha leve em seu rosto

- Tenho muito o que fazer, um velório, falar para as crianças, tudo... Não sei nem por onde começar

- Eu estou aqui, e em breve mamãe também, e vai falar tanto que se sentirá saudades do silêncio. - Ele nota meu sorriso pequeno, então fala. - Estamos do seu lado, não vai passar por isso sozinha, nenhum de vocês precisa enfrentar isso sozinho

- Eu te amo, Thomas. Pode ver se Sarah acordou? Preciso falar com ela, depois que falar com meus filhos

Ando pelos corredores, rumo ao quarto do meus filhos, para contar uma notícia que mudaria para sempre

Um amor para a duquesaOnde histórias criam vida. Descubra agora