Assim que saímos da água, sinto meus ossos se quebraram e minhas pernas voltarem.
Depois de anos se transformando, a dor passa a ser algo superficial. A primeira transformação é a que mais doi pois ela muda todos os seus ossos e depois muda de novo. Guardando dois esqueletos ósseos dentro de um só corpo.
Alec: temos que voltar para casa - murmura olhando o céu - ficamos muito tempo na água, daqui a pouco temos aula novamente.
Olho para ele desgostosa mas suspiro, conviver com os humanos está sendo mais difícil do que eu imagina.
Eu: não gostar escola - digo tentando não esquecer nenhuma palavra - humanos estranhos.
Alec: eu sei querida, no começo foi difícil para mim também, mas com o tempo e com esforço você vai conseguir - coloca a mão em meu ombro dando um aperto encorajador.
Uma das primeiras coisas que eu aprendi foi como identificar um toque amigo de um toque hostil.
Então não tenho problemas com toques, somente palavras e sentimentos.Eu: tá bom - começo a andar em direção a nossa casa, parando vez ou outra para olhar outros humano interagindo entre si.
Assim que chegamos em casa, vou para o meu quarto, que acho incrivelmente estranho se chamar assim, e visto uma roupa bonitinha.
Uma calça jeans Que aperta a minha calda humana e uma blusa que cobre meus seios, sem aquele pedaço de pano que aperta eles.Ando em direção a cozinha e espero Alec chegar, uns minutos depois ele desce e me olha de maneira estranha.
Alec: porque não colocou sutian Blue? - pergunta colocando a mão na cabeça e bagunçando os cabelos.
Olho para os meus seios e vejo as pequenas bolinhas aparecendo. Dou de ombros e volto a prestar atenção na vista que a janela me mostra.
Eu: ele aperta - digo simples.
Escuto Alec suspirar e resmungar alguma coisa enquanto sobe a escada.
As vezes acho que os humanos gostam de sentir dor, porque eles vestem umas coisas tão estranhas. Por mim eles andaram pelados e pronto!
Escuto Alec descer as escadas e em sua mão está o meu sutian, ele anda até mim, levanta meus braços e tira minha blusa. Ele passa as alças do sutian pelos meus ombros e o abotoa atrás de mim, rosno para ele e visto novamente minha blusa.
Eu: Alec - me afasto dele mechendo no pedaço de pano que aperta meus seios - Blue não gostar.
Alec: você não tem que gostar, tem que vestir - ri da minha cara assassina - agora vamos ou chegaremos atrasados.
Pego minha mochila com os papéis dentro e entro na lata de metal andante chamada de carro.
Encosto minha cabeça na porta e olho os vultos das árvores passarem. Esse mundo é tão grande e diferente, tem tantas línguas inúteis e tantas coisas sem sentido.
Queria voltar a andar pelos oceanos sem me preocupar em me esconder e aprender a falar.
Nós nos comunicamos através de sibilos e nossa canção, não temos todas essas variedades inúteis de línguas diferentes.
Alec: se prepare, estamos chegando- comenta enquanto vira em uma curva, dando vista para a escola.
Eu: machuca - aperto meus seios tentando fazer a dor passar.
Alec: eu sei, mas você precisar usar - bagunça meus cabelos e eu sibilo para ele.
Assim que Alec estaciona o carro, a multidão de sussurros e cochichos começam. As vezes acho os humanos muito burros, se fosse na água a sirena ou tritão que fizesse isso já estaria morto.
Alec desce do carro e eu suspiro tomando coragem e tentando buscar paciência dentro de mim, preferia estar nadando.
Desço também e sou saudada com cheiros e barulhos diferentes, buzinas soando, cochichos, beijos, telefone apitando, tudo isso me causa uma sensação inquietante.
Sinto o braço de Alec ser colocado em meus ombros e me encosto nele. Andamos até as mesas dispostas fora da escola e nos sentamos, começando a conversar sobre coisas aleatórias que de acordo com meu companheiro, iram me fazer melhorar na língua dos humanos.
Alec: o que você achou daquela menina que conversou com você ontem? - me olha interessado e curioso.
Penso um pouco e tento lembrar o que eu senti na hora, ela foi um pouco alegre demais mais eu gostei dela.
Eu: Blue gostar dela - sorrio para ele.
Alec: que bom, amigos são interessantes e te fazem feliz - olha ao redor até parar em um canto onde vários carros estão estacionados - acho que ela também gostou de você.
Eu: isso é bom - sorrio me sentindo feliz.
Vejo que o grupo de carros onde estávamos olhando abrem as portas e deles saem os humanos danificados.
A humana de ontem sai de um deles e acena freneticamente para mim. Viro a cabeça um pouco para o lado e levanto minha mão olhando para ela antes de acenar também.
Ela sorri para o humano que a acompanha e eu me viro de volta para Alec, que me olha com um sorriso estranho no rosto.
Alec: vocês vão se dar muito bem - cruza as mãos em cima da mesa e começa a me olhar intensamente.
Eu: Alec acasalar? - pergunto estranhando seu olhar.
Alec: não, só estou imaginando você agindo como uma humana normal - enfia a mão dentro da roupa e tira o aparelho que se chama celular, numa invenção bastante divertida dos humanos.
Sinto alguém se aproximando e rapidamente olho para o lado esquerdo, vendo a minha humana com as outras pessoas andando até nós.
Olho ela vindo e tento sorrir sem parecer um rosnado, nós só mostramos os dente para ameaçar ou dar um aviso.
Alice: olá Blue, como está o seu dia? O meu está muito bem - fala não me dando chance de responder - queria te apresentar meus irmãos - sorri animada. Ela vai falando os nomes e eu vou gravando suas imagens em minha memória, quando ela começa a apresentar os meninos meu olhar vai até um de cabelo loiro - e esse é jasper, solteiro e super disponível.
A olho confusa e ela parece não entender minha confusão. Sinto a mão de Alec me puxando e escuto seu sussurro no meu ouvido.
Alec: isso significa que ele está disponível para acasalar e formar uma família - solto um barulho em forma de entendimento e sorrio para o loiro. Seus olhos mostram um mar de sentimentos, principalmente a força e seu cheiro é bom, ele seria um bom macho para escolher viver ao seu lado.

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Sirena _ Crepúsculo
FanfictionBlue é uma sirena que acaba de sair do mar, em seu novo mundo, ela encontra um velho companheiro de cardume. Juntos eles se mudam para uma cidade de fim de mundo para fugir de quem os ameaça. Blue nunca experimentou um sentimento tão forte, quanto...